quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Romance Terra de Marataoan



CAPÍTULO 01

O sol com as últimas réstias de luz reinavam com supremacia nos ares da terra de marataoan. O astro rei se recolhia depois de deixar a platéia entediada e estarrecida com o dia ensolarado despedindo-se no entardecer.
- Ei vaca, vaca, vaca... Aboiava Raimundinho do João Tomaz.
O vaqueiro passava quase todo o dia na procura de água e pasto para o gado do senhor Florindo. O curral enxameando das reses que rodeavam formigando a ração vendida fiado pelo coronel Regilberto. Senhor Florindo na ansiedade de chegar bem depressa às chuvas e pagar pela ração comprado do dono da fazenda Paquetá e assim salvar as crias.
Dentro daquele enlevo, o vaqueiro Raimundinho do João Tomaz cuidava pouco a pouco no fim de tarde no encerramento do serviço do gado. Em pé do lado de dentro do balcão da quitanda, com um bule na mão, ouvindo as prosas dos fregueses, apesar dos berros de dona Mara Rúbia com a menina Ísis, senhor Florindo saboreava o café com goles lentos e o nariz sorvendo a fumaça enegrecida da lamparina:
- Nós só queremos um pedaçinho de terra, criatura! Dizia a caboclada.
Ele então se virava espantado, aturdido, ainda com um meio riso descobrindo a dentadura encardida e amarelada do fumo saci sempre mascado pelo quitandeiro:
- Isso, eu entendo.
- E essa falta de chuva!
- É seca, muita seca, seu Florindo!
Os dias do final de dezembro para inicio de janeiro a chuva não veio e assim o ano de 1982 seguia-se com as cenas descritas, o gado morto, o pasto seco com muito chão rachado e riachos secos. Desenhava-se o cenário triste da seca no interior de Barras.
Os interioranos no íntimo prenhes de insolência chegando alguns a praguejar contra Deus, outros se apiedando por misericórdia dele. Quanto às noites muito frias que ardiam no ventre desgosto do orvalho na pele nua durante as manhãs nevoentas do mês de outubro.
Quando durante o dia, o mato todo seco arremessava-se aos focos de queimadas sentindo o lamber do fogo, como um monstro asqueroso nas tardes olorosas de calor e queima das roças.  Alongando-se a visão até o mais longínquo infinito no espaço azul dos céus e esquadrinhá-lo que não se via uma nuvem cinzenta sequer carregada para regar as lágrimas do barrense sonhador. Muito dessas pessoas do interior de Barras destinava-se a morar na zona urbana com as promessas de melhorias. Pessoas que se obrigavam a conservar-se em casa convivendo com a seca duradoura ou partir para cidade deixando para trás o lar, as criações e tudo o que os faziam felizes naquele torrão natal.




sábado, 8 de outubro de 2011

ARTIGO

DEGREDISMO, uma tendência contemporânea de novos autores.
O Degredismo é uma tendência de novos autores nas artes barrenses é o supremo combustível empregado na literatura piauiense que retrata a carnaúba dos versos e o babaçu da prosa. É o poder gritar literário da prosa, da poesia, da literatura barrense na locomotiva piauiense da literatura. O degredismo é uma característica e um pedido de alívio contra a produção literária comercial, capitaneada pelo egocentrismo acadêmico, egocentrismo biográfico que teima em desconhecer os agentes contextuais como produto final de uma obra literária.
A característica degredista ironiza o pensando de um só contexto social em busca da dualidade contextual como produto final e literário. O nativismo contextual é uma ridícula verdade na produção poética ou prosaica e essa verdade não é construída total e sim incompreendida no todo. O degredismo é uma tendência aberta a si mesma, e fácil de pensá-la. (Senti-la ninguém pode.).
Uma obra literária degredista é sempre composta de dois contextos sociais que compõem sua essência. O autor degredista sente o contexto social alheio as suas vivências e faz uso dele em detrimento do outro. O degredismo é a compreensão da interferência de dois contextos sociais na composição e produção de uma obra literária.
A obra degredista é um sonho dentro de dois sonhos confrangido pelo contexto social vigente do autor/obra no tempo/espaço. O teor da construção literária do autor longe do berço natal implica no teor literário da obra e a vida dela, fazendo o degredista sentir, por existir, dois mundos distantes e perfeitos como produto final.
Viver longe do berço natal é viver outra estória, isso  é o lema degredista. O degredismo prega o sentir, o posso mais, o suportar a tortura intensa da distancia, o interregno das existências de dois contextos sociais que lhe cercam... há muito tempo tenta-se negar a existência de dois ou mais contextos sociais na produção literária como produto isolado a um contexto vivenciado pelo autor.
Cabe, de início, salientar que a função social do escritor é mostrar o seu mundo, dentro do mundo em que lhe foi dado viver. Para isto, o intelectual utiliza-se de palavras que figuram como seu modo de ação. No entanto, a tarefa de representar a realidade nem sempre é fácil, pois a escrita literária é muitas vezes condicionada pelo ambiente social, o que acaba inibindo o seu valor ideológico.
Faz-se necessário, também, ressaltar a complexidade que existe nas relações entre literatura e sociedade. Tais relações levam em conta, não só, o conteúdo social da obra, mas também sua influência na sociedade; a questão dos leitores; a sociologia do escritor, que verifica o meio e o tempo em que viveu e compôs sua obra. Neste sentido, o teórico Georg Lukács (1968: 15) ressalta a contribuição do elemento social na constituição da literatura. Com respaldo em idéias marxistas, ele expõe:
A gênese e o desenvolvimento da literatura são parte do processo histórico geral da sociedade. A essência e o valor estético das obras literárias, bem como a influência exercida por elas, constituem parte daquele processo geral e unitário através do qual o homem faz seu o mundo pela sua própria consciência.
O degredismo é o elo entre o produto de vários contextos sociais e a consciência do autor na produção literária. Outro elemento que se reflete de maneira significativa no momento da produção de um texto é a história. Sabe-se que determinados aspectos históricos podem influenciar a produção literária de certo período.
Ao tratar da relação entre literatura e história, Antonio Candido (Apud Chaves, 1999: 09) refere-se à fronteira que se estabelece entre estes dois campos do conhecimento e atesta que só a podemos entender fundindo texto e contexto numa interpretação dialeticamente íntegra, em que tanto o velho ponto de vista que explicava pelos fatores externos, quanto o outro norteado pela convicção de que a estrutura é virtualmente independente, se combinam como momentos necessários do processo interpretativo. (...) o externo (no caso, o social) importa não como significado, mas como elemento que desempenha certo papel na constituição da estrutura, tornando-se, portanto, interno.
O degredismo com o tempo abrirá a janela da consciência literária piauiense para estes dois elos: contexto social vivido e contexto social vivenciado sendo igual a produto literário duplamente influenciado e influenciável por fatores contextos sociais internos e externos na produção literária. Portanto, entender o termo e a denominação degredista é focar no principal requisito literário absorvido as produções literárias na contemporaneidade.


