BREVE DIVISÃO DA HISTÓRIA DA LITERATURA PIAUIENSE.
PRÉ- HISTÓRIA DA LITERATURA PIAUIENSE.
A pré-história da literatura piauiense tem como embrião as obras de autores piauienses publicadas até o século XIX que foram impressas fora do Piauí, seus autores, quase sempre, visavam atingir outro público que não o Piauiense, pois eles próprios estavam integrados a outros meios sociais. Faz parte da pré-história da literatura piauiense o caso de Poemas de Ovídio Saraiva, 1808, Coimbra; Flores da Noite, de Licurgo de Paiva, 1866, Recife; Chicotadas, Félix Pacheco,1897, Rio de Janeiro; Cantigas, de Thaumaturgo Vaz, 1900, Manaus, Ânforas e Uhlanos, de Jonas da Silva,1900 e 1902, Rio de Janeiro. Na prosa encontramos Ataliba, o vaqueiro, Francisco Gil Castelo Branco, 1880, Rio de Janeiro.
Há outros casos peculiares, como a publicação póstuma de Impressões e gemidos, de autoria de José Coriolano, impresso na cidade de São Luís, por iniciativa de familiares e amigos do poeta. É semelhante a situação de A harpa do caçador, de Teodoro Castelo Branco, de 1884, também impresso na capital maranhense e que não teve praticamente circulação, no Estado do Piauí. Sobre a distribuição do livro, é significativo o comentário de um contemporâneo do porta, o escritor Clodoaldo Freitas.
A Harpa do Caçador foi publicado em 1884, mas o poeta, um verdadeiro descuidado, não fê-la correr mundo. Ninguém teve notícia do livro que ficou entregue às traças, num canto de qualquer armazém. Os poucos que o leram, com a maior injustiça, não renderam público e merecidos elogios ao autor.
FASE DA HISTÓRIA DA LITERATURA PIAUIENSE.
Na fase da História da Literatura Piauiense a categoria se enquadraria em critérios metodológicos, mas podemos apontar as obras de autores que viveram no Piauí e participaram da vida social da Província, como Leonardo das Dores Castelo Branco, cuja obra Criação universal, de 1856 (impressa no Rio de Janeiro) é considerada, por alguns críticos como a obra fundadora da literatura piauiense. O primeiro crítico a apontar a Criação universal, como obra inaugural da nossa literatura foi Lucídio Freitas:
Portanto, a nossa história literária data precisamente do meado do século passado, sendo Leonardo das Dores Castelo Branco o primeiro poeta de valor que possuímos.
A poetisa Luísa Amélia de Queirós Brandão fez imprimir seus dois livros em São Luís do Maranhão, o primeiro Flores incultas é de 1875, o segundo Georgina ou os efeitos do amor, de 1893. Lembramos ainda uma obra bastante conhecida até hoje, A lira sertaneja, de Hermínio Castelo Branco, impressa em Fortaleza em 1887. Pode-se afirmar que as manifestações literárias piauienses iniciadas a partir de 1808, com Poemas, de Ovídio Saraiva, contaram com um pequeno grupo de autores, poucas obras publicadas, de forma esparsa, e praticamente sem leitores no Piauí.
FASE DA IDADE MODERNA DA LITERATURA PIAUIENSE.
A formação de um público de leitores, virtuais destinatários de uma literatura piauiense, só foi iniciada a partir das primeiras edições locais, nas primeiras décadas do século XX, quando se deu, simultaneamente, o surgimento da crítica literária, graças ao significativo desenvolvimento que a nossa imprensa passou a Ter naquele momento.
Igualmente decisivo foi o progresso da educação, ampliando a população alfabetizada e conseqüentemente o número de leitores. Soma-se, ainda, o surgimento das primeiras tipografias em Teresina, o que propiciou a publicação de livros em âmbito local, bem como a edição de revistas literárias, que abrigaram os primeiros textos da crítica.
