terça-feira, 31 de janeiro de 2012


POESIAS DE NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA


O ECLIPSE DA POESIA



Na minha vã pobre Filosofia,
Não sou rico de muita poesia,
Mas tenho em meus versos,
O eclipse da diferença que te peço.


De um complexo raciocínio humano,
E ilimitado ao subconsciente profano,
Mensurável ao finito de consciência,
E infinito aos que tem inteligência..


De muitos que tem formosura,
É estado avançado de loucura,
E lentidão no mental de desfavorecidos,


São alma de sábio-loucos esquecidos,
Que na critica dos dissabores de tolos,
Do tal entendimento que deles riam.



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012



PRIMEIRO CAPÍTULO DO MAIS NOVO ROMANCE BARRENSE



Menino moreno 


I

O relógio marcava vinte e três horas. Pelo céu escuro da rua 10 de novembro uma rasga mortalha passou sombria, por cima lá de casa. Ouvi a voz de mamãe dizendo:

— Diz que é sinal que tem um perto de morrer.

E o meu gemido de medo deitado na rede era mais alto do que os roncos do meu irmão que já deitado na rede tornava-se cada vez mais alto. E eu a todo um rumor abafado me tremia. Parecia que meu coração de tanto acelerar com a combustão do medo queria sair de dentro do peito.

— Acende a lamparina que este menino é medroso.

O pedido de mamãe acordando meu irmão deixou-me mais tranqüilo. Coitado dele tinha que acordar do sono dos justos para levantar e acender a lamparina perto de mim. Não gostava de dormir no escuro, mas mamãe dizia que era para economizar o óleo diesel.

Eu ouvia nítido lá do quarto novamente o som por cima do telhado o grito da rasga mortalha voando no mês de janeiro de 1987.  Corri para rede de mamãe, já chorando. Quando meu irmão acendeu a lamparina já vinha entrando no escuro de portas adentro dormir no outro quarto com mamãe.

Às quatro horas da manhã nós levantamos às carreiras para ir para o mercado público no centro de Barras. Lá do quarto com a lamparina ainda acesa, eu via mamãe ajoelhada perto do velho oratório da vovó que coberto com um pano branco e com a imagem de Jesus Cristo em cima, um lindo Jesus Cristo de braços abertos pregado numa cruz, um Jesus Cristo que fazia qualquer um pensar que era de verdade e que estava vivo.

Saímos para o mercado e cada um levava uma coisa para ajudar mamãe na labuta diária. O balde pequeno, eu que levava, já o maior meu irmão e o jacá arrumadinho quem levava era mamãe na cabeça.  A gente chegava na barraca ainda no escuro:

— Sou umas das primeiras a chegar e quem cedo madruga, Deus ajuda.

Antes de arrumar as coisas, mamãe rezava e não deixava ninguém olhar os seus segredos dos pés da reza para começar bem o dia. Fiquei espiando ela rezar, se benzer e com os olhos dormentes de sono sentado na cadeira esperando a barra avermelhada de o dia nascer.


O que passarei a narrar agora é um pouco do que pedi a Deus buscando na memória fatigada um pouco da minha estória e poder contá-la do que vivi na terra de marataoan, quando vim lá do Mocambo para morar em Barras. Não é nenhuma estória de artista, de estrela, mas é minha estória, ficção é claro. 



O ano foi o de 1987 e nele um dos momentos mais felizes. O que escrevo e não posso tirar nunca da minha lembrança são as aventuras que vivi quando criança. Nos pés de parede das casas alheias, humilhado na hora de assistir o Jaspion, também Jeronimo o herói do sertão e os changeman, porque lá em casa não tinha televisão. Também com a baladeira e o alforje cheio de pedras de piçarra, eu caçava as rolinhas fogo pagou que cantavam livre nos matagais para o lado do Curujal. Ás vezes, eu banhava com a água do poço de dona Severina e comia manga verde das mangueiras do sítio Curujal.

Nos caminhos tortuosos de areia da rua 10 de novembro,  eu fui menino que andou descalço e na casa de titio, o sapateiro na rua Gervásio Pires joguei pião, malinei e fiz danação. Pelas manhãs no mercado público junto da barraca de comida de mamãe acendia o carvão no fogareiro para fazer o fogo do café ferver.  A casa antiga lá da rua 10 de novembro onde me criei não tem as mesmas portas, janelas e até os meus amigos de jogar futebol ficaram diferentes e até uns já morreram e outros foram embora da rua também.

Lembro que já entrara o mês de fevereiro e uma saudade de mamãe começou a me agoniar depois que ela partiu pelo portão azul da escola. O colégio Honorina Tito inteiramente lotado de meninos no primeiro dia de aula. O ano de 1987, eu saia da alfabetização no Colégio Casulo de frente o senhor Pote, um colegiozinho que ficava perto da igreja dos crentes na rua Gervásio Pires. Eu já estava na primeira série e lembro bem da diretora que organizava todos em fila indiana por turma e série para cantar o Hino Nacional. 

