terça-feira, 29 de setembro de 2015

A agonia do rio da pedra-grande.

Barras (PI) – Um dos principais problemas ambientais da atualidade é a poluição dos rios. Enquanto, algumas cidades piauiense desenvolvem planos eficientes de combate a poluição dos rios, Barras entra em alerta vermelho, estado crítico com relação a um dos principais e mais importante de seus rios que corta toda a sede do município, o rio Marathaoan que em alguns pontos do seu leito, encontra-se com enorme quantidade de poluição.

A reportagem do J N F NOTÍCIAS em uma expedição realizada no trecho da barragem da Pedra Branca até a desembocadura (foz) no Rio Longá, constatou o que todos os barrenses já sabem: a agonia e a luta do rio Marathaoan, para manter-se vivo. O rio Marathaoan - nasce entre os municípios de Altos e José de Freitas, num local chamado Quintas, a 140 metros de altitude. Afluente do Longá, com um curso de 100 quilômetros, despeja suas águas em Barras, formando a famosa ilha dos Amores.

A nossa expedição, iniciou-se na barragem da Pedra Branca no município de Cabeceiras do Piauí, onde existem várias pontes e pontilhões. Com uma largura aproximada de 25 metros e profundidade média de 3,5 metros na época de seca, o rio torna-se propenso à pesca predatória, onde se utilizam as mais variadas técnicas legais e ilegais para capturar os poucos peixes que lutam para sobreviver, a uma carga cada vez maior de produtos químicos despejados em plantações ao logo de sua extensão.

No trecho de cerca seis quilômetros que separam a barragem da Pedra Branca e a barragem dos Dois Irmãos, no município de Barras, visivelmente um dos mais caóticos, é que encontrarmos as plúrimas agressões, tais como: Despejo indiscriminado de agrotóxico nas vazantes, causado pelos plantios de feijão no período de estiagem, bombeamento em excesso para irrigação, além do alto acúmulo do lixo inorgânico na própria aérea da barragem, sinais de poluição e dejetos atirados no local frequentado e utilizado por banhistas, onde não há nenhuma estrutura.

Seguimos rumo ao trecho da barragem dos Dois Irmãos na localidade Izabelinha, melancólico ver o nosso agonizante Marathaoan que respira de tudo um pouco no tocante aos produtos químicos, e constatados que ilegalmente e criminosamente, temos mais de 70% da mata ciliar destruídas, além de vários locais de depredação e uso de extração de pedras visíveis, o que demonstra a clara agressão ao meio ambiente de forma criminosa e indiscriminada.

É explicito e vergonhoso para o tema sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, o que nossa reportagem encontrou, ao deparar-se com roças praticamente dentro do rio, além de vestígios da pesca artesanal e da caça predatória, em um local de difícil acesso, muito utilizado por pescadores em período de seguro defeso, para ocultar-se da fiscalização do IBAMA.

Nossa expedição partiu da localidade Izabelinha a Luiza Doida, zona muito crítica, e comprovamos que começa de fato os maiores problemas que açora o nosso rio, encontramos várias plantações de uso intensivo e comercial de melancia e feijão que se utilizam de defensivos agrícolas poderosos que afetam de maneira drástica a vida do velho rio da Pedra-Grande.  Ao longo de todo o rio as margens estão sendo desmatada para darem lugar à plantação de pastagens, além de tudo isso o terreno é totalmente pisoteado pelos animais, acabando de vez a chance da mata nativa renascer, o que altera de tal maneira o ecossistema, fazendo com espécies de peixes como piaus, mandis, frecheiros, curimatá, branquinhas e etc., desapareceram colocando em xeque a vida aquática.

No entanto, outro fator agravante nesse trecho é que há anos proprietários de terras vem desmatando e provocando queimadas as margens do rio, deixando o solo exposto provocando erosão e o assoreamento, matando muitas espécies de lagartos e até mamíferos.  No Trecho da Luiza Doida até a barragem da Boa Vista, são os produtos químicos que reinam, pois vários agricultores em escala comercial estão estabelecidos nas margens do rio, e sem nenhum controle ambiental não conseguem se quer esconder as embalagens dos produtos químicos que boiam vergonhosamente nas águas, provocando revolta em quem conhece a realidade