segunda-feira, 25 de março de 2013


SONHOS DE LEÔNIDAS


12

Leônidas era jovem igual aos que se contavam nas lendas de vampiros. Estava ainda encantado com sua própria força, seu poder de invadir sonhos. Ou talvez, só quisesse amar para provar a si mesmo que havia superado a timidez. Com a ajuda da maior mestra de todos os tempos em ciências ocultas, Michele que idolatrava Iemanjá, Leônidas sentia-se poderoso.

- Pelo poder dos íncubos. Leônidas ordenou.

- Não. Sussurrou Michele sem fôlego.

O olho do outro íncubo girou em torno dele e Michele deu com a cabeça, uma rápida sacudida. O melhor para o outro súcubo era ficar em silêncio. Os cabelos escuros de Ísis roçaram a pele de Leônidas. Quando despertou, Ísis só lembrava-se do sonho. Recordou-se dos anteriores. Ela ainda acordava e sentia-se mais apaixonada, só que Leônidas não era o professor de Literatura. Os íncubos estavam acostumados desde séculos a encantar os humanos. Faziam isso até que estivessem em condições sexuais, só para alimentar-se de suas energias; e embora uma vez invadisse os sonhos, ninguém poderia provar que tinha sido atacado por um deles. Diziam besteiras de Leônidas na rua que morava, só pelo fato de ele não ter ainda ido para a cama com uma mulher. 

Tinha feições delicadas e olhos castanhos brilhantes. Era um tipo de jovem elegante. Talvez, um pouco magrelo e esquisito, mas certa­mente havia mudado muito. Ao longo dos anos, ganhou um belo corpo torneado, peitos firmes e um abdômen perfeito. O certo era que tinha muitas namoradas, paqueras, mas nada de sexo ainda. Quando passava na rua Arimatheia Tito, muitas mulheres o via com olhos de desejo. Masturbava-se regularmente. E a ideia de ter uma relação com uma mulher estava sempre na imaginação. Sonhos eróticos passaram a ser frequentes. E não sabia que sonhos eram aqueles.  Desde a morte de seu melhor amigo Matias que a vida não fazia mais sentido. Questionava-se por que Deus permitiu tal perversidade. E não encontrava nenhuma alegria em nada, nem gosto pela vida. 

Uma vez que o jovem amigo cometeu o suicídio e pelo quarto, logo se sentia um cheiro fétido de demônio. Outra vez, Matias havia também municiado o revolver do pai, um revolver oxidado, débil e com os cartuchos velhos, talvez a morte dele o sujeitasse por muito tempo. Matias não desistiu de tal loucura. Suicidou-se. Certamente, Leônidas sabia que aquilo aconteceria. As cicatrizes feitas na vida dele não cicatrizariam e quando morresse as levaria para a tumba. Já Leônidas vivia em Teresina na casa da tia Marieta.  Dona Marieta era uma viúva e tinha dois filhos, Ísis e Alberto.  Foi há cerca de três anos que Leônidas tentava tornar-se escritor. Participou de vários concurso literários e nada. 

Certa noite, debatia-se com o primeiro romance. Todas as noites, enquanto escrevia, bebia vinho e ouvia música clássica pela rádio Pioneira até amanhecer. O rapaz impôs-se, com objetivo de um capítulo por noite.  De manhã levantava-se, ia até a parada do coletivo, depois seguia para a Universidade Federal fazer o curso de Letras. Para escrever o seu primeiro romance levou praticamente um ano. O amigo Matias pensavam que ele era maluco. De vez em quando eles faziam uma festa na casa de dona Marieta. Bebiam vinho até às 4 ou 5 da manhã. Comentários pelo Monte Castelo que Leônidas tinha caso com a tia. Mentira. Ela era uma terrivelmente enrugada, católica dessas que vão à igreja ao domingo de manhã.

- Tudo mentira, ele negava a Matias.

O certo que a tragédia do amigo, atazanava-lhes o pensamento. Michele, a velha prostituta era uma usuária da magia. Aqueles usuários que chamam para si mesmos os poderes das ciências ocultas. Leônidas tinha escutado sobre os ensinamentos da mulher. Havia de aprender algumas coisas das ciências ocultas. Os sonhos que tinha com uma mulher misteriosa da rua poderiam ser explicados pela mestra. O rapaz entrecerrou seus olhos, imaginou. Nem todo mundo teria coragem para tal ato ou coisa. Sem advertência, lançou-se no caminho até Michele. Não a encontrou em casa. Desistiu e resolveu dormir.  Começou a sonhar novamente. No sonho, ele seguia para o centro de Teresina, mais precisamente para um bar perto da praça da bandeira. Quase em frente ao Troca troca. Leônidas dizia:

- Garçom! Mais uma garrafa de vinho!

Um desconhecido chegava.

- Só uma dose. Dizia a tal pessoa.

Leônidas olhou para o desconhecido e correu goela abaixo um corpo de vinho. O desconhecido aos poucos, foi familiarizando-se com o rapaz sentado á mesa.

- Garrafa vazia? Perguntou.

O rapaz respondeu:

- Sim, o garçom demora vir atender.