Mamãe deixou-me no colégio e voltou para a barraca no mercado público vender comida. Uma hora da tarde marcava o relógio e eu olhando para o portão da escola, via que não se vencia a minha saudade com os novos colegas de escola, eu me contentava em ver o F. Cardoso de uma hora da tarde rumar para Teresina e ele buzinava quando parti levando a saudades de alguns.

E de súbito me irrompeu uma vontade de fugir daquele local antes de entrar na sala de aula. Iria de volta para o mercado público. Terminado o Hino Nacional saímos em fila para a classe. Quando entrei na sala de aula fui até a janela para iludir o desejo pertinente de fugir da escola. Andei pela sala toda.  Voltei para minha carteira. Vi um sujeito passando pelo corredor, o vigia, um homem alto que botava medo em quem metesse a besta de fugir dali.

Fiquei na sala para o primeiro dia de aula. Uma hora depois de a aula começar uma idéia apareceu na minha cabeça e sentado perto da janela olhava para o fundo da Cooperativa Mista, com a tentação no meu encalço de pular o muro alto e fugir pelo lado da Cubana. E o diabo atentando para eu fugir. Eu ia mesmo fugir se não fosse pela pisa que levaria de mamãe. O relógio marcava três e dez. Hora do recreio. Sai desconfiado para o pátio.  Fui até a cantina pegar o copo de leite pau de índio com bolacha, ainda bem que o Sarney era bonzinho naquele tempo.

Depois que sentei na calçada para merendar, lembrei-me da redação que a professora Socorro pediu para a turma trazer no outro dia. Fiquei merendando e batendo cabeça com a redação, não conseguia juntar as idéias, mas foi aí que veio á tona a semana santa, as horas de luxúria nas brincadeiras com as meninas lá no Mocambo. Continuei com o enredo na cabeça e tudo foi clareando.

Mamãe tinha me dado para comprar din din, dois cruzeiros, aliás, dois cruzeiros novos, sei lá o dinheiro mudava mais de nome que o aluno Kiko, o Golias da sala. Por falar em Kiko, esse era um menino da peste. Metido a valente. Todos o temiam na escola. Quando Kiko se aproximou de mim, apalpei o bolso. Se ele soubesse que eu tinha dinheiro, ele iria tomar tudo. 

Saí pelo corredor como um ladrão, imperceptível, rápido, alcançando a porta da sala para esconder-me dele. Bateu a campainha todo mundo correu para a classe. Kiko olhava para mim. Fiz que não o vi, e saí andando devagar para sentar na minha carteira. Mas com uma vontade irresistível de dar uma carreira. Se corresse, ele desconfiaria e caçaria briga. Era muito cedo para enfrentar o temível Kiko.

Quando deram cinco horas a campainha bateu para irmos embora. Andei pela rua são José, parei para olhar o Estádio Helvídio Nunes. As pedrinhas da reforma do Estádio ringiam sob meus sapatos quibambas. Dez minutos eu vi a casinha do pai de João Paulo já na rua 10 de novembro. Ouvi uma pessoa correndo atrás de mim com as passadas largas. João Paulo vinha do colégio da Tia Ducarmo, o colégio dos ricos como chamava os meninos do Honorina Tito. Ouvi o barulho seco do sapato dele chutando a piçarra da rua e ele tinha um sapato dos bons, uns sapatos Rainha, lançamento que o pai dele trouxe de São Paulo.

Eu disse para o João Paulo: "Vamos jogar no campo da beira do rio marataoan". ele disse: ainda dá tempo?". O pai de João Paulo começou a me olhar e depois para meu amigo. E levantou-se caminhando rapidamente no terreiro. Olhei para o homem: ele ainda me fitava. Levantou-se e veio até nós. Um frio correu-me o corpo todo.
— João Paulo vai é fazer o dever de casa!
Explicou-me.
— Ah! É que nós iríamos jogar bola?
— Ele não pode porque o avô dele está doente.
— Ah! Quem o vovô? Ele adoeceu? perguntou João Paulo.

Nisto dona Esmeralda o chamou para tirar a farda do colégio. O melhor era sair dali, aquele povo não gostava de mim, diziam que eu era menino de rua e ainda por cima criado solto. Podia desencaminhar o filho deles. Palavras daquele jeito me tiravam o sangue-frio. 

Do outro lado da casa de João Paulo ficava o bar das mulheres perdidas, o popular cabaré da Zulmira. Havia uns pés de cajus na quinta do velho Corano. Pulei para dentro dele. Miúdo passou por mim, dizendo:
— Quimneto, se o Virgulino pega você aí dentro?