ARTIGO




Homenagem aos 170 anos de Barras: Sol , terra, céu e água.

O sol
O sol de Barras, ás vezes passa em nós barrenses como relâmpagos do pensamento. Os raios do sol barrense são intuitivo e aprofundador de um brilho que reluz os dias áureos da nossa terra. É um sol angustiadamente orgulhoso e revela momentos de um mistério que apavora e não afasta nossos fantasmas ufanistas.
Esses raios duvidosos, raios deslembrados que afugenta nosso temor, que entontece o pensamento e vagamente passa, passa e devolve á felicidade e alegria no entardecer barrense.
terra
Minha Barras é uma terra sã de pessoas que tem na íntima razão da crença e do sonho necessário, o apenas sonhar distante. É uma terra que por ironia suprema do saber eu só conheço ela e não entendo existir na Terra outra terra como Barras e olhe que só entendo o que entender não [posso] como humano.
Ah! minha terra barrense, meu torrão natal, aqui cambaleio nos versos, na prosa pelas vias e vielas escuras da loucura sapiência popular. Sou escritor de olhos vagos, vagos, mas de susto, pela terra natal que é hálito perfeito nas vivências errantes do tempo. Barras é a realidade e de haver ser bela terra de poetas é um hálito perfeito de fato numa realidade.
O céu
O céu, o céu barrense de tanto azul eu tremo, no repente dos versos do repentista, no azul pavoroso que inunda o pensamento que cai das nuvens fiapos de um precipício branco. Nem a mim mesmo figuro as figurinhas de nuvens espalhadas pelo céu. O azul pavilhão é só um cálculo quando nele estou.
Água
As águas, as águas são águas a sonhar e vencer mundos onde o barrense é vida em sonho. As águas plácidas do marataoan cerram os olhos profundos para a verdade que ri o riso alegre. A água plácida que é ilusão e é mãe da vida. O poeta é doido, e doido por tudo que Deus lhe concedeu nesta terra.
O fadário do conto em homenagem a Barras é uma loucura incompreendida do ecletismo sol, terra, céu e água que vai avante para o literário. Cantar Barras é no fundo da consciência uma alma sobriamente louca e imparcial de barrense.
O poeta tira do babaçu, o azeite da poesia e da carnaúba a palha da consciência e não pouco agradado conta o conto maravilha nas escamas inconsciente dos buritizais da minha terra.
O deslize do escritor é ser imparcial no conto, o deslize do barrense é existir para sim a única e exclusiva Barras. É ter sonho, sonhos criados, inventados, ficcionados. Ele cria uma Barras de um mundo atônito que sente viva o belo enfeite literário que lhe dar. Poderá ser um louco da prosa, uma loucura que é grande, mas lhe faz feliz.
Barras é isso, uma montanha mediterrânea de ilusões, um deserto poético de todos que assim antes de morrer revela a alma de uma  mente ao imperceptível. Quando eu viver ou morrer realmente no existir e, em verdade, em verdade vos digo que é fato literário, existência poética, coisa de conto sem desconto nenhum, ser degredista desesperado ao ouvir ou assim dizer isso que n'alma tenho de escritor barrense.
Sinto-o, sinto-o, que meu conto não chega ao leitor e só escrevendo-o, não me compreendo. Sentir isto, eis o horror que não tem nome a um escritor, mas senti-lo é sentir, intimamente o anseio e suspiros d'alma com pavor supremo, com a gelada madrugada barrense de vocábulos inertes.
O orgulho de Barras é ter chegado aqui, onde ninguém, nem nas asas do doido pensamento, nem nas asas da louca fantasia de escritor, os 170 anos chegou. E aqui me quedo como simples mortal.
Um mortal temporário com diferença contra a diferença entre isto e o meu pensar. Cheguei aqui. Barras chegou. Nem daqui sair quero, nem aqui queria chegar. Mas aqui cheguei e aqui fico. Salve os 170 anos de Barras beirando as águas do marataoan.