CONTO III
REBELIÃO EM PRESÍDIO
Todo mundo sabe que o sistema penitenciário brasileiro é
falho, deficiente e um lixo. Um depósito
de excrementos humanos. Rebelião em presídio é um tipo de ocorrência que é
nitroglicerina pura. Quando aquilo explode é que pode ver o que é as vísceras pútridas
do sistema. É visível de acontecer a qualquer hora.
O próprio Estado é
deficiente, inerte no que tange às políticas públicas de segurança pública e no
processo de ressocialização do individuo infrator da lei. O mesmo poder público
que garante a vida do cidadão é o que também a retira. Ele é o principal responsável
na maioria das vezes, do aumento da violência e da própria criminalidade. Pois
bem, rebelião em presídio é um saco, é de uma instabilidade para ocupantes de
cargos comissionados, ou seja, se o fato é gravíssimo, cai toda cúpula da
Secretaria de Justiça e cidadania.
Não tem quem goste desse tipo de
acontecimento ou ocorrência . É o tipo de serviço que todos odeiam, afinal, não
tem quem goste de preso, ainda mais perigosos do Estado e os de fora. Digo
isso, pois primeiro, é a única classe que conseguiu retirar nos primeiros dias
de 2005, o governador Salas Pétreas, o juiz de Direito Lamas Lauro, o polêmico promotor
Alarico Boaventura e vários políticos entre eles, o poderoso deputado estadual Romeu da
bodega presidente da ALEPI.
Meio do mês de janeiro de 2005, explode uma rebelião das
mais acentuadas na Casa de Reclusão são Todos uns Santos, na zona sul da
capital piauiense. Um motim entre presos rebelados dos pavilhões A, B e C, a
elite do crime e entre eles, assaltantes de bancos, estupradores e os restante
de todas as espécies de idas no final. Destruição total de colchões, agentes
penitenciários torturados e monitores feito de reféns.
O motivo sempre o mesmo. Melhores condições,
visita intima de três horas e a celeridade nos processos de presos provisórios
e alimentação de primeira. É certo que a dormida nos quartos do lugar é pior
que o inferno de Dante. Dentro das celas, da privada quebrada, fétida e em
péssimas condições á água quente nas garrafas, até o calor infernal que mais
parece uma sauna com 45 graus. O certo é nunca se beba uma água sem saber de onde
veio.
Caos total. Celas superlotadas, desde de presos dormindo em pé até outros
desgraçados por cima dos outros. O secretário de Justiça e Cidadania, Dr.
Jacinto Paulo, todo de terno cinza na televisão, a dizer que estava tudo ás mil
maravilhas e que no Piauí o sistema ainda controla as penitenciarias do Estado,
no meu pensar, antes de a voz afinar e os cabelos da cabeça cair e se tornar
pederasta, Jacinto Paulo é além de incompetente, um ser humano falso ás suas
convicções filosóficas.
Naquela rebelião tinha presos como o Cabelo de fogo, na qual
amarrou, estuprou uma mulher de um pescador do Poty Velho, depois de introduzir
cacos de garrafa nas partes da mulher. E ainda arrancou o clitóris da pobre ao sair
mostrando na frente de todos. Ele merecia a decência da reivindicação dos
direitos?
Merecia um manicômio judicial.
Sorte que a população não lixou em praça pública, por intervenção dos militares
policiais. O líder do motim, uma ruindade, um estorvo da sociedade que a NERO
havia prendido a um mês. Ele matava sem piedade. O último resultado foi um
desafeto que teve a cabeça cortada no bairro Cidade Leste. Chamava-se Pedro
Bala e era outro que brincava de ser chefe de quadrilha só para agitar as
polícias de todos os Estados do Nordeste.
A prisão deste foi feito pela nossa polícia especial, depois
de quatro meses de tocaia. O pessoal da inteligência dias e dias na quentura, no
frio da noite e o bicho mudava de casa em casa, ia desde o Parque Universitário á Santa Bárbara, um espécie de nômade e vampiro. No dia da prisão, ele entrou por
janela, pulou muro e fez escorrer o suor na cara de cada homem do camuflado na
perseguição. Finalmente capturado.
Certo que na fuga levou de brinde vários arranhões e
hematomas, e ainda havia gente na plateia a acusar a Nero de dar uns conselhos
de ensino no elemento. Uma espécie de animal em fuga. Ainda dentre as
reivindicações queriam três horas de banho de sol. Quando a NERO chegou até o
local, os bichos a bater na cara de um cristão a implorar por perdão e outro que cortaram
a orelha. Balas de borracha, spray de pimenta e gás seria os acessórios para
restabelecer a ordem naquele caos foi distribuído para todos eles.
Quando a NERO é chamada, é porque se esgota todos os meios
de negociação entre o comitê de gerenciamento de crises e os rebelados. Muitos
preferiam ser excomungado da terra, fazer companhia com o diabo e queimar nas
labaredas do vale de Hades do que enfrentar a NERO. A primeira ocorrência de
rebelião em presídio é a mais difícil, mas depois a gente aprende a não olhar na
cara dos elementos e também eles não nos ver, são tratados como demônios reinando
naquele inferno. O controle emocional está na bala crava a cobrir o rosto e
somente os olhos de fora para não se solidarizar na grande obra.
Depois dos demônios
humanos dominados sem precisar desperdiçar mais nenhuma bala de borracha, eles
querem se agarrar na gente, também puxar a bala crava para baixo, mas querer enfrentar
nossas carabinas 12 é suicídio. É bem verdade que nossas fardas, depois de tudo
aquilo ficam fétidas, e isso aborrece demais ver a farda amarelada e os coturnos
sujos dos excrementos humanos.
Nunca vi
ninguém morrer numa rebelião aqui, agora todo mundo sabe que aquele lugar é
por demais perigoso, quase cotidianamente morre um custodiado. O 04 vomitou-se todo
com a ingestão do gás lacrimogêneo nas narinas e o que dizer daqueles santos
humanais que residem ali. No final, tudo correu como o sistema queria, eles
tiveram preservados seus cargos comissionados, seus DAS e DAI e a paz voltou a reinar por uns
dias, naquele inferno até surgir outro foco.
AGUARDE O ÚLTIMO CONTO DA SÉRIE OPERAÇÕES ESPECIAIS.
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