Ri-me dele. Só se o diabo do Virgulino adivinhasse! Ouvi um grito de aboio vindo lá da entrada da rua São José. O coração acelerou. Quando olhei de cima da cerca de arame, Virgulino o encarregado do velho vinha a passos largos olhando para a quinta de capim verde com o gado dentro. Na portinhola do curral tinha um pessoal mostrando o gado. Pulei a cerca de arame quase na frente do homem, que me disse aborrecido:
— Eu não quero que pegue caju aí dentro, viu?

Fiquei com medo. Era a primeira vez que uma pessoa estranha me repreendia desde que vim morar na rua 10 de novembro. Virgulino me olhou de cara feia, e me deu um cocorote. Bateu na minha cabeça que os passarinhos rodearam. Se fosse com um pau, estaria perdido. Enfiei o caju no bolso da calça jeans e o outro ele jogou fora. Nem desconfiava do outro no bolso.

Virgulino me olhou com a cara fechada. Já se ouvia dizer pela rua que o homem era miserável com as coisas do velho Corano. Estava com medo dele, com a impressão de que se contasse a mamãe, ela iria me bater. Se ninguém soubesse, estaria salvo.



A CADA FINAL DE MÊS UM NOVO CAPÍTULO. ACOMPANHE ESSA EMOCIONANTE ESTÓRIA FICCIONAL
Poesias de Na Essência da Alma Poética


A MÍSTICA DOS SETE


Em sete sonhos tentei desvendar,
Num longo sono adormecido,


Entre o viver e o morrer esquecido,
Nos sete dias do poder de criar.


Encontrando no Gênesis o inicio,
Das sete igrejas que descerão,


Ouvi o grito das sete trombetas que virão,
Anunciar os sete pecados mundanos,


Lançado pela tríade aos quatros cantos da terra,
Combatidos pelos sete anjos de luz,


No apocalipse que é o fim e que se encerra,
Na eterna batalha espiritual,


Entre o bem e o mal,
Dos mistérios dos sonhos sonhados.

domingo, 29 de janeiro de 2012


poesias de Na Essência da Alma Poética


MADRUGADAS
Nas madrugadas de estrelas brilhantes,
Da janela do quarto, via na escuridão,
O grito do silêncio na noite, a solidão.
E sozinho lembrava-me de como era antes.

As noites negras de minhas tristezas,
Ser minha companheira e amante,
Consolar-me com seu fel e suas friezas,
Adocicar-me amargamente com seu calmante.

As doces desilusões que um dia acreditei,
Na insônia do longo descontentamento,
Que pra mim era um grande tormento,

Levado na saudade dessa noite, o pesadelo,
Dos lindos dias de minha infância que sonhei,
Num riso irônico que se foi e não disse adeus.

sábado, 28 de janeiro de 2012


poesias de NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA


HOMEM DAS TAVERNAS

Pelos burgos e tavernas,
Dos feudos das cidades,
Andarilho errante das cavernas.
Dos bacanais de iniqüidade.

Sórdido nos bares da vida,
Levando em cada gole a orgia,
Curando então as feridas,
Num anuncio de alegria.

De uma falsa dispersão,
De uma viagem louca no além,
Que no álcool disse amém,

De uma ilusão entorpecida,
Ser excremento a vagar,
Sua realidade esquecida.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012


X e Y do AMOR

Ao amigo Sandro Márcio e família.

O amor anda se complicando,
Pelo refugio da tangente,
Na equação do que se sente,
Dos sentimentos alimentando.

Dentro da função do amar,
No teorema da paixão,
Que até Pitágoras sentiu emoção,
No enigma a encontrar,

Pela natureza deflorar,
Os problemas entendendo,
São sentimentos que se vendo,

De amantes no sonho pensando,
As raízes do X e Y do amor,
Nas raízes da equação do amar.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012


POESIAS DE NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA
                                                                      POESIA
Sou nos versos escritos e poetizando,
Da caneta que escreve e que prenuncia,
O poema no ventre que um dia,
Saíram da folha de papel em branco.

Sou as estrofes amorosas de enamorados,
Na poesia a lembrança que é alma viva,
De namorados que se amam e que cativa,
A necrose no coração de apaixonados.

Sou o tudo no esquecimento e o nada,
No principio que se faz o fim,
E se me querem no seio assim,

Carrego no peito a eterna emoção,
Nesses versos alegres da paixão,
Que são remédio e analgésico pra mim.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


POESIAS DE NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA


AMARGOS VERSOS

Elogio a loucura na viagem da mente,
Pelo fogo bravo das chamas de mui paixão,
Que embalam ardendo em brasas o coração,
Das lembranças vãs e quentes que somente,


Quem sente é um poeta e visionário,
Que arrebenta queimando em meu peito,
Este amargo e gostoso verso feito,
De um abrasador poema coronário.


