sexta-feira, 31 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS

MARATAOAN*, PALCO DE ILUSÕES.

Marataoan, rio íntimo das sublimes transgressões,
Difamado e enfadado no erotismo das águas,
Das faíscas prateadas lançadas na magia que deságua,
No paladar da estrada da alma das fiéis recordações,

Rio de pálpebras dormentes e ondas tortuosas,
Lisonjeando absoluto com egoísmo indecente,
A linda “Barras” de encantos poéticos que te sente,
O beijo malicioso da terra que de ti é orgulhosa,

Na metamorfose das águas dos sonhos dilacerados,
Dos sabores suicidas de brilhos fulgurantes,
Das correntezas ingênuas de suspiros anelantes,

De ondas caudalosas que inspira poetas alucinados,
No reflexo de volúpias da imagem segue arrogante,
Do palco das ilusões vãs de amantes apaixonados.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012



NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS

OLHAR INDECENTE

Se a visão indecente de um olhar sensual,
Fosse à luz reluzida do candelabro acendido,
Apagaria a sombra do prazer carnal reprimido,
E rompia os limites da luz num corpo escultural,

Seria somente um mísero débil em disfunção,
Coagulando o amor ardente em teu corpo nu,
Tragando prazeres cadentes de um céu azul,
Em dia de sol eloquente no mar de sedução,

Diante da orla do naufrágio dos pensamentos,
Nas embarcações das fantasias de adolescente,
Desprovido de tristeza em refúgio do que sente,

Nas areias de castelos efêmeros da alma,
Dos sonhos marinheiros surdos que acalma,
O furor vil de delírios insanos dos sentimentos.

sábado, 18 de agosto de 2012

CRÔNICAS DO SÁBADO



CRONICA DA POLÍTICA BARRENSE

O getulismo barrense é de maquiagem e pó compacto na face.

Quando, por uma lei das supremas potências (acordo político entre Temístocles Filho e senador JVC), o prefeito humilde, sem Ingá, sem chão de barro, apresenta-se à plateia barrense já entediada, diante de um estarrecido e prenhe marasmo administrativo político, pedindo para sair. Pede pra sair! Pede sair!

– Eu saio senhor. Eu saio.

– Turno! O 01 saiu.

– Zero um, o senhor é um fraco, um incompetente. O senhor não serve seu zero um, o senhor é um fanfarrão.

Ele agora caindo na realidade pragueja contra Deus, que dele então se apiada já sem forças. Os que foram gerados em ninho de serpentes, amamentam-se do seu caleijão político ainda tão sem graça até o fim do ano.

Barras é maldita, a prefeitura e a sede de poder é uma noite de prazer ardente em que quem vive no seu ventre concebe-se na desgraça dos que bajula, os que tem poder! Pois que entre todos nesta terra barrense é eleito ao desgosto de ser o triste esposo da viúva, da casa rosada. O poder nas mãos é fogo arremessado do qual se deita no monstro asqueroso que recai ódio e afronta o instrumento das maldições.

Barras torcia de ponta a ponta. Barras se vinga de um só, se vingará de velhos bordões político pautados na humildade. Hoje as coalizões partidárias e acordos políticos não são mais ruminados pelo povo, pois o povo tem o ódio e o envenena a maus políticos, maus administradores, aos larápios do dinheiro público. O político barrense, o mau administrador por nada entender dos desígnios do homem recorre aos eternos, ele próprio preparou o fundo de sua Geena e ali se enterrou.


O incompetente hoje pira, pira consagrado aos delitos da arrogância e da prepotência nepotista. O povo barrense acorda sob a auréola do sol, porém, a sapiência do homem barrense é anjo vigilante. Os fichas sujas de Barras se juntam pela fome desenfreado pelo poder, pelo erário publico e em tudo o que eles comem ou bebem a cada instante em Barras, há um gosto de ambrósia e néctar encarnado, néctar amargo do brinde de velhos inimigos.

Barras nos seus quatro cantos, fala aos ventos e eles até desafiam a via-sacra do orgulho contido e percorre alegre nas canções do Vento norte, do vencedor, do hino de são Francisco e percorrem, celebrando em festa a união. Eles, hoje são na união pelo erário, espíritos seguindo na romaria chorando feliz.  A política barrense é de maquiagem e pó compacto e o povo observa com receio, com desprezo a estranha paz dos velhos inimigos políticos. Até que o povo busca quem saiba entendê-los como feras que cada um traz em si.

O povo barrense viveu momentos de pão e vinho que lhe serviam de repasto. Esse mesmo povo agora pela mão de velhos inimigos quer empurrar-lhe cinza e pútridos bagaços. Inimigos de outrora, hipócritas, seres nefastos do dinheiro publico, só arrependem-se agora por haver cruzado e unidos seus passos. Barras nas praças e periferia perambula aos gritos dizendo:

- O 01 pediu pra sair!