Era uma noite silenciosa, exceto pelo rio Parnaíba com suas marolinhas a bater no cais lentamente. Leônidas antes tinha visto um vulto com roupas negras, achou ser o vigário da igreja de nossa senhora do Amparo a passos largos pelo caminho de paralelepípedos da praça da bandeira.  Não havia movimento de pessoas na praça. Ninguém passaria àquelas horas, pois temeriam os usuários de drogas ou algum elemento ruim. O silêncio do lugar amedrontava Leônidas. Ele adorava as noites de luar á beira do cais perto do Troca troca, mas aquilo se erguia misterioso demais.

- Mais uma garrafa de vinho?

- Sim!

- Que fantasmas te atormentam? O desconhecido perguntou.

- Não entenda mal, eu só estou tentando esquecer uma grande tragédia! Disse Leônidas.

Demorou pouco, o desconhecido desaparecia e chegava uma mulher. Uma mulher conhecida por Leônidas. Ela não era uma dessas acostumadas ao beijo fácil que ansiava por prazer de desconhecidos na rua Paissandú. Era talvez, daquelas mulheres casadas que adorava também as sensações mais fortes. Chamava-se Luiza Maria e era uma bela mulher. Luiza Maria era a grande paixão ou a tentação dos adolescentes da rua Arimatheia Tito. Diziam as más línguas que ela durante as noites, vestia-se de homem.

- Uma cerveja! Disse ela.

Leônidas olhou para a mulher. Havia algo de anormal, naquela noite. O desconhecido tinha se retirado do local, e logo Luiza Maria uma lúgubre mulher sensual, não daquelas das esquinas, mas é que ela chegava ao bar e não lhe reconhecia. Imaginou está drogada àquelas horas.

- Que diabo é isso? Será alguma assombração! Dizia ele.

- Boa noite. Dizia ele.

- Boa noite! Respondeu rispidamente.

Parecia que aquilo não era a primeira vez que eles se encontravam. E Leônidas se lembrou de um sonho que tivera com a mulher. 

quarta-feira, 20 de março de 2013


SONHOS DE LEÔNIDAS


11

- Leônidas, presta atenção! São muitos sonhos assim. Dizia Matias ao melhor amigo.

Leônidas não prestava atenção ao que dizia o amigo. Só queria responder suas atividades de Literatura Brasileira. Matias lhe contava que Michele era uma mulher impressionante, cálida e apaixonada, daquelas mulheres sensuais em que sua sexualidade caprichosa de fêmea faz qualquer homem pecar. Michele havia sido sua em sonhos.

Tudo isso aconteceu, depois daquela noite fria de janeiro  na cabaré Babilônia no centro. No alto dos céus, um trovão retumbou no nascente. No sonho, Michele caminhava lentamente pela rua Valdivino Tito na piçarra. Como todo sonho é cheio de imperfeições, a mulher penetrava seu quarto. Matias olhou-a e desejou sexulamente a mulher. Naquela noite ele seria vítima de um súcubos que o atacaria numa invasão onírica.  

Da janela do quarto, o jovem ouvia o bater das asas dos morcegos, enquanto se preparavam para dormir. Tinha medo de novas invasões dos súcubos nos seus sonhos. E então, escutou os passos familiares. Era a mãe dona Rosa Clarice. Ela vinha dar-lhe boa noite. Para ele, o pesadelo estava a ponto de começar. Com medo de dormir, o rapaz folheava uma revista erótica e contemplava atentamente uma foto. Adormeceu.

Enquanto dormia, uma perturbação se formou entre os sonhos. O sonho não se condensava, ajoelhava-se perto de Michele e a mulher fazia reverência a sua pessoa. Michele permanecia como estava e o manteve como prisioneiro no sonho. No sonho Matias era aprisionado ao corpo dela, como pensar que a velha prostituta seria tão audaz de tomar a liberdade onírica para atacar o rapaz. Uma sábia precaução para um súcubo é não atacar uma homem, fruto do desejo de outro súcubo.

- Não sabe as regras. Disse Michele a Laura.

Enquanto, aparecia um círculo negro e um túnel do tempo entre o súcubos. A voz profunda de Michele ecoou. Michele era alta e branca como o alabastro, com cabelos de um grisalhos quase loiros e olhos verdes que se agitaram com a intromissão da outra mulher no sonho.  Ela usava uma blusa negra de pescoço alto e vestido negro.

- Matias acorde. Volte para a matéria corpórea. Dizia ela, ordenando-o, a acordar.

Laura não tinha sentido em antagonizar com a velha súcubo.

- Fuja! Disse Michele.

Jogou-se, sobre o rapaz, expulsando-o do sonho. Laura escutou a dor na voz de Michele, e também ouviu assim que despertou. Se pudesse fazer ver Michele antecipadamente, certamente não teria feito a invasão ao sonho do jovem. Depois daquele sonho terrível, Matias estava sozinho.  Os sonhos estavam demais. Imagine o povo saber daquilo. Ser apontado por todo mundo na rua, como o mestre das poluções noturnas.

Raiva e vergonha, uma mistura explosiva e fatal. Matias torceu a cabeça olhando para os quatro cantos do quarto. Pressionou o pescoço na corda tão fortemente que os ossos das vértebras cervicais se quebraram. Talvez, não desistiu daquilo. Não sentia mais gosto pela vida. Foi para o sono eterno e tudo aconteceu.