Sou a Dor no fogo da saudade,
Da partida o adeus na solidão,
Do divino a fonte da inspiração,


O Olimpio sagrado mui enaltecido,
De Vênus o segredo da felicidade,
De muitos o pensamento esquecido.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

POESIAS DE NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA
                                                                          
                                                               CARNE E ESPÍRITO

Nas noites de treva em busca do desejo,
Sou a libido na carne do amante embelecida,
Que desvirginando o corpo num beijo,
Fez da beleza linda e envaidecida,


Delírio no seio sentido da paixão,
Da chama de corpos adolescentes,
Sou Vida e Morte, sou Emoção.
Sou tudo que é nefasto e indecente.


Da utopia no sonho da vaidade sentindo,
Sou errante dos ermos prazeres mundanos,
Sigo possuído na carne pela alma do profano,


Em cada humano pervertido delinqüindo,
Sou Carne e espírito em bacanais se amando,
Sou o prazer nas orgias do pecado sentindo.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012





RITUAIS


Passos sem rastro de devoção,
Pelo fúnebre leque de alecrim,
Sombras, túmulos que se vão,
Nas sombras escuras assim.


Sarais de grito sem fim,
Pelo mosteiro pagão,
Pentagramas de Salomão,
Nos círculos de marfim.

Encruzilhadas de luzes,
Crucifixo de diamantes negro,
Condes, e nobres de capuzes,

Musas com rosto de fogo e água,
Chamas que acalentam e afaga,
As mãos que apedrejam.

domingo, 22 de janeiro de 2012




LEMBRANÇA DO RIO


Beirando o rio por trás da serra,
Encerrado pelas belas cachoeiras,
Exalando o cheiro molhado da terra,
Pelo canto da passarada nas aroeiras.


Nos doces banhos ribeirinhos,
E nas altas colinas a paisagem,
De uma linda e rica imagem,
Do vento levando em onda os passarinhos.


Lavadeiras espumando a vida,
No sobe e desce da roupa,
Limpando o suor na batida.


Ao longe o pescador pescando,
Com sua rede o alimento,
No rio do meu pensamento.

sábado, 21 de janeiro de 2012




POESIA DE NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA


GADO NA COLINA

Por entre as nuvens e colinas,
E ao longe os gados na serra,
E doces lembranças das meninas,
E o cheiro molhado da terra.


Vaqueiros no campo laçando,
Feito artista o gado valente,
Os bois no curral vão mugindo,
E de longe seu choro ouvindo.


Seu gemido clamando feita criança,
Detrás das madeiras aprisionado,
Ao cair da tarde a esperança,


Que no outro amanhã libertado,
A pastar pelo caminho somente,
A verde relva vivente.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012




DELÍRIO DE AMANTES

Da amada beijando o néctar fecundo e doce dos lábios,
Nos mares bravios e vaidosos de uma cama,
Do falar enigmático no mistério dos sábios,
Nus corpos em delírios rolando na grama.


Cativeiros de amantes em substância vão urrando,
Loucos devaneios em soluços e gritos de lobos,
Gemidos insanos que transpiram gritando,
Na libido erótica e oculta de seres libertinos e bobos.


Seios assediando a ironia de decompostos olhares,
São raras pedras que no espetáculo são preciosas,
De raros brilhantes fecundos em belos colares.


Do ventre escultura impessoal da deusa Afrodite,
Das mãos maliciosas de prazer e por demais ociosas,
Lactando sussurros de fantasias e fascinação.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012




na essência da alma poética


DESEMBARQUE

Seguindo e cambaleando feito trem nos trilhos da vida,
Não encontrando a estrada vazia nos dias do futuro,
Que de num destino opulento e amplo no obscuro,
Foi vagão descarrilado no suspiro da alma desiludida.

Que partindo humilhado na volta sem ermo e sem rimo,
Facultando na origem rumores dos olhares afetuosos,
Das vísceras pútridas na face das carnes sem ossos,
Do olhar firme e triste no desprezo de um choro de menino.

Braços ao vento levantados e despertando vozes cantando,
Uma ladainha triste que fascina e esvazia o interminável,
De uma melancolia a vagar e que vela o alívio, no entanto,

Do enevoado mármore frio que é leito gélido e brando,
Nas parafinas de luzes que se dissolve e vão acendendo,
O clarão da alma vivente que na pá de terra vai enterrando.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012


POESIAS DO LIVRO NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA

Na Essência da Alma Poética

Joaquim Neto Ferreira

ANTES DA HORA

Só desejo silenciosamente que possam ver linda a aurora,
Dessa longa noite incessante e pálida que foi escurecida,
Impaciente demais nessas sombras vai antes da hora,
No crepúsculo que descansa a sede da existência na vida.