Barras novamente revive o momento em que os ídolos de velhos ritos, sim, eles, querem inteiramente de joelhos, embebedar o povo com seu amante tão intenso que usurpar o riso nos cândidos louvores. O povo barrense está cansado de fatigar-se a essas ímpias fantasias estrangeira, candagas.

O povo se ergue sereno com as suas mãos piedosas, as multidões furiosas: esse ano o povo se purga dessas imundícias políticas, dessas santas delícias! O monarca despediu-se, de semblante azul, canhestro e envergonhado, ele deixa pender, qual par de remos junto aos pés, na sua imagem em branco já maculado.

É feia a desgraça desse viajante agora flácido e acanhado, de cachimbo no bico sem fumaça, cujas palavras o impede de falar. Fim dos tetos estrelados, translúcido e divino erário público.  Adeus casa rosada, adeus loba fértil em anônimas ternuras, aleitava o universo familiar com as tetas duras.

O rei barrense já não se gaba, sua corte inteira sai rumo ao degredo. Saem ao tronco cômico, nas figuras de espantalhos! Saem de corpos magros, flácidos, inflados, falhos, os amigos, seus deuses utilitário, também são frios e com cansaço, no império tão corrompido, como velhos povos esquecidos de rosto roídos pelos cancros.

Barras é hoje Goya, lúgubre sonho de obscuras vertigens, cheia de fetos cuja carne cresta os sabás. O prefeito Delacroix, com seus anjos maus banham-se no esquecimento, na orla marataoan que não se apaga as entranhas fanfarras, sob um céu exangue. Essas blasfêmias e lamentos indistintos, os soluços que erra de era em era e vem morrer aos pés de vossa eternidade!

REPORTAGEM ESPECIAL: CRIAÇÃO LITERÁRIA


Fôrmas em Prosa



Muito mais complexo que o problema das fôrmas poéticas é o das formas em prosa. Primeiro, porque não se trata apenas de descrevê-las, como fizemos com as primeiras, mas de diferençá-las. Segundo, porque constitui problema ainda aberto e de notória atualidade. A caracterização e o histórico das fôrmas poéticas pertencem à retórica tradicional, enquanto a distinção e a análise das formas em prosa constituem questões da moderna teoria literária. 

Antes do século XVIII, quase tão-somente a poesia é que interessava aos teóricos da Literatura, que entendiam por poesia a lírica, a épica e o drama. A tal ponto as formas em prosa ostentavam menos cotação que os poucos estudos acerca do romance anteriores àquela centúria via de regra tinham por objetivo subestimá-lo, considerá-lo inferior à epopéia, e mesmo à tragédia e à historiografia, ou satirizá-lo: Langlois (dit Francan), Le Tombeau des Romans ou il est discouru. I: Contre les Romans; II: Pour les Romans (1626), Charles Sorel, Antiroman ou I'Histoire du Berger Lysis (1631) e De Ia Cormaissance des Bons Livres, ou Examen des Plusieurs Auteurs (1672), Cirano, Lettre contre un Liseur de Romans (1663), Boileau, Dialogue sur les Héros de Roman (1665), Pierre-Daniel Huet, Traité de l'Origine des Romans (1670), A. Furetiere, Le Roman Bourgeois (1704),1 anônimo, Roman Nouveau (1683), Len 1 Álvaro Uns, Jornal de Letras, 7" série, Rio de Janeiro, O Cruzeiro [1963], pp. 312-313; Arend Kok, Introdução, notas e edição crítica do Traité de l'Origine des Romans, de Pierre-Daniel Huet, Amsterdam, N. V. Swets e Zeitlinger, 1942, pp. 51 e ssglet-Dufresnoy, De l'Usage des Romans (1734).2 

Por outro lado, tais doutrinadores se referiam mais à novela que ao romance. Com o Romantismo e a conseqüente criação do romance no sentido moderno do termo, as teorias a seu respeito entraram a destronar a velha preocupação pela poesia épica e pelo teatro.3 De tal modo o romance ganhou prestígio entre os estudiosos de teoria literária que um erudito de nome A.-I. Delcro não teve dúvidas em compilar um Dictiormaire Universel Littéraire et Critique des Romans... (1826).4 No entanto, como ainda fosse muito arraigado o conceito que distinguia a poesia épica e a dramática com foros de nobreza artística, os comentaristas do romance ora tendiam a considerá-lo uma "enciclopédia poética", ora uma "pseudo-épica", Seja como for, graças ao êxito alcançado pelo romance, simultaneamente com “o ensaio jornalístico, a peça dramática de tom sério e final feliz, etc.", as doutrinas clássicas entraram em crise.

Menos bafejados foram o conto e a novela, o primeiro, porque tratado como romance curto (sob o designativo de novelia, termo emprestado do Italiano), num embaralhamento que ainda hoje provoca confusões, e o segundo, porque confundido com o romance, A Friedrich Schlegel se devem as primeiras teorizações acerca do conto ou novela, tendo por base II Decamerone, de Boccaccio, reunidas em trabalho publicado em 1801.7 Até fins do século XIX, os estudos acerca da prosa da ficção eram parciais, breves ou ainda miados a antigos e superados conceitos. 