Para nós, seguindo a classificação de Antonio Candido defendido pela professora Socorro Magalhães,o sistema literário piauiense passou a funcionar no início do século XX, quando os autores integrados à vida cultural do Estado, reuniram-se com a intenção de criar uma literatura de expressão piauiense. Esses mesmos autores passaram também a exercer a crítica literária através da imprensa. As obras passaram a Ter mais repercussão.
Criaram-se até mesmo polêmicas em torno delas, através do periódicos. Por outro lado, as tipografias comerciais imprimiam aqui mesmo os livros e revistas literárias, o movimento cultural cresceu, passando e existir o anseio de construção de uma identidade literária para o Piauí.
Acreditamos que as obras da primeira década do século XX são exemplares quanto ao que preconiza Antonio Cândido a respeito de sistema literário, pois a produção, publicação e recepção dessas obras no território piauiense mostram que os elementos essenciais para o funcionamento desse sistema estavam consolidados. Havia autores, produzindo conscientemente uma literatura para o público local que, por sua vez, dava uma resposta, adquirindo o livro, lendo, comentando, influindo para que a obra repercutisse no meio social.
Dessa fase destacamos as seguintes obras: Solar dos sonhos, de João Pinheiro, 1906; Sincelos, de Jônatas Batista, de 1907; Ode a Satã, de Alberto Peregrino, de 1907 e Almas irmãs, parceria entre Antonio Chaves, Celso Pinheiro e Zito Batista, também, de 1907. Na prosa apareceu, no período, o primeiro romance: Um Manicaca, de Abdias Neves, de1909.
O primeiro livro de contos da nossa literatura só apareceu no início da década seguinte, trata-se de À toa – aspectos piauienses, de João Pinheiro, publicado em 1923. A consolidação do sistema literário piauiense, nos anos vinte, coincide com o momento de ruptura do sistema literário brasileiro, instaurado a partir da semana de Arte Moderna de 22. O autor que melhor representa o período de formação e consolidação do sistema literário do nosso Estado é, sem dúvida, o Poeta Da Costa e Silva, cuja obra abrange as três primeiras décadas do século XX, começando em 1908, com Sangue e culminando com Verônica, de 1927.
FASE CONTEMPORÂNEA DA LITERATURA PIAUIENSE.
MODERNISMO
(Período de transição – 1ª fase – 1927 – 1940) Cenáculo Piauiense de Letras Antônio Neves de Melo, Osires Neves de Melo, Oton Rego Monteiro lideraram A criação do Cenáculo, que seria instituto na década de 1930 Prosadores · Berilo Neves (Costela de Adão, 1929) · Aluizio Napoleão (Segredo, 1935) · Permínio Asfora (Sapé, 1940) · Joaquim de Sousa Neto (O culpado, 1940) POETAS · João Perry (Os meus sonetos, 1916) · Martins Napoleão (Copa de Ébano, 1927) · Martins Vieira (Canto da Terra Mártire, 1940) · Veras de Holanda (Sombras noturnas, 1940) · Isabel Vilhena (Seara Humilde, 1940)