Oculto o desinteresse nessas madrugadas e o desalento,
No declínio frio de minha tristeza que tece a apatia,
Dos desafios incoerentes dos lamentos da vida que atento,
Na desesperança inconseqüente que se respira num dia.


Tudo se fez na inércia e no silêncio desse momento,
O acúmulo falso dos planos declinados e desfeitos,
Na menopausa que é espelho vil do pensamento,


No próprio desencanto contraditório e inquieto do leito,
Que são descanso e impulso da solidão no medo,
Do triste amanhã insensível que a alvorada assistiu e se vai.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012



ÚLTIMO CAPÍTULO DE JOGO BAIXO

XIII


60 meses

            La marque viveu sessenta meses preso e sem julgamento. Quando se está preso, somos tratados como vagabundo, como culpado, é um transitado em julgado, onde se antecipa os fatos sem o fim dos mesmos. Ás vezes sentado a sombra do julgamento de todos e no cárcere o que resta é peregrinar pensamentos, suplicar lembranças. Eu, bem me lembro do meu amor que morreu nos meus braços na primeira noite assim que cheguei do garimpo para buscá-la daquela vida fácil.
            — É uma agonia de amante...
           Dela, tenho como lembrança uma rosa murcha plantada no tumulo do cemitério são José no bairro Pequizeiro. Samantha estava linda com uma fita vermelha que prendia seus cabelos.
— Que promessa você fez para Samantha? Perguntou Caçoleta.
— Olha Caçoleta, um dia eu viria pegá-la para mim. Talvez, eu fosse um louco no auge dos dezoito anos... Talvez, um louco.
— Muito bem! E você cumpriu.
         Quando a conheci na Fazenda Rio Doce nós fomos separados pelo destino. Só errei em não dizendo que talvez ambas as coisas há seu tempo. Meu pai Francisco Mafagafos, era um homem conservador, moralista, um dia ele disse:
             — Amar mulher casada é uma insânia.
          Talvez o gênio do meu pai não fosse um entusiasmo do amor. Na vida misteriosa de Chico Mafagafos, nas orgias da rua do Brega, no desonrar de mamãe havia uma sombra que ele ocultava: quem sabe?
— Ele foi contra vocês?
— Sim, expulsou-me de casa. Bradava aos quatro cantos do Mocambo que eu e Samantha iríamos viver na miséria e que nossas almas borbulhariam no inferno.
— Viver na miséria!
O velho meu pai assim que descobriu nosso romance esvaziou o copo de café que ele bebia balançando-se numa rede, embuçou-se e levantou.
— Eu tenho uma coisa horrível para te dizer La marque. Não vai mais comer aqui na minha casa. Fome e sede!...
Na verdade, Caçoleta e William, o homem é uma criatura perfeita por natureza. Ele ergueu a mão para me abençoar e mostrou-me o horizonte, o mundo do alto do alpendre da Fazenda, disse-me: Vê, tudo isso e belo — o brejo de águas, a quinta com o gado dentro tudo isso só será teu depois que eu morrer.
Nas palavras eu sentia a ironia mais amarga de um pai desprezando o filho, a decepção mais árida de todas as ironias e de todas as decepções de um filho pode ouvir do pai. Tudo isso se clareava diante de mim. Eu jurei que de fome e nem sede Samantha morreria.
Quando o cabo Villaça abriu o cadeado da cela, La marque saiu sentindo a brisa de a liberdade levantar-lhe os pelos dos braços. No bar das Estrelas, o homem conversava com Berenice. Tudo que você viu e ouviu contarás no seu depoimento.
— Muito bem Berenice, vamos viver nossas vidas! Disse La marque. Trouxe as cartas que lhe escrevi?
— Sim! Está aqui!
— Ok, certo?
— Certo! Obrigada Berenice por acreditar na minha inocência.
— Nossa La marque, eu nunca pensei que a Helena tivesse coragem para matar a Samantha pelo teu dinheiro.
—  Para você ver que não devemos confiar nas pessoas!
Durante os cinco anos na prisão La marque Mafagafos escreveu cartas para meretriz Berenice. Ela o único possível álibi para provar sua inocência do crime de assassinato de Samantha Buriti. Ele conseguiu convencer Berenice da sua intenção de ser inocente e assim dizer onde estava o dinheiro para Helena. Na verdade, La marque Mafagafos não era tão inocente assim. Ele mesmo cometera o crime, só que por ódio, ódio depois que ouviu Samantha e Helena declararem-se amantes e combinarem de assassiná-lo na noite de 13 de janeiro de 1988 para fugirem com todo o dinheiro.
Durante o tempo que passou preso na cadeia pública La marque arquitetou sua defesa para a acusação do crime de assassinato. Ele valeu-se da ambição de Helena pra que a meretriz fosse presa pelo roubo do dinheiro, aí seria mais fácil acusá-la de assassina de Samantha assim que Berenice acreditasse na sua história de inocência através das cartas que ele enviava da prisão.
Assim que Helena fugiu para Teresina com o dinheiro e William Pequi foi preso em flagrante, Berenice contou tudo sobre o dinheiro de La marque para o delegado. O plano da armação para Helena havia dado certo e Berenice ouviu tudo calado e com a ajuda do amante William Pequi daria o golpe fatal. Porém, La marque conseguiu enganar Berenice dizendo que Helena matara Samantha pelo dinheiro. A vida é um jogo baixo, a pedra do jogador tem que está do lado certo e não pode oferecer volta, a jogada não pode ter dúvidas, se não a vitória não será certa.