Quando correu a notícia pelo bairro, desespero. No começo da manhã saía gente chorando, outros conversando pelo terreiro da casa. O velório de Matias passara assim, numa agitação medonha na sala. Dona Princesinha era uma velha de uns setenta anos, a avó dele. Ela morava há longo tempo com o neto e a filha Rosa Clarice. Foi casada com um dos homens mais ricos de Teresina, senhor Jerônimo.

Dona Princesinha ordenava as rezas durante o velório de Matias. Era quem tomava conta da casa, quando o filho Osório estava cuidando dos negócios da família. O rosto enrugado pelas intempéries do tempo, não afastava o ar maledicente da mulher. Durante a reza o olhar esquivo, a voz áspera, um tormento. A velha uma espécie de demônio, tinha tanto poder sobre o neto que se ele estivesse vivo, não resistia aos caprichos da velha.

Era uma figura magra e branca, de tão pálida que a pele reluzia o azul das veias pelo longo dos braços. Os olhos azuis afundados dentro das órbitas e uns cabelos grisalhos até abaixo da cintura. Ela andava com uma tiara vermelha na cabeça e naquela noite, a velha rezava e rezava no meio daquela gente pobre e subserviente que qualquer coisa era motivo de choro.

Via-se, Michele preocupada.  Suava, mordia os lábios, assanhava os cabelos nervosamente, tremia. Havia praticamente desaparecido o chão firme que pisava. Os olhos piscavam e as mãos trêmulas numa sudorese, sem fim. A velha virou-se para ouvi-la. A mulher manteve-se de pé, rígida, olhando para o chão e parecia prestes a passar mal.


segunda-feira, 18 de março de 2013


SONHOS DE LEÔNIDAS


10

Depois daquela noite, Leônidas lembrava de tudo aquilo debruçado sobre o romance. Escrevia capítulos da ficção e ficou a lembrar da noite em que a prima Ísis leu alguns parágrafos da ficção. O rapaz não acreditava que por pouco teve seu corpo contra o dela.

- O que faltaria para tê-la?

Somente os beijos, talvez as carícias ou os finalmente das intimidades libidinosas. Mas, tudo fazia parte de uma fantasia dele, infelizmente.  Tornava-se, a partir dali um mendigo ébrio nos sonhos da prima,  nos sonhos de poeta, nas visões obscenas de escritor e na ardente orgia da beleza da mulher nua, na languidez de uns olhos negros, na convulsão que o abalou todo na hora daquele deleite. 

De repente, Ísis entrou de uma vez no quarto. Gostava de fazer aquilo, só para ver se flagrava o primo, masturbando-se. Dessa vez, não. Entrou e perguntou para ele:

- É alguma parte do romance?

Leônidas sozinho com a moça dentro do quarto. A tia Marieta e Alberto tinham viajado para Barras. Pensou que a prima Ísis tivesse dormindo. Naquela noite tinha telefonado para uma vagabunda de rua, chamada Michele. Criou coragem para perder a virgindade. Era uma noite escura. Michele era dessas mulheres que depois de bater ponto no cabaré Babilônia saia a vagar horas  pelas ruas à toa.

Quando ele ligou não demorou a mulher chegar a casa.  Ísis saiu do quarto antes dela chegar. A moça viu assim que Leônidas abriu a porta para a mulher entrar. Ficou do seu quarto observando o movimento. Demorou pouco, Ísis ouvia o primo juntamente com Michele, jogarem-se na cama. Era um colchão, mas tão velho, tão batido, que fazia vergonha. A tia tinha se desfeito assim que comprou outro e doado ao rapaz. Eles deitavam-se.

Estiveram por algumas horas conversando, mas nada das orgias libidinosas. O corpo de Michele era belo, magro e lívido, apesar dela confessar que tinha um filho. Eles estavam em contato e um deles excitava todas as sensações e fantasias possíveis. Leônidas,  dava-lhe beijos e Michele retribuía.

- Silêncio! Disse ele.

E com um ar cínico, Leônidas dizia:

- Queres que minha prima escute?

- Quero que essa vadia fique louca de tesão! Dizia Michele.

Deitaram-se, adormeceram-se por toda noite embriagados pelas muitas garrafas de vinho. Pela manhã, tudo esquecido. Leônidas esquecia toda a noite de orgia. Michele ia embora. Ísis ainda dormia. Assim que ela acordou, lembrava-se do que ouviu. Ficou a imaginar os lábios do primo a beijar os seios da mulher, da grande vulva que saciava a sede imunda do prazer dele.

- Gozaste com aquela mulher? Perguntava Ísis.

- Sim. Dizia Leônidas sem o menor pudor.

Talvez, o beijo daquela imunda, o seu corpo frio fosse mesmo cheio de ceticismo, como dizia o amigo Matias. Podia ser que os sonhos que povoavam a mente dele fossem espíritos sexuais. Daqueles que  a vagar nas horas mortas feito cadáveres que se abrem aos lábios inchados e murmuram os mistérios do prazer. 

sexta-feira, 15 de março de 2013


SONHOS DE LEÔNIDAS


9

Leônidas acordou assustado. O sonho indecente que teve com Ísis ainda rastejava-se, a mente. Talvez, também fora atacado em sonhos pelos tais demônios súcubos. Que espécie de louco seria o amigo Matias que sempre comentava sobre demônios que atacavam pessoas nos sonhos. Nunca tinha acontecido, exceto naquela noite que via a prima como objeto de desejo sexual.