Todavia, as preceptivas literárias então aparecidas, de caráter anormativo, ao contrário do que postulava a tradição, já começavam a abrigar doutrinas a respeito do conto e do romance e mesmo da novela, geralmente com o equívoco apontado, No setor do conto, destacam-se as idéias de Poe, pioneiras e ainda atuais. Em fins do século XIX é que entram a surgir os primeiros grandes teorizadores, contemporaneamente ao desenvolvimento atingido pelo conto nas literaturas ocidentais. 

E ao longo deste século, o número de estudiosos do assunto cresceu 2 KIaus Friedrich, "Einc Thooric dcs "Roman Nouvcau" , in Romanistisches Jahrbuch, Romanisches Seminar, Hamburg, XIV Band, 1963, p. 105. 3 Rcné Wcllck, Hisroria de la Critica Moderna (1750-1950), tr. espanhola, 4 voIs. Madrid, Gredos, 1959, vol. lI, p. 28. a olhos vistos: Brander Mathews, Carl H. Grabo, G. R. Chester, Elisabeth Bowen, Sean O'Faolain, V. Propp, e tantos outros, especialnente de língua inglesa. .. ]

Em vernáculo, a mais remota tentativa de estabelecer os limites do conto se encontra em Corte na Aldeia (1619), de Francisco Rodrigues Lobo. Em dois diálogos, os de nº X e XI, procurou marcar as diferenças entre os "contos", identificados com as narrativas folclóricas, e as "histórias", com as novelle boccaccianas. Chegou, inclusive, a frisar que os contos' 'não querem tanto de retórica", ou seja, pedem a brevidade. A relevância das distinções feitas pelo escritor português do Barroco não escapou a um estudioso do porte de Menéndez Pelayo, para quem ele' 'tentou antes de qualquer outro reduzir a regras e preceitos a arte infantil dos contadores, dando-nos de passagem uma teoria do gênero e uma indicação de seus principais temas". 

Somente em nossos dias a teoria do conto voltou a merecer atenção em Portugal, desta vez com um trabalho exaustivo e sistemático, Biologia do Conto (1987), de Armando Moreno. Entre nós, tirante observações esparsas de Machado de Assis, a primeira teoria do conto que se conhece, é da autoria de Araripe Jr., no "Retrospecto do Ano de 1893", publicado na Semana de 1894 e mais tarde enfeixado em Literatura Brasileira. Movimento de 1893. O Crepúsculo dos Povos (1896). 

Um vasto hiato se fez daí por diante até que o assunto voltasse a ocupar a crítica, inicialmente graças a Herman Lima e as Variações sobre o Conto (1952). Quanto à teoria do romance, um dos primeiros estudos de conjunto data de 1883: Beitrage zur Theorie und Technik des Romans, de F. Spielhagen. Depois dele, a quantidade de teorizadores vem aumentando progressivamente até os nossos dias, numa verdadeira pletora de doutrinas e interpretações: Henry James, Albert Thibaudet, Percy Lubbock, E. Wharton, E. Muir, E. M. Forster, R. Koskimies, Roger Caillois, Robert Liddel, G. Lukács, Wayne C. Booth, Lucien Goldman, F. K. Stanzel e tantos outros. 8 Menéndez Pelayo, Orígenes de la Novela, 4 vols., Santander, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1943, vol. III, p. 150. A c::ssc respeito, ver Walter Pabst, LA Novela Corra en La Teoria y en La Creación Literaria, Ir. espanhola, Madrid, Gredos, 1972, pp. 187 e ss., - para quem é mais do que evidente a influência de li Libro del Cortegiano (1528), de Castiglione, e de I Diporti (1550), de Girolamo Parabosco, sobre Francisco Rodrigues Lobo. Ver o capítulo dedicado ao estudo do romance, mais adiante, e a bibliografia infine.

Nem por causa da avalancha de estudos referentes à prosa de ficção se pode dizer que o problema está resolvido. Os fatores que determinam o caráter aberto e complexo dessa questão podem ser arrolados do seguinte modo: em se tratando de novela e de romance, é alto o débito para com a poesia narrativa (canções de gesta, epopéias). Historicamente, ambos se prendem à poesia épica, ao menos na generalidade dos casos: por certo que seria lícito objetar com narrativas clássicas (como Dáfnis e Clói, por exemplo) que não parecem dever nada à poesia épica, mas constituem exceções à regra. 

Ou, por outra, podem ser consideradas manifestações proto-históricas da novela, que veio a despontar na Idade Média, pelo processo de prosificação das canções de gesta. Outra determinante que perturba a clareza desejável nesse terreno: cada país, ou área de cultura, ou época histórico-literária, ou tendência crítica, defende idéias próprias acerca das fôrmas em prosa. A essas contingências deve-se acrescentar que o vocabulário da crítica literária, apesar do esforço de alguns e do desejo duma maioria consciente, ainda está longe de alcançar precisão e univocidade. 