FIM




segunda-feira, 16 de janeiro de 2012




penúltimo capítulo da novela barrense:

VOCÊ JÁ DESCOBRIU QUEM MATOU SAMANTHA? LA MARQUE é INOCENTE OU ACUSADO!
  JOGO BAIXO
                      capítulo 12

XII

O golpe

Cabo Villaça estendeu a mão para retirá-la da viatura, Helena levantou-se com as mãos algemadas. Tenente Cláudio tirou do bolso o boletim de ocorrência amarrotado, atirou-o na mesa do delegado João Oliveira e leu: “a acusada de furto atesta para os devidos fins que o dinheiro levado da casa do finado Chico Mafagafos no bairro Boa Vista em Barras juntamente com a ajuda do amante de Berenice, o William Pequi e que o dinheiro pertencia a La marque Mafagafos”. 
Helena sentada na cadeira chorava e gemia.
         — Helena você fez isso, sim ou não? Perguntou Tenente Cláudio.
Ela voltou o rosto para o outro lado, quis falar... Interrompia-se a cada sílaba.
— Sim.
— E o que tem a dizer da morte de Samantha Murici. Continuou o oficial.
Agora... Dizia ela erguendo-se e estendendo a mão.
— Samantha Murici? Perguntou a mulher.
— Sim, sua amiga lá do bar das Estrelas! Enfatizou o militar.
Helena desmaiou. Ela abaixou a cabeça na mesa, não falou mais.
— Você a matou? Certo!
Cabo Villaça a interpelava: sacudia-a a toda a força.
Helena levantou um pouco a cabeça, estava macilenta, tinha os olhos fundos numa sombra negra.
— Deixai-me, maldiçoados! Deixai-me nesse inferno! Gritava Helena.
— Você a matou? Bradou cabo Villaça.
 — Você a matou? Perguntou tenente Cláudio.
 — Não é verdade... Eu não a matei.
            — Por que roubou o dinheiro? Não tem nada haver com a morte de Samantha.
— Como? Perguntou o delegado.
— Com os diabos, delegado! Que isso importa! Mas foi assim...
Dia 13 de janeiro de 1988 a cinco anos atrás, La marque chegou aqui em Barras. Samantha estava no salão de cabelos juntamente comigo e feliz porque iria deixar a vida de prostituição e casar com o homem que amava. Nós discutimos no percurso para rodoviária. Ela disse que o homem dela estava cheio da grana e iriam casar. Eu poderia sair da vida fácil do bar das Estrelas. Fui até o local onde ele estava. Bati na porta e La marque abriu. Encontrei deitado na cama. Ele me conheceu...
— Oi La marque…
—Oi Helena, quanto tempo mulher?
          Eu soltei uma gargalhada. Eram sete horas da noite. A noite estava sombria. Nevoeiros frios pairavam nos céus barrenses. Assim que foi tomar banho, eu como um anjo das trevas fiz Samantha cair aos meus pés, lívida e suarenta com a agonia do beijo sexual sobre meus lábios. Ela deitou-se sobre mim. Daí a alguns instantes, eu vi o homem chegar do banho e fingi dormir.
         Tudo o mais foi um sonho: a rua completamente deserta e Samantha vinham do salão de cabelos passeando e a noite chuvosa seria o mestre da minha arte.  Ela entrou e debruçou-se sobre o leito vazio da cama, eu deitei no leito junto dela, e com um dos braços apunhalei o coração. 13 de janeiro, uma noite que seria o meu passaporte para deixar a vida fácil, um fato fabuloso se não fosse à procura nesses cinco anos pelo dinheiro daquele miserável que está na cela.
         La marque veio ao leito de Samantha, mas ela ainda gemia e chorava com uma voz cavernosa e rouca: ele arrancou-lhe o punhal com força, ela gritou mais já estava morta dentro do quarto. Ele atirou-a sobre a cama implorando por socorro: abri a porta do meu quarto. Acendi a lâmpada do pátio defronte ao quarto de Samantha para olhar La marque entrar e eu vim gritando.
            Samantha com os lábios pálidos tentaram murmurar no ouvido dele meu nome, mas os interrompi gritando e chamando por dona Marieta. Eu tremi de ver meu semblante tão lívido no quarto dela e lembrei-me que naquele dia ao sair do quarto da morta, no espelho que estava pendurado a parede, eu me horrorizara de ver-me uma assassina...
           Um tremor, um calafrio se apoderou de mim. Ajoelhei-me, e chorei lágrimas ardentes. Confessei tudo a Berenice: parecia-me que Samantha que se erguia dentre os lençóis do seu leito e me acendia o remorso e no remorso me rasgava o peito.
— Por Deus! Foi uma agonia!
No outro dia conversei friamente com o cabo Villaça. Ele lamentou a falta de Samantha no bar das Estrelas. Mas sobre a noite passada, nem uma palavra. Durante esses cinco anos, todas as noites era a mesma tortura, todos os dias a mesma frieza. Contudo, lembrei-me que o dinheiro não estava com Samantha como disse La marque.