- Seria um ataque? Um desejo reprimido do subconsciente! Do tal id? Ah que Freud se exploda, talvez apenas sonhos de um rapaz!

Diziam os mais velhos que aquilo era constante na adolescência e na maioria dos jovens. Poderia também ser o fato de folhear revistas de mulheres nuas ou de saciar seus desejos e fantasias através da masturbação. Masturbava-se, para compensar tudo aquilo que era reprimido pelas leis da moral, da igreja, da sociedade.

O contrário, do que o sonho mostrou com Ísis,  Leônidas a respeitava e muito. Sentia que o sonho foi uma espécie de pecado, sórdido, nojento. Passou a pedir a Deus para livrar-lhe, daqueles sonhos, daquela tentação.

Mesmo tendo sido gostoso, tentador, mas um sonho terrível, pecaminoso aos olhos do padre Gregório da igreja do Monte Castelo. Tal ato era insano, indecente, indecoroso aos olhos dos homens e de Deus. Refletiu e resolveu tomar banho antes de dormir. Pela manhã teria que ir para a Universidade Federal na Ininga.

Esfregou os olhos e lembrou discretamente do sonho. Em frente a televisão, a prima Ísis de babydool, os seios volumosos á amostra, seios de bicos eriçados por baixo da vestimenta que alinhava o corpo belo da moça. Partiu para o banho e a mente cheia de insanidades, malícias. Terminou o banho demorado.

Ele vinha enrolado na toalha. Passou pela prima e ela o observou por um movimento de canto de olho, um olhar malicioso, provocador sem dúvida. Repreendeu-o por sempre sair assim do banho. No entanto, o olhar denunciava que até mesmo gostou do ato. Ísis sabia disfarçar bem. O rapaz timidamente, aproximou-se por trás do sofá.

- Relaxa prima, a toalha não cai! Dizia.

Olhando para a TV ligada, Leônidas começou a passar as mãos nas costas dela. Queria falar-lhe, mas ficou sem ação. Virou-se para ela, depois para sua boca. Seus lábios se encheram de prazer e imaginou um beijo arrematador.

- Leônidas! Eu não sei o que estudar para a prova de Literatura. Disse a moça.

Um silêncio pesado tomou conta dos dois. Leônidas imaginou que o corpo da prima a entrar em erupção vulcânica de prazer. Na mente dele, os corpos entravam em ação e eles não tinham controle.  A sensação para os dois era de que o tempo passava devagar, quase parando.

- Estamos perdendo a razão! Falava a moça.

O olhar de desespero, os corpos mergulhados no prazer. O ato do entrar e sair dos beijos quentes de língua que perdia totalmente o foco racional da coisa. Leônidas observava os olhos dela que pareciam cheios de arrependimento, de medo, mas com vontade de realizar tal ato de insanidade.

Não queria que aquilo fosse tão longe, pensava.  Até admirava os amores proibidos de pessoas em adultério, mas aquilo era um amor de maldição, repreendido por todos. De repente, o rapaz voltou a realidade.

- Tudo bem, depois eu te ensino! Respondeu.

E subiu para o quarto. Assim, os dias de janeiro a passar rapidamente. Cada vez mais, o mesmo pensamento se repetia, os mesmos desejos insanos se repetiam com os dias. Não importava mais o ato insano, o ato imoral para a igreja, para a ética, para a moral.  Leônidas era um ser humano, não um santo. Era virgem, isto era verdade.

Também era um pecador igual a muitos. Sabia até de padres pecadores contado pelo primo Alberto, quando esteve no seminário. Também ele, quando acólito da igreja da Piçarra via as graças de mulheres casadas e viúvas pelos homens santos da igreja, principalmente padre Rodolfo metido a galanteador.

- Qual a maldita diferença entre o amor e o pecado? Entre o permitido e o proibido? Ninguém sabe?! Não havia resposta.

Sabia bem Leônidas que o sexo enchia a prima de vestidos caros, calças compridas, blusas de marca, perfumes importados e muitas outras coisas. De Empório Armani a Luis Viton. De Jean Paul Gautier a CK. E o coração dele, só batia ao compasso das depravações de Ísis. Também esquecia a doce ternura da prima.

Leônidas observou um movimento estranho numa certa noite. Poderia ser coisa da cabeça. O certo é que viu e tinha certeza daquilo, o primo Alberto a correr rapidamente para o quarto de Ísis. Alberto no auge dos quase dezoito anos e feito um cachorro no cio, a esfregar a lubricidade por todos os cantos. O primo imaginou que ele não perderia a inocência, a moral, a razão.

Ísis sempre lhe dizia que a felicidade de possuir um homem seria apenas, como um brinquedo e usá-lo, somente nas horas de solidão e vazio. O irmão seria tal brinquedo? Quanto a Leônidas, Ísis olhava-o, desde que chegara de Barras, sem desejo. 