MODERNISMO (2ª Fase – 1940 – 1965) Caderno de Letras Meridiano Movimento de Renovação Cultural. Manoel Paulo Nunes, O.G. Rego de Carvalho e H. Dobal lideraram o Movimento Meridiano, cabendo a R.N. Monteiro de Santana a liderança do M.R.C
PROSADORES · CRISTINO CASTELO BRANCO (Homens que iluminam, 1946) · RENATO CASTELO BRANCO (Teodoro Bicanca, 1948) · CARLOS CASTELLO BRANCO (Continhos brasileiros, 1952) · VÍTOR GONÇALVES NETO (Conversa tão somente, 1957) · ÁLVARO FERREIRA (Da terra simples, 1958) · ARTUR PASSOS (Lendas e Fatos, 1958) · FONTES IBIAPINA (Chão de meu Deus, 1958) · LILI CASTELO BRANCO (Ermelinda, 1961) · BUGYJA BRITO (Zabelê, 1962) · FRANCISCO PEREIRA DA SILVA (Chapéu de sebo, 1963) · ALVINA GAMEIRO (O Vale das açucenas, 1963) · PEDRO CELESTINO DE BARROS (Sinais de seca, 1964)
POETAS · JOSÉ NEWTON DE FREITAS (Deslumbrado, 1940) · EDISON CUNHA (Vozes imortais, 1945) · OLIVEIRA NETO (Ícaro, 1951) · JOÃO FERRY (Chapada do corisco, 1952) · MÁRIO FAUSTINO (O homem e sua honra, 1955) · DOMINGOS FONSECA (Poemas e canções, 1956) · ALTEVIR ALENCAR (Sonho e realidade) · ÁLVARO PACHECO (Os instantes e os gestos, 1958) · LUIZ LOPES SOBRINHO (Vozes da terra, 1960) · CID T. ABREU (Poemas I, 1961) · BALDUINO BARBOSA DE DEUS (Folhas caídas, 1964) · CLÓVIS MOURA (Argila de memória, 1964)
VANGUARDISMO
(Círculo Literário Piauiense – CLIP – 1965 – 1978)
PROSADORES · ASSIS BRASIL (Beira Rio Beira Vida, 1965) · CASTRO AGUIAR (Caminho de perdição, 1965) · WILLIAM PALHA DIAS (Endoema, 1965) · O.G. RÊGO (Rio Subterrâneo, 1967) · MAGALHÃES DA COSTA (Casos contados, 1970) · A TITO FILHO (Teresina, meu amor, 1973) · LILIZINHA CASTELO BRANCO (Quinze anos depois, 1977) · JEANETE D EMORAES SOUSA (A vida, um hino de amor, 1977) · CÂNDIDO GUERRA (Do calcinado agreste do inferno verde, 1977) · JOÃO EMÍLIO FALCÃO COSTA FILHO (Aleluia, 1977)
POETAS · NERINA CASTELO BRANCO (Poesias modernas, 1965) · H. DOBAL (O tempo conseqüente, 1966) · FRANCISCO MIGUEL DE SOUSA (Areias, 1966) · ALBERTO DA COSTA E SILVA (Livro de linhagem, 1966) · HERCULANO MORAES (Vozes sem Eco, 1967) · GREGÓRIO DE MORAES (Auroras perdidas, 1969) · BARROS PINHO (Planisfério, 1969) · JOSÉ RIBEIRO E SILVA (Colheita Mística, 1970) · HARDI FILHO (Gruta iluminada, 1971) · TORQUATO NETO (Os últimos dias de paupéria, 1973) · ALCENOR CANDEIRA FILHO (Sombras entre ruínas, 1975) · SANTIAGO VASQUES FILHO (Bronze e cristais, 1975) · ODÍLO COSTA, Filho (Notícias de amor, 1976) · V. DE ARAÚJO (Murmúrios das Flores, 1977)
PÓS-VANGUARDISMO Alternativa do Mimeógrafo – 1978 – 1987 PROSADORES · JOSÉ PEREIRA BEZERRA (Prisioneiro da liberdade, 1978) · JOÃO BOSCO DA SILVA (Pensão Cassilda, Familiar, 1978) · JOSIAS CLARENCE (Simplício, simplição da Parnaíba, 1978) · PAULO VERAS (Cabeça de cuia, 1979) · RUBEM NERY COSTA (Asas, 1980) · J. RIBAMAR OLIVEIRA (Porto da Imaculada Conceição dos Marruás, 1979) · OSVALDO SOARES DO NASCIMENTO (Proteínas para raça eleita, 1979) · JOSÉ EXPEDITO RÊGO (Né de Sousa, 1981) · JOSÉ RIBAMAR GARCIA (Cavaleiros da noite, 1984) · LUYIZ ROCHA (Saga da terra, 1986) · AFONSO LIGÓRIO (Só esta vez, 1987) POETAS · PAULO HENRIQUE MACHADO (Ta pronto, Seu Lobo?, 1978) · WILLIAM MELO SOARES (Com licença da palavra, 1978) · CARVALHO NETO (Variantes de berro, 1978) · NELSON NUNES (Oper-á-ria, 1978) · HUMBERTO GUIMARÃES (Essência em conflito, 1981) · OZILDO BATISTA DE BARROS (ETC e tal, 1981) · RIBAMAR MATOS (Poeira da estrada, 1984) · JAMERSON LEMOS (Superfície do vento, 1985) · ELIAS PAZ E SILVA (Poemário I, 1985) · CID T. ABREU (Moenda, 1986) · RUBERVAM DU NASCIMENTO (A profissão dos peixes, 1987) · RAMSÉS RAMOS (Percurso do verbo, 1987) · NETO SAMBAIBA (O maluco inteligente, 1987)
MILENISMO
PERÍODO QUE SE INICIA EM 1987 ATÉ OS DIAS ATUAIS PROSADORES · HEITOR CASTELO BRANCO FILHO (O sócio da onça, 1988) · PEDRO S. RIBEIRO (Vento geral, 1988) · CLÉA REZENDE NEVES DE MELO (Á sombra da Buganvílias e Madressilvas, 1989) · MELQUISEDEQUE VIANA (Contos e recontos, 1992) · CINÉAS SANTOS (O menino que descobriu as palavras, 1992) · JOÃO JOSÉ DE ANDRADE FERRAZ (Estorinhas do dia-a-dia, 1994) · WAGNER SARAIVA DE LEMOS (Narrativas de algumas lembranças, 1994) · ANTENOR RÊGO FILHO (Jacurutu, 1995) · DEUSDETE MOITA (Atirando a esmo, 1995) · NORBELINO LIRA DE CARVALHO (O último coronel, 1995) · LISETE NAPOLEÃO (Quem conta um conto, aumenta um ponto, 1996) · AIRTON SAMPAIO (Contos da terra do sol, 1997) · OTON LUSTOSA (Meia vida, 1998) · FRANCISCO MONTEIRO JÚNIOR (A obscuridade humana, 1999) · JOSÉ SOARES DE ALBUQUERQUE (Os cupins, 2000) · HOMERO CASTELO BRANCO (Ecos de Amarante, 2001) · ANTONIO DE DEUS NETO (O piercing, 2002) · ZÓZIMO TÁVARES (O velho Jequitibá, 2002) POETAS · ELMAR CARVALHO (Cromos de Campo Maior, 1990) · DURVALINO FILHO (Caçadores de prosódias, 1994) · CHICO CASTRO (O livro do carona, 1994) · ÉLIO FERREIRA (O contra-lei & outros poemas, 1994) · RONALDO ALVES MOUSINHO (Asas para o Apogeu, 1994) · CHICO BORGES (Corpos negros, 1996) · DILSON LAGES MONTEIRO (Colméia de Concreto, 1997) · GRAÇA VILHENA (Em todo canto, 1997) · REINALDO BARROS TORRES (Madrigais, 1997) · FRANCIGELDA RIBEIRO (Estrada virgem, 1997) · DUCILENE MARQUES VIANA (Lágrimas da alma, 1998) · FLÁVIA ROBERTA (Margaridas selvagens, 1999) · VINÍCIUS DE CARVALHO (Pétalas do mundo, 1999) · WANDERSON LIMA (Escola de Ícaro, 1999) · MARIA NILZA (Labirintos do amor, 1999) · ADRIANO LOBÃO ARAGÃO (Uns poemas, 1999) · ANDRÉ AMORIM (O tempo dissolvido, 2000) · SONIA LEAL FREITAS (O cedro do Éden, 2002) JURANDIR VIEIRA ( Retalhos em Prosa e Verso), JOAQUIM NETO FERREIRA( Na Essência da Alma Poética , 2010).