Procurei-o na cadeia para dizer-me onde estava com objetivo de pagar um advogado para ele, mas ele recusou-se. Quando eu pedi para o amante de Berenice, o William Pequi ir ao quarto dele na Boa Vista e dar uma busca pelo dinheiro. Porém, Berenice não dormia completamente perto da sinuca no bar das Estrelas, ela viu quando eu lavava minha roupa branca do sangue de Samantha e passou por perto, roçou seus cabelos soltos, e nas lájeas do corredor estalavam umas passadas tímidas de pés nus.
Ela vira tudo e ouvira. Berenice se acordara e sentira por minha falta no leito, a mulher ouvira o grito de Samantha, e correra para ver… agora com cinco anos depois da morte de Samantha, chamei Berenice e a convidei para me acompanhar para Teresina. Nós tínhamos de sair da cidade e eu não queria ir com o amante dela o William Pequi.
Saímos juntos: a noite era escura e fria. O vento desfolhava as árvores e os primeiros sopros do inverno rugiam nas folhas secas do chão na rua são José. Caminhamos juntos muito tempo. Berenice parou e desistiu.
— Espera-me aí, disse ela, não vou mais com você, se não serei sua cúmplice.
— Então fique nessa vida desgraçada, pois estou é rica!
Eu sentei no caminho à espera de um ônibus para Teresina: vi àquela hora uma luz de carro clarear-me o rosto e aparecer entre os matos da estrada perto do morro do pipoca, um caminhão. Por fim fiz o motorista parar. O velho abriu a porta do caminhão. Entrei. O que aí se passou na viagem para Teresina, nem eu e nem ele sabemos: quando a porta abriu-se de novo na capital, uma mulher lívida e rica despontava com nova vida.
A porta fechou-se. Alguns minutos depois o motorista seguia viagem sem mim. Eu o amei por duas horas. Quando eu estava decidido a juntar-me com Samantha, o maldito do La marque apareceu do Pará. Senti-me traída após longas noites perdidas ao relento a espreitar-lhe de Samantha um carinho, um amor, quando após tanto desejo e tanta esperança eu sorvi-lhe o primeiro beijo, a primeira noite de amor, Samantha estava decida partir com La marque que voltava do garimpo rico. Eu acolhi quando chegou no Bar das Estrelas. Fui sua amiga fiel, companheira. Ensinei-lhe a arte da sedução e como arrancar dinheiro dos homens.
Foi uma noite de soluços e lágrimas, de choros e de esperanças, de beijos e promessas, de amor, de voluptuosidade no presente e de sonhos no futuro... Ela desistiu de mim. Vinte anos depois o amante dela, La marque voltava do Pará. A voz sufocou-me na garganta: nós duas chorávamos.
Eu também chorava, mas era de saudades de Samantha... Logo que soube da fortuna, o dinheiro de La marque enfeitiçou-me. Contudo meu amor não morreu! Nem o dela! Muito ardentes foram àquelas horas de amor e de lágrimas, de saudades e beijos, de sonhos e maldições para esquecermos uma da outra.
A noite de 13 de janeiro foi uma loucura! Depois dessa noite seguiu-se outra... E muitas noites, as folhas sussurraram ao roçar de um passo misterioso, e o vento se embriagou de deleite nas nossas frontes pálidas...
— Muito bem! Agora guarde seu discurso para o juiz da comarca! Interrompeu uma voz.
— Posso fazer uma pergunta delegado? Interrogou Helena. Quem me denunciara à polícia.
— Berenice! Disse o delegado. É foi à testemunha ocular do crime que você cometeu.
— Eu sabia que foi aquela falsa, sonsa mentirosa, mas eu não matei Samantha!
O homem que falara era um advogado. Um homem já de idade, meio alto de frontes calvas e longas com o rosto fundo em rugas e espessas sobrancelhas grisalhas lampejavam-lhe os olhos azuis e um ralo bigode que cobria parte dos lábios vermelhos da fumaça de cigarros. Trazia um terno negro e uma pasta nas mãos já desbotada, da mesma cor da roupa.
— Quem é o senhor? Perguntou o tenente Cláudio.
— Dr. Júlio César, defensor público.
— Quem é o senhor?
— Eu sou o oficial Tenente Cláudio! Responsável pela prisão da acusada.
         Na verdade não foi difícil entender o que estava acontecendo: correu muito boato em Barras, a cada instante nas esquinas saia conversas e mais conversas que mudam até de nome e de sobrenome. La marque via os últimos raios de sol nascer quadrado. Ele apertava as mãos do companheiro Caçoleta antes de ser solto.
           —  Obrigado amigo!
           — Não me agradeça. 