Talvez, Ísis não era uma moça que sentiria a carência de mulher, através dos desejos da carne. Dizia ao primo que dominava o corpo, o sexo, mas a mente não. Naquela noite, não imaginaria que com o irmão, poderia por tudo em prática.

quarta-feira, 13 de março de 2013


SONHOS DE LEÔNIDAS


8

Leônidas queria escrever um romance. O tema central teimava em não aparecer. Resolvera estudar tudo sobre os demônios íncubos. Um tema bastante complexo. Lembrou do que Matias falou. Matias dizia ter muitos sonhos eróticos com mulheres, ultimamente. Sonhos eróticos, diziam que na maioria das vezes, talvez revelava alguma coisa.

Na primeira vez que teve tal sonho, recordou que via uma mulher sem rosto. Dizia que a tal mulher chegava a sua cabeceira, tal qual um espírito impuro, sedento por prazer. Ajoelhou-se, vestia uma grande saia de sete dobras. O sonho era tal como na realidade. A mulher tinha uma febre de libertino, uma lascívia nos lábios, seminua, trêmula e palpitante sobre a cama dele.

Matias não conseguia ver o rosto dela. Sob a luz, via somente seus lábios. E sonhou com ela, a noite toda. Não sabia, o que aqueles sonhos queriam dizer. A verdade é que amanheceu apaixonado pela mulher. Ela, o visitaria em outras noites. Sempre insana, falsa e esquiva. Matias não a tirava da mente. Embriagava-se, com os beijos dela.

Um dos ataques dos súcubos foi na noite que  chegava ao sobrado da Arimatheia Tito, os amigos, Débora, Ísis, Alberto, Clarice. Traziam muitas garrafas de vinho nas mãos. Naquela noite, a orgia, a bebedeira rolaria solta até altas horas. Entravam para o quarto e começavam a conversar. Débora noiva de Alberto era a mais assanhada, desinibida. Convencia Matias a contar a mesma estória, o sonho dito a Leônidas.

- Bem! Muito bem! É uma falta de respeito com as amigas!  Dizia Débora.

Ela queria saber quem era a tal mulher que visitava Matias nos sonhos. No fundo, só desejavam saber quem era o amor proibido de Matias que completava-lhe, a vida. E logo Leônidas, Matias, Alberto, Débora, Ísis e Clarice desciam taças cheias de vinho.  Os copos caiam vazios na mesa em goles rasgados. Marieta ouvia tudo da parte debaixo do sobrado. Estendia uma toalha molhada na janela do quarto, só para ouvir melhor o que o pessoal conversavam.

Do quarto, Leônidas contava histórias sanguinolentas, de paixões efêmeras, lia, relatava os contos eróticos e oníricos do amigo Matias. Deliravam ao clarão dourado do sol ás cinco da manhã. Horário em que muitos vinham das baladas e boates da zona leste, outros iam ao trabalho. Os seis jovens tremiam de frio e desciam por uma das ladeiras do bairro, iam matar a fome no mercado da Piçarra. 

- São apenas sonhos! dizia Matias.

- Conta mais, conta agora os teus Leônidas!  Manifestou-se, Débora.

Matias tinha ouvido Clarice pedir para ele contar a estória. Contou tudo ao amigos. Disse que foi uma certa vez. Tudo aconteceu na casa de dona Princesinha, a avó. Na entrada do bairro Piçarra perto da igreja de são Raimundo. Por trás da igreja, via-se no nascente a lua se levantar ao longe.

E sobre aquele luar, Matias conversavam sobre a ficção escrita pelo amigo Leônidas. Por trás da casa da avó, Luiza Maria tinha desejo de correr seu prazer e assim exorcizar sua solidão sexual deixada pelo marido Zé de Lauro que viajava muito. Poderia o desejo ser realizado, mas seria uma propensão singular de uma mulher ás ruínas. Luiza Maria devia ser uma anja, talvez um demônio mesmo, mas não se sabe ao certo.

Sabe-se que era meia sombria e também ébria, mas antes de tudo uma mulher muito sexual. Tinha sangue de Baco nem mais nem menos. Tinha os olhos azuis, sentava-se ao lado dele na cama. Ninguém sabia, quando ela esteve no seu leito, se era mulher ou se homem. Sem falar, sem suspirar, via-se somente o vulto pelo luar belo a entrar no quarto.

Também no sonho, ouvia gemidos vindo do quarto da mãe. Os sinais do corpo do ser tinham contornos femininos, outrora formas masculinas. Ora, aparentava-se homem e ora, mulher. Ficou ali parado ao lado da porta. Muitas vezes, a mãe dizia que era melhor Matias procurar uma mulher da vida ao invés de se acabar literalmente na mão.

Conforme os minutos se passaram, mãe e filho no sonho começavam uma relação amorosa. Numa das vezes, depois do episodio do quarto, Matias estava sentado no sofá grande e confortável da sala que mais parecia uma cama. Quando adormeceu, viu em sonhos a espontaneidade dos seres demoníacos e era uma das características que ele admirava.  Um deles beijou-o, longa e amorosamente. O rapaz tomou-o em seus braços e retirou a camisola com um gesto suave. No sonho sentia as agonias do amor.

Todos os sonhos de impureza, Matias sonhava á noite e eram de cenas obscenas que lhe saciavam todo dia.  Num deles, deitou-se com a noiva do amigo Alberto, Débora. A moça o saciava, e Matias acordou impotente, envolvido no orgulho de um mísero desgraçado. Os sonhos estavam enlouquecendo-o. E ele sem entender que os sonhos poderiam ser produto da mente ou da imaginação. 

segunda-feira, 11 de março de 2013


SONHOS DE LEÔNIDAS
NOVELA


7

Homens por todos os lados, a abraçar as lindas mulheres. Uma mulher solitária numa das mesas, levantou-se e com uma voz grave que contrastava as suas faces cheias de rugas. Uma mulher de longa idade, voz de um grave tão forte a ser pronunciado pelos lábios trêmulos. Por entre os cabelos negros prateava-lhe o reflexo dos grisalhos. Era a velha prostituta, chamada de Michele.

Michele não tinha mais os lábios ardentes, naquelas horas de amor. Um corpo que não seduzia, poderia causar saudade, mas beijos quentes e tudo eram sonhos e pesadelos. Dela, os homens esqueciam. E que espécie de mulher ainda era aquela que vivia na vida por viver. Naquela noite no cabaré Babilônia, a mulher ao lado de um homem numa mesa era apenas um corpo só. Sob as sombras da noite, e o vento a tremer as folhas que soluçavam aos soluços dos dois amantes. Dentro do quarto, o perfume em torno dela, o perfume dos cabelos soltos da mulher.

- Foi uma loucura! Dizia o amigo Matias.

Contava que foram apenas poucos minutos, daquele sonho de fogo. Depois daquela noite, seguiu-se outra, outra e muitas noites que o sussurro dos ventos roçava de mistério seus sonhos. E o vento a penetrar o quarto dele, embriagava-o ao deleite das imaginações maliciosas. A pessoa não ideal para tomar posse do moço e iniciá-lo como homem, pensava Matias.

Tudo mentira e sabia disso, o amigo Matias. Leônidas nunca se deitaria com a mulher. Matias pensou que aquilo seria loucura, uma podridão. Perder a virgindade com uma mulher de faces mortas, uma virgem morta. Não. Leônidas não iria querer dos seus trabalhos sexuais.

Era uma mulher que se arrastava macilenta, um ser invisível para todos aqueles homens do local. Porventura, naquela noite, o rapaz não queria sentir na cabeceira de uma cama, um cadáver. E então, o coração de Leônidas começou a palpitar mais forte ao ver Laura.

Laura era uma mulher de trinta e seis anos, daquelas mulheres que emudecesse qualquer homem, misteriosa. A começar pelo perfume forte, amadeirado, um vestido negro que a deixava quase sempre nua. Parecia um anjo negro de tentação ou um demônio súcubos da realidade promíscua.

Ela de uma beleza quase virginal.  O corpo de a mulher transformava-se, numa espécie de sedução e todos queriam provar do cálice do seu amor.  Passou por Leônidas como quem passa por uma criança. A inexperiência, a timidez do moço fazia sua inteligência ficar inerte, menos a mente e o coração cheio de impureza, malícia.

Naquela noite, não teve coragem de perder sua virgindade. Retornou para casa. No caminho ao lado do amigo Matias, só ouviam o som das reboadas de trovão no nascente. Novamente o leito seria seu túmulo, sua tumba de pensamentos maliciosos, durante a noite.  O mormaço no céu denunciava que um temporal na capital estava prestes a cair.

O amigo Matias dentro do coletivo ouvia ainda ele dizer, outras estórias. Dizia que certa vez, a lua parou no céu da capital. Naquela noite, tudo dormia. Era a hora dos mistérios. No sonho via a tia Marieta encaminhar-se para seu quarto. A mulher imploraria naquela noite, um regaço incestuoso do sobrinho. Nos lábios dela transbordavam o prazer, o pecado ou o que é que fosse aquilo. 

Seus olhos vidrados, os lábios brancos e as unhas escalarte. Uma espécie de Lilith em carne e osso. Seus cabelos quase grisalhos, mas tinha uns negros ainda. Ela se erguia, a cambalear, estremecendo as pernas tortuosas e se perdia nas trevas do quarto do moço. Só via-se por baixo dos lençóis Leônidas apertar os lábios naqueles seios murchos, seios gelados a revolver-se, eriçar os bicos, dos arrepios e dos beijos amargos de prazer.

Ela era uma mulher a matar a sede sexual ao apetite lascivo do jovem que não podia amá-la. Leônidas repousava os lábios nos seus seios, roçava-lhes as faces, como queria fazer com a prostituta Laura e ao final, só um silêncio. Matias dizia que ele estava doido.

Leônidas continuava a narrativa. Banhava-se da torrente de seu fogo de mulher aos quarenta e seis anos. Embalava-a nua e macilenta no seu peito. Era uma insânia. Um pecado carnal. Em sonhar que era amor. Ébrio sim. Ébrio de amor, de prazer. Leônidas era uma criança inocente que se embebedou de seu gozo.

- Que noite!

Parece que seus corpos desfaleciam.  A brisa silenciosa e o rapaz todas as noites a esperar mudo nos sonhos, a vagabunda que morreria nos seus braços todas as noites. Matias sabia do segredo de Leônidas. O moço tinha uma paixão pela prima Ísis. Ísis era uma moça bonita, morena, de olhos muito lânguidos e muito úmidos. 

Os olhos negros penetrante, o corpo seminu ao sentar-se, sobre o dele na cama. Ísis repousava as mãos sobre a face dele para sentir suas lágrimas do amor, lágrimas de saudade que banhava-lhe os olhos ao luar.  Fazia aquilo como uma provocação. Quando tentava beijá-la, Ísis arrancava-se de dentro do quarto.

Aquele seria um beijo de amor na loucura dos lábios. Leônidas perdia-se de amor pela moça. A moça pedia para ele escrever-lhe um romance, uma poesia, um conto talvez, só para ouvir seus devaneios, contos eróticos e perder-se no pensamento das ilusões amorosas. Contava e sonhava com Ísis dia e noite.

No entanto, Ísis sentia amores pelo professor de Literatura. O professor era um homem de trinta e três anos, esplêndido, voluptuoso, alvo, de que talvez seus beijos seriam quentes como o sol de Teresina, um detalhe impedia o romance dos dois: Ele era casado. Pensava a moça que com ele, a orgia valia uma página da vida ou as páginas da ficção escrita pelo primo.

Quando chegou, ele ficou a recordar do sonho. Lembrou-se que Matias comentava sobre estória de súcubos dita pela prostituta Michele. No fundo, Leônidas não queria saber de tais estórias de demônios. Tinha medo e achava que seria apenas para ridicularizar sua virgindade. Partiu para a mesa e a digitar no computador, mais páginas da sua ficção romanesca.

sexta-feira, 8 de março de 2013



SONHOS DE LEÔNIDAS




6

Naquela noite chuvosa de sexta-feira, Michele subia as escadas rumo ao quarto de Matias. Antes mesmo que batesse, a porta do apartamento soou. A porta se abriu e ela fez sinal para entrar.

- Obrigado por ter vindo! Disse Matias.

- Sem problemas. - Ela sorriu, enquanto sentava-se do outro lado da cama.

Michele era uma mulher alta, meiga, cujas feições inexpressivas ajudavam a disfarçar a eficiência obstinada e o perfeccionismo. Seus olhos verdes e acinzentados, geralmente transmitiam uma impressão de confiança, mas naquele dia pareciam irrequietos e perturbados.

- Você parece cansado - disse Matias.

- Já estive melhor! A mulher suspirou.

- Eu diria que sim.

Matias nunca tinha visto Michele tão preocupada. Seus cabelos grisalhos estavam despenteados, e com o vento a entrar pela janela, sua testa suava naquela noite. Parecia que havia dormido mal e havia mesmo, a mulher estava acordada durante duas noites.

- É possível um ritual para afastar os súcubos! - declarou ela.

- Você quer isso mesmo? Interrogou.

- Sim. Disse o rapaz.

Michele assentiu positivamente com a cabeça. O rapaz olhou para a mulher com uma sensação ruim.

- Apenas me escute. Disse.

O rapaz olhava estupefato.

- O quê? Deve fazer o ritual como manda a oração do livro. Saiba que eles nunca mais te atacarão nos sonhos.

- Ok.

Matias olhou o relógio. Não hesitou. Esperou a mulher iniciar o ritual. Ele e Michele foram para um matagal, nas proximidades da rua Heráclito de Sousa. Caia noite. Tudo era treva no local, exceto por eles estarem ladeado pela luz das velas. Uma oração do livro de são Cipriano parecia penetrar na mente de Matias.

Michele a arremeter contra o jovem, golpes físicos na genitália, arrancando-lhe, sussurros de prazer e dor. Tal ritual, segundo a prostituta seria para expulsar-lhe, a fonte de energia e sede dos súcubos. Queria lhe dizer que seu corpo não ia sofrer. Michele dizia que expulsara as almas perdidas e sendo assim poderia enfim, Matias viveria tranquilamente.

Ela simplesmente explicou todo o mundo de crepúsculo, de sangue, de morte dos súcubos. Michele seria a partir daquele momento, uma mulher das trevas e vestiu-se com trajes de homem e pediu para ser sodomizada por Matias. Mas, para que serviria aquele ato? Pensou miseravelmente Matias.

Se não fizesse tal ato com Michele, os demônios súcubos continuariam a nublar sua alma perante as noites. Os fantasmas dos mortos gritariam e perturbariam como manadas de animais durante os sonhos.  Se pudesse afastá-los, fá-lo-ia. Mas, aonde o prazer carnal com a prostituta, o levaria a livrar-se daqueles malditos sonhos?

Matias fez cara de preocupação ao roçar seus dedos contra a nuca de Michele que aos gemidos transloucados, dizia uma oração que seria o passaporte para livrar-se de tais visões oníricas. O certo é que Matias tinha sido enfeitiçado e ludibriado pela mulher.

O que com o tempo, transformar-se-ia no amante perfeito, um rapaz perturbado pelas poluções noturnas. Suspeitava que a mulher estivesse lhe enganando com o ritual de exorcismo. Não tomou aquilo como um rechaço. Como se pudesse ler sua mente, Michele lhe sacudiu fortemente e apressou mais rápido para o gozo.

Com o passar dos dias, Matias chorava. Depois do ato imundo com a mulher, outros rapazes do bairro riam, quando ele passava pela rua. Certa noite, Matias sonhou que usava uma calça jeans negra e botas. Uma camiseta vermelha escondida por baixo de uma jaqueta negra para ninguém o reconhecer.

Um ímpeto de raiva e vergonha tomou conta dele. Naquele momento, Michele estava novamente se deliciando de outro jovem. Matias entrou no cabaré Babilônia da mulher na rua Paissandu. Ficou escondido até ele terminar o ato indecente. O tal rapaz saiu pela porta sem nenhuma vergonha.

Michele ainda deitada na cama, quando sentiu o golpe de um punhal nas costas. Uma punhalada que varou o coração. O homem desfalecia. Graças a Deus que aquilo tinha sido um sonho ou melhor, um pesadelo lembrava Matias a falar ao amigo Leônidas. Talvez, a vontade de fazer aquilo tivesse sendo reprimido pela consciência.

A mulher sabia apresentar-se nos sonhos como um súcubos. Simpatizante da maior pomba gira, a sete saias, invadia os sonhos de Matias a hora que queria. Dentro do quarto que ficava no final da rua Paissandu, só cheirava ao sexo proibido. Depois de tudo acendia velas para Iemanjá.

Enquanto esperava o relógio marcar doze horas, Michele lia a oração das horas mortas. O ritual parecia iniciar-se. O fogo das velas oscilou nos resplandecentes olhos da mulher e a oração de letras emboloradas presa ao olhar.

O medo, a sede de desejo flutuava em igual medida através dos pedaços de reza balbuciados pelos lábios trêmulos. E assim era melhor terminar aquilo que iniciava. O ritual dos súcubos havia sido feito há muitos anos atrás por um grupo de adolescentes, chamados de adoradores de demônios, os simplesmente adoradores da Sabath.

Naquela noite, Michele rasgaria o véu entre o bem e o mal. Entre o mundo dos mundos e o mundo dos sonhos, um mundo que se retorcia no caos, na fantasia e ilusão. Tudo o que queria era penetrar nos sonhos das pessoas, pessoas que seriam atacadas nos sonhos ao dormirem.

E havia boas probabilidades de que sua vida – tal e como era, transformar-se em um inferno, após o ritual. Lutando contra todas as forças oníricas, o mestre expôs sua alma à prisão no mundo dos demônios súcubos. Orou e ao assumir todo o ritual, tomou a forma de uma natureza demoníaca. O controle de sua alma esquecida e exposta ao perigo mortal.

Alguns dos demônios riam, outros olhavam com horror, outros se arrastaram nas sombras pelo quarto da mulher. E era alma de culpados e condenados por aquele ritual. Então, Michele pretendia manter relações sexuais com Matias. Depois de rezar a oração dos súcubos. Tudo se idealizava.

O sonho de invadir os sonhos das pessoas, transformou-a numa sombra pela escuridão do mundo desses seres. O prêmio em suas mãos era Matias. O rapaz por quem era apaixonado. Os olhos de Michele brilharam ao ver o rapaz, cativo e assustado no sonho.  Matias de cabelos claros ainda úmidos e lisos. 

Após o banho, antes dele deitar o que revelou o impermeável corpo alvo e nu sobre a cama. Seus olhos castanhos azuis, olhos que suplicavam o amor erótico. Desde a tentativa de invasão onírica que o fôlego da mulher soprava como o vapor. Ofegava pela tensão do ato que ela não tinha ideia do que era. Na invasão onírica, a imagem dela era de uma jovem conhecida do rapaz.

- Nãooo. Sussurrou Matias. Sim, OH siiiim. Dizia excitado.

Ela replicou com uma risada.

- Vamos Matias, depois de todos estes ano estudando a seu lado, sabe que não pode ocultar nada de mim, em especial a alguém tão encantado com sua beleza.

A cabeça à altura do ventre daquilo que seria uma mulher, enlouquecia-o. O corpo dela era como parte do seu. Matias girou a cabeça mostrando suas caricias, sob a luz incandescente da lâmpada. O que fora que tivessem planejado naquela noite, os lábios da mulher permanecia secos, exceto também por Matias, mexer-se na cama sozinho.

Assim que a beijava, sentia-se impotente diante do poder sedutor da mulher. A moça arranhava as costas dele, as grandes unhas escarlate pressionavam profundamente contra o formoso corpo. Ela perguntava, se ele a trairia. Pouco importava o que o namorado de Gabriela respondesse.

Esse não era seu dever como homem. Impotente diante da situação, só observava em silêncio. A mulher assemelhava-se mais e mais a sua namorada Gabriela. A imagem de uma linda mulher de olhos oscilantes e em chamas, olhos que resplandeciam intensamente como brasas.

Embora, a maioria usasse a oração para o moderno ritual — ambos os súcubos faziam sexo com o macho e ele era o único que não parecia ser completamente humano. Matias estava pálido, seus olhos azuis, cintilavam castanhos na cor mel e sedento sem energia vital, e em nenhum momento mais parecia viver.

E seu corpo pálido era do mesmo pálido de um defunto, desde o primeiro dia em que foi atacado por um demônio súcubo. Enfim, os ataques intensificava-se.