Outras causas podem ser aduzidas para explicar a dificuldade em se chegar a uma forma de consenso nessa matéria. Em primeiro lugar, as relações entre atividade literária e as outras artes e modos de conhecimento: além de se moverem nas duas direções, desenrolam-se praticamente dentro do mesmo contexto histórico. Essa contemporaneidade e interação apontam para o fato de que a prática literária, enquadrada que está na sociedade que lhe dá origem e razão de ser, destina-se a servir, em qualquer dos sentidos do vocábulo "servir". 10 Em segundo lugar, a história das fôrmas literárias mostra-nos um dinamismo que afasta a hipótese das soluções definitivas. 

Tomando como exemplo o romance, observa-se que entre suas primitivas modalidades, datadas do século XVIII, e as atuais, operou-se visível metamorfose. Tanto assim que permitiu a alguns críticos apregoar o desaparecimento do romance como expressão de cultura, ou a sua transformação em uma estrutura nova. na verdade, entre Pamela (1740), de Samuel Richardson, tido como o primeiro exemplar no gênero, e as criações do "nouveau roman", nos anos 60, passando por Balzac, Stendhal, Dostoievski, Tolstoi, Proust, Joyce e outros, parece escancarar-se um abismo. 10 A esse propósito, ver Etierme Souriau, La Correspondence des Arts, Paris, FIanunarion, 1947, e Alfonso Reyes, EI Deslinde, México, E1 Colégio de México, 1944.

É certo que deve haver um resíduo, um lugar-comum do ponto de vista da estrutura básica, para que as obras desses prosadores continuem a merecer a designação de "romance". Mas também está fora de dúvida que exibem mudanças de toda ordem, numa espécie de corrida de saltos para atingir o melhor resultado na visão da realidade. Um crítico que adotasse a concepção setecentista de romance para julgar a obra, por exemplo, de um James Joyce, provocaria equívocos e perplexidades no leitor, entre os quais eventualmente o de recusar-se a classificar Ulysses de romance. Idêntico raciocínio aplica-se ao conto: entre as Mil e Uma Noites e suas configurações modernas notam-se diferenças que vão desde a técnica até o significado, ou desde o estilo até o conteúdo. 

Um terceiro fator interfere no bom entendimento nesse particular: alguns críticos têm encarado apressadamente o problema das fôrmas em prosa. Orientados por conceitos duvidosos, ou polêmicos, por vezes adotando esquemas mecânicos, pseudocientíficos, ou guiados por má consciência, apressam-se em subestimar a complexidade do problema. E acabam por aderir a conceitos fundados na "forma externa" das obras, pondo em segundo plano a "forma interna" e ignorando que existe, para além desta, uma camada semântica que não pode ser descartada sem comprometer a função analítica e interpretativa e judicativa que desempenham.

Em decorrência, o critério que adotam para discernir as diferenças entre o conto, a novela e o romance é quantitativo: a seu ver, a distinção residiria no volume de páginas. Preconizam que conto é sinônimo de narrativa curta, e vice-versa, toda narrativa curta se classifica no setor do conto. Chegam ao requinte de firmar uma distinção numérica entre o que chamam de "conto curto" ("short-short story") e "conto longo" ("long-short story"): aquele teria cerca de 500 palavras, o segundo, entre 500 e 15.000 a 20.000 palavras. W. F. Thrall, A. Hibbard e C. H. Hohrum, A Handbook 10 Li1era1ure, 5& 00., New York, Odyssey, 1962, p. 458. Outros autores ponderam que o conto short story") "oscila entre o conto curto ('short-short story') de menos de 2.000 palavras e a 'novclette', com mais de 15.000" (Northrop Frye, Sheridan Bakcr, Gcorge Perkins, The Harper Handbook 10 Li1eralUre, New York, Harpcr & Row, 1985, p. 430). E há quem considere outro número: tendo menos de 10.000 vocábulos, trata-se de conto (Harry Shaw, Dictionary of Li1erary Terms, New York, McGraw-Hill Book Co., 1972, p. 343). 

E um outro estudioso, decerto alertado para o gratuito de tais números, defme-se em "termos atléticos: se tomarmos a novella como um livro de 'distância média' ('middlcdistance'), o conto se enquadraria na classe dos 100/200 metros" (J. A. Cuddon, A Dic1ionary of Li1erary Terms, reviscd 00. Quanto à novela, que os ingleses chamam novelette e os franceses, nouvelle, mais longa que o conto e menos que o romance, de 100 a 200 páginas, aproximadamente. E romance seria toda narrativa com mais de 200 páginas.

Na verdade, o critério quantitativo não é de todo falso nem desprezível. Contudo, deve ser empregado apenas como auxiliar do critério qualitativo, e a posteriori, porquanto a simples contagem das páginas impossibilita afirmar com precisão o tipo de narrativa em causa. O aspecto numérico pode confundir o observador que relegar a segundo plano o conteúdo e a estrutura das obras. Se é verdade que o conto encerra breve dimensão, também é certo que isso decorre de fatores intrinsecos: os contos não são contos porque têm poucas páginas, mas, ao contrário, têm poucas páginas porque são contos.

Tomemos, à guisa de ilustração, o caso de O Alienista: uma das obras-primas do conto machadiano, tem cerca de 100 páginas nas edições vulgares, quase o tanto de Iracema, o romance de José de Alencar. A ser usado o esquema quantitativo, de imediato se concluiria que as duas narrativas pertencem à categoria do conto, ou do romance. Nada mais enganoso. Por certo que se trata dum caso sui-generis, já que nem todos os contos possuem a extensão de O Alienista, e não é comum um romance de proporção igual à de Iracema.12 na maioria dos casos, o critério quantitativo pode ser empregado, mas deve ser confirmado pelo qualitativo, que impede chamarmos de conto a embriões ou capítulos de romance, a poemas em prosa, a apólogos, a fábulas, a crônicas, etc., todos marcados pelo signo da brevidade. 

Idêntica confusão à existente entre O 11 lt a lj York, Doubleday & Co., 1976, p. 623). A esse respeito, ver lan Reid, The Shon Story, London, Melhuen and Co., Lld., 1977, p. 10. Outros autores há que propõem uma distinção baseada na qualidade, não na extensão, como Brander Matthews ("The Phi1osophy of lhe Short-Stoty", in Pen and Ink, New Y ork, Charles Scribner's Sons, 1902 pp. 75-106) e J. Berg Esenwein (Writing the Short-Story: a Practical Handbook on the Rise, Structure, Writing, and Sale of the Modern Short-Story, New York, Hinds, Noble and Elredge, 1909, pp. 17 e ss.). 

Análogo exemplo pode ser colhido em Davam grandes passeios aos domingos... (1941), de José Regio: a despeito de alguns críticos, fundados nas suas 115 páginas, a classificarem de novela, a obra apresenta estrutura de conto. Decerto apercebendo-se disso, o autor incluiu-a na terceira edição de Histórias de Mulheres (1968), volume de contos cuja primeira edição apareceu em 1946. E sagazmente classificou-as de "conto e novela", mas o rocurso antes mostra que esconde a consciência de haver semelhança de estrutura entro as narrativas, mal encoberta pela 'l'aga designação posta em subtítulo.

Alienista e Iracema haveria entre certas obras de mais de 200 páginas. D. Quixote e Madame Bovary servem de exemplo. Quem, refletidamente, poderia enfaixá-los sob um mesmo rótulo, novela ou romance? A rigor, aquele é novela, e esse: romance. E, como sabemos, o primeiro é mais volumoso que o segundo. Assim, se o critério fosse o número de palavras, ambos teriam de ser romances. Estaria correta a classificação? A resposta só pode ser dada pelo critério intrínseco, e esse responderia que o D. Quixote é novela, e Madame Bovary, romance.

Infere-se, assim, que o critério mais conveniente para se erguer uma distinção rigorosa entre o conto, a novela e o romance, é o qualitativo, que consiste em procurar ver a obra de dentro para fora, analisar-lhe e julgar-lhe os componentes, de forma, e de conteúdo. Somente depois de bem sopesá-los é que estaremos aptos a uma classificação válida e precisa. Nesse ponto, convoca-se o critério quantitativo a fim de corroborar ou negar o resultado da análise. Não raro, confirma. Mas, que ingredientes são esses? Enfileirados como se segue, servirão de base para os capítulos dedicados a cada uma das fôrmas em prosa: a ação, as personagens, o tempo, o espaço, a trama, a estrutura, o drama, a linguagem, o leitor, a sociedade, os planos narrativos, etc.

Porque comuns ao romance, à novela e ao conto, podem levar ao equívoco de supor improcedentes todas as tentativas de estabelecer fronteiras entre as três fôrmas. O fato de o conto abranger ingredientes do romance não invalida a distinção entre as duas fôrmas, uma vez que se movem no mesmo território - a prosa de ficção. O que resta firmar é a sua diferença, calcada na densidade, intensidade e arranjo dos componentes: a título de exemplo, as personagens do conto discrepam das que protagonizam o romance e a novela por sua densidade, intensidade e estrutura. A simples exibição de personagens não distingue o conto das fôrmas vizinhas, mas, sim, a circunstância de serem, via de regra, personagens planas, surpreendidas no momento privilegiado de sua evolução. 

Por fim, considerar falaciosa a discriminação entre as fôrmas da prosa em razão de os elementos expressivos do romance poderem estar presentes no conto ou na novela, pressupõe saber, de antemão, o que caracteriza cada fôrma de per si. Autêntico círculo vicioso. E assim retomamos ao ponto de partida: a distinção há de ser fundada mais na função dos ingredientes que na sua mera presença ou no volume de páginas.

E se por função entendermos traços característicos, haveremos de convir que determinados traços implicam determinada forma, e esta, reciprocamente, pressupõe aqueles. Por outros termos, cada forma tem certas implicações, de modo que onde essas se encontrem, estaremos em presença daquela: nesse caso, implicações e formas se equivalem. Vinculadas por elos de necessidade, onde houver umas haverá outras, a ponto de todas as divergências em torno de qualquer texto literário promanarem de controvérsias acerca dos traços que identificam as fôrmas (as espécies e os gêneros, visto que o raciocínio pode ser estendido aos outros graus da escala genológica).

Assim a tarefa classificatória dos textos dentro do universo dos gêneros não é, como ainda podem pensar estudiosos menos informados ou menos atentos, o objetivo final da critica. É, com efeito, o ponto de partida, não o de chegada. E se insistimos nesse pormenor é para evitar que se distorçam os fatos. Se não soubermos em que categoria ordenar a narrativa que acabamos de ler, seja ela qual for, principiamos por não saber como julgá-la, visto que, é bom repeti-lo mais uma vez, não se pode submeter "A Cartomante" e D. Casmurro aos mesmos padrões analíticos e interpretativos. Se ninguém duvida que ostentam características peculiares às respectivas fôrmas, nem por isso se diria que não procede levantar o problema da classificação ou reconhecer-lhe a presença atuante no próprio ato de ler. 

Essa questão extrapola, na verdade, os limites dos gêneros, sem perda de pertinência. Onde situar Os Sertões? na Sociologia? na ficção? na História? No ensaio? Será indiferente localizar a obra num ou noutro desses nichos, ou simultaneamente em mais de um? Para finalizar estas preliminares ao exame das fôrmas em prosa, assinalemos que a distinção entre o conto, a novela e o romance e sua caracterização, que ocuparão os capítulos subsequentes, devem ser entendidas e avaliadas em seu propósito esclarecedor.

Trata-se de uma proposta de sistematização de conceitos numa área ainda sujeita a controvérsias. Por outro lado, voltaremos nossa atenção para as características persistentes no decurso da história das formas em prosa: o que faz que tanto as obras de Margarida de E. D. HiIsc!J, Validily in Interpretation, Ncw HavenjLondon, Yalc Univcrsity Press, 1967, pp. 89 \e ss. Navarra quanto as de Tchecov ou Maupassant ou Dalton Trevisan ou Julio Cortázar sejam rotuladas de "contos" decorre de empregarem a mesma estrutura narrativa, apesar de todas as mudanças temáticas, estilísticas ou culturais. Idêntico raciocínio se aplica a Madame Bovary, Ulysses, Contraponto, Aparição, Avalovana; ou a Amadis de Gaula, D. Quixote, O Tempo e o Vento, A Barca dos Sete Lemes, Grande Sertão: Veredas. É que, ao longo das variações temporais, observa-se a permanência de um núcleo formal, posto que igualmente sensível à ação do tempo, e é tal núcleo que interessa acompanhar e descrever. Em suma, uma perspectiva centrada no substantivo - a estrutura das fôrmas em prosa -, não no adjetivo - suas modulações extrínsecas.

Tal estrutura básica não decorre de um modelo ideal, que se armasse em abstrato e se pusesse em confronto com os textos, a ver se eram congruentes entre si. A lógica interna das narrativas é que determina a idéia de que, por sobre as diferenças particulares, obedecem a um arcabouço primordial, comum a todas. É essa estrutura irredutível, ou a que se reduzem as narrativas, que se representa no esquema gráfico que fecha o estudo das três principais modalidades em prosa. Desse modo, as exceções ou as experiências de vanguarda (não raro de incerta classificação, ou determinantes de um remanejamento na árvore dos gêneros) somente serão consideradas quando úteis à compreensão da unidade intrínseca do conto, da novela e do romance. Destaca-se, nesse quadro, o chamado "conto moderno", etiqueta duvidosa por induzir a pensar numa estrutura própria, diversa da que se encontra no "conto tradicional". na verdade, essas denominações revestem categorias históricas, e a primeira assinala apenas o emprego de técnicas novas para engendrar a velha estrutura.

Tratando-se de conto, não importa se escrito em nossos dias, ou nos séculos anteriores, sempre exibirá as mesmas características fundamentais. Ainda que o conflito não seja aparente, ou que o método utilizado pelo contista seja o indireto, por meio de A propósito do "conto moderno", ver A. L. Bader, "The Structure of the Modern Short Story", College English, 7 (November 1945), pp. 86-92, in Charles E. May (00.), Shorr Srory Theories, Ohio University Pn=, Ohio, 1976, pp. 107-115. implicações, a narrativa continua sendo conto. Quando não se estrutura ao redor de uma trama, visível ou implícita, em razão de o autor visar a um texto sem núcleo dramático, "em que nada acontece", o resultado é o poema em prosa, capítulo ou embrião de novela ou romance, ou crônica. 

Fonte: MASSAUD MOISÉS

NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS

FALSO

Estragando pela vida e muito desolado,
Impiedoso igual imundo profanando,
Caminhando na ilusão e se culpando,
Feito relâmpago de sonhos rasgados,

Aflito em vão pelo preço do rompimento,
Perecendo num tremor de brasa ardente,
São súplicas transpassando o indecente,
Na impureza do apetite do pensamento,

Malicioso sem temer segue velando,
A falsidade pelo sol dilacerando,
E errando anelante a sua culpa,

Sem sacrifício, ruma sempre na desculpa,
Do paladar amargo e íntimo da transgressão,
Confundindo e inclinando a decepção.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS

VIDA LUCRATIVA

Na cilada do desejo, o vento segue repousando,
Suspiros caídos pelas lágrimas perdidas e caladas,
Na poeira dos murmúrios e das sombras apagadas,
Covarde no deserto do perigo e despe amargurando,

A inocente intenção de obsessão e de possuir,
A amada de seios sempre lucrativos que enlouquece,
Os olhos de malícia imprudente e que diverte,
O deformador de riso dolorido no seduzir,

Nas palavras ásperas que alcança devorando,
A bela que é produto explorável de prazer,
Desiludida na noite das intenções e vomitando,

Os imundos de hálitos fétido e insuportáveis,
Que dilaceram usurpando o ósculo silenciado,
Das mãos arrogantes do vegeto enojável.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS

NOITES DE FRIO

Para meu amor, Leyde.

Nas noites de frio sou tua febre alucinada,
O louco devaneio das sensuais fantasias,
O brilho intenso nas noites escuras de agonia,
A substância névoa do orgasmo em ti ejaculada,

Nas noites de frio sou a chama e teu cobertor,
Que soluça em brasas na busca de ti aquecer,
E a lembrança sexual que te faz nunca esquecer,
Os momentos tresloucados dos gritos de amor,

Do ciclo do prazer monogâmico que rejuvenesce,
Reprimindo tímidos amantes doentes da paixão,
Num regulador emocional do coração que cresce,

Nos abalos de carícias e soluços dos gritos insanos,
De uma ruptura de risos e gemidos de amor,
De tenros apaixonados em estado mundano.

terça-feira, 14 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS

CORPO NU

Contornando teu corpo, suspiro,
Atento a seus olhos embruteço,
Choro o deserto e enlouqueço,
Feito covarde partindo do retiro,

Nos teus lábios imprudentes,
Dou um beijo longo e dolorido,
Pressinto a ânsia que duvido,
Do afã que devora e não se sente,

Dos seios os murmúrios e o riso,
Excitando a libido adormecida,
De carícias ásperas esquecida,

Que seduz o que mais preciso,
O lindo corpo nu ardentemente,
Num sonho desvario insolente.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS.

AMAR

É sentir o que o outro está sentindo,
É ouvir a canção docemente,
É falar tudo o que se sente,
É dizer ao mundo sem está fingindo.

Amar é sentir a voz do coração,
Amar é falar com gritos do amor,
Amar é pensar sem ter temor,
Amar é dizer com emoção,

É silenciar o ódio e o ciúme,
Amar é dar glória ao perdedor,
É saborear o beijo num perfume,

Amar é viver com sabedoria,
É esquecer o orgulho sem ter dor,
Amar é ser sempre um vencedor.

domingo, 12 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS.

TRIBUNAL DA AMADA

Intimamente no teu amor estou preso,
Perdido na cela da paixão vagueando,
Gritando meu sentimento e exilando,
Feito incenso buscando por ser aceso,

Espero detido pelo paladar de teus beijos,
Solitariamente nas alvoradas perdidas,
Implorando pela minha culpa esquecida,
Na esperança do perdão o brilho do desejo,

Pelo julgamento meu descanso lançado,
No tribunal do seu coração docilmente,
A liberdade de te amar insaciado,

Na busca de ti fazer feliz lentamente,
Pela eternidade do amor escravizado,
Libertado na fantasia inocentemente.

sábado, 11 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA  - 2009 - POESIAS GÓTICAS.

SOFRIMENTO

No desprazer mísero aborrecido do pesar,
De um escarro de nojo do adultério sincero,
Do gesto nebuloso que ri e que nunca espero,
Na renúncia de fezes empalidecidas do penar.

Nas ruínas terríveis de paredes escuras da vida,
São esgotos eloqüentes que escorre no padecer,
Dos sofrimentos cadentes e levados a acender,
Desvirginando a carne pútrida então querida,

Além das lágrimas sangrentas da noite, a tristeza,
No frio do ventre fértil de muita impureza,
No riso aborto do feto triste e de face desprovida,

Na malícia dos murmúrios sombrios e perfeitos,
Da libido de covardia de um gesto nu e dolorida,
Das asas dos sonhos em vôo e rumos desfeitos.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS.

VIS CORRUPTÍVEIS

Secretamente o caminho sobra e desliza,
Consagrando inquieto e vagueando,
Anuncia ao erário o predador silenciando,
Vil verme de repúdio que escandaliza,

Feito víboras insanas osculando,
As verbas pútridas no semblante,
Da viúva rica, doentia e apavorante,
Que arde nas carnes invocando,

Aberração no labirinto alucinado,
Depressivas micoses arrogantes,
Raça de fetos inefáveis e inebriantes,

Cistos existenciais nos palcos de fingimento,
Parasitas que arrastam descontentamento,
Nos ovos de promessas hilariantes.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS.

CADÁVER AMARGURADO

Imundamente fétido e excremento,
Nos cemitérios de morte o lirismo,
Pulsa nas veias incessante o egoísmo,
Sujo e podre no leito de passamento,

Desesperadamente sai da cova, louco e fracassado,
Insanamente senta repousando,
Pálido no semblante e vagueando,
Da imundície covarde de um lobo abandonado,

Sarcástico rebelde, doentio e destruído,
Na insensatez de indefeso, a amargura,
Que reina em face do crânio de armadura,

Nas alcovas das madrugadas, a solidão encerrada,
O sombrio melancólico das longas noites vomitadas,
Padecido no calabouço do mármore construído.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS.

DOR DA SAUDADE

A saudade causa distúrbio no coração,
Quando se ultrapassa os limites do amar,
Quando se cala no grito e na solidão,
Aquela vontade de se querer encontrar,

A saudade sangra as lágrimas do amante,
Num sofrimento escuro disfarçado,
De um entristecer nu angustiante,
De um sentimento vencido escravizado,

A saudade é medo de perder que silencia,
É inquietação no profundo da mente,
E vencimento negado e insolente,

De uma dor comprada a prazo e oriundo,
Que nos parcelando á vista as utopias,
Sucumbe e infinda nosso crédito no mundo.

terça-feira, 7 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS.

CORAÇÃO DESOLADO

Pelo teu amor ando estragado,
Com o coração desolado,
E o sentimento imundo de desejo,
Devendo em sonhos, qual o preço?

Profano o meu coração delinqüido,
Ilusório profundamente aflito,
Por uma paixão que grito,
Rompendo sonhos vão perecidos,

Esse amor é brasa ardente,
Tremendo no meu peito,
E por mais que tenho feito,

Pouco tenho arranjado,
Pelas súplicas transpassadas,
Da malícia impura indecente.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS DE GÓTICAS.


CIGARRO


Sou do escarro dormente e imundo,
As cinzas do que me consome,
Nas náuseas confusas de um homem,
Que te torturam rimando nauseabundo,


Sou o lirismo cigarro sujo na podridão,
Do balanço em teus lábios fazendo,
Sou ânsia dolorosa no teu pulmão,
Decadência nos teus dias horrendos,


Sou teu carinho e afeto confuso,
Monstro da imagem o espelho,
Não me largue pelo conselho,


Nem me pise em tuas perturbações,
Pois sou das volúpias perdidas,
O suicida achado nas tuas ilusões.

domingo, 5 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA -2009 - POESIAS GÓTICAS


FUNERAL


Vejo as horas tristes do meu funeral,
Na metáfora revoltada e sofrida,
Dessa alma a vagar sem saída,
Nesse leito inerte e mui letal,


As pessoas no remorso da perda chorando,
Suas ladainhas tristes de agrado,
E eu sem poder dizer um obrigado,
Sou no gemido lucrativo e velando,


O combustível da inércia chegando,
No mármore frio, esquecido e solitário,
Fechando o portão silenciosamente me deixando,


Eu clamando pra não ficar desprezado,
E neste sêmen ardente e calmo se encerra,
Minha passagem humana de volta a terra.

sábado, 4 de agosto de 2012

NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS



NECRÓFAGO


Vagando redimindo tuas friezas,
Excitando tua carne renegada,
Entristecida no covil assediada,
Resistindo ausentes as tristezas,


A asa da perfeição desatina,
Rasga o sofrimento no destino,
Desiludido no ventre do divino,
Aborto dilacerado na sentina,


Poeira fértil de efemeridade,
Na inconstância da impureza,
Padecendo de volta a natureza,


Arrependida consome felicidade,
Desfazendo abundância dormente,
Do lucro necrófago eloquente.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS


MEUS PASSOS


A saudade dos meus passos no caminho,
São rastros desfeito no plano da vida,
Nesta estrada longa e padecida,
Sigo no silencio lento e sozinho,


Não vejo a alegria sorrindo,
Somente a tristeza acenando,
Destruindo tudo e arrastando,
Rios de amargura consumindo,


Cala-se meu canto de agonia,
Numa melancolia desajustada,
De desgosto, desespero e deformada,


Dos sintomas que me despia,
Desnudando e sempre arrependido,
A angústia que povoam os meus dias.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


NA ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA - 2009 - POESIAS GÓTICAS


CORAÇÃO DESOLADO


Pelo teu amor ando estragado,
Com o coração desolado,
E o sentimento imundo de desejo,
Devendo em sonhos, qual o preço?


Profano o meu coração delinquido,
Ilusório profundamente aflito,
Por uma paixão que grito,
Rompendo sonhos vão perecidos,


Esse amor é brasa ardente,
Tremendo no meu peito,
E por mais que tenho feito,


Pouco tenho arranjado,
Pelas súplicas transpassadas,
Da malícia impura indecente.