domingo, 15 de janeiro de 2012


 ANTEPENÚLTIMO CAPÍTULO
JOGO BAIXO
               
                    CAPÍTULO 11

XI

Helena

William ficou pálido com o que La marque narrava. Pois bem, te conto a história. Mas quanto a essa sobre Samantha, pode crer é bem cheia de terror. Não é um conto, não é uma lembrança do passado. Não é meu alvará de soltura, mais é a verdade, rapaz.
— É uma ladra! Uma ladra!
— Conta La marque! Conta tudo!
La marque falou: os mais fizeram silêncio. Era tempo. Quatro horas depois amanhecia o dia na terra de marataoan. Helena já estava fora de Barras. Os raios do sol invadiam a cela depois de uma madrugada borrifada de orvalho das chuvas, das nuvens azuladas, e as águas salpicadas dos céus barrenses.  
A natureza encorajava os primeiros raios do sol a romper a barra avermelhada do dia. A conversa dos três homens invadiu toda a madrugada e encerrava-se pelo ar fresco do dia que os faziam dormir como excrementos da cidade, como excrementos da amásia Helena. Um dos homens, La marque via em sonho Samantha e beijava-a.
Ele sentia a mulher em vida que se evaporava dos seus lábios. Ele sobressaltou-se, entreabriu os olhos; mas o peso do sono ainda o acabrunhava, e as pálpebras pesadas se fechavam...
O sol estava no alto céu marataoan— era meio-dia: o calor dentro da cela da cadeia aumentava: pela fronte, pelas faces, pelos braços dos homens rolavam gotas de suor dentro do quarto da prisão. Ele vinha caminhando pelo corredor com uma curiosidade indiscreta.
O soldado Sousa chegou perto da grade da cela e chamou por La marque.
— Senhor La marque, vossa irmã, quer falar com você. Deixo-a entrar.
— Sim! Pode deixar! Obrigado! Foi essa a resposta do homem.
— Você soube o que aconteceu? Murmurou Glória.
O homem respondeu não.
— Toda a polícia está atrás daquela amiga da Samantha.
— Helena?
— Sim, dessa desavergonhada mesmo!
— O que ela fez? Perguntou o homem.
— Furtou todo o teu dinheiro lá de casa!
La marque ficou como uma estátua, o olhar imóvel, o lábio sedento e o arfar do peito denunciava que a justiça começava a ser feita ou mesmo preparada. Ele ajoelhou-se para rezar a nossa senhora da Conceição: nem sei o que ele dizia nos lábios trêmulos.
Não sei que palavras se evaporaram daqueles lábios: eram palavras, podia ser pés de rezas. A irmã dele, Glória escutava, mas não o entendia, sentia só que aquelas rezas eram muito doces, que aquela reza era como um talismã, a palavra de Deus.
O homem chorava, soluçava: por fim ele ergueu-se com a ajuda de Glória. Eu ouvi o soldado dizer que a polícia a prendeu lá em Teresina.
— Pois bem, disse ele.
            La marque tapou-lhe a boca de Glória com as mãos...
— Silêncio, Glória!
— Então, o que ouviu mais?
— Nada!
— Descobriu todo o meu  dinheiro? Perguntou La marque.
— Sim, furtou todo! Respondeu a irmã. Ela está presa na capital e devem trazê-la para Barras qualquer hora.
— A justiça de Deus! Disse Caçoleta.
As lágrimas, os soluços abafavam-lhe a voz de La marque. Depois de dois dias presa em Teresina, Helena chegou a Barras. Ela não respondia a nenhuma das perguntas na viagem, porém só chorava. Na cela da viatura a mulher estava deitada com o rosto entre as mãos. À voz do cabo Villaça ergueu-se de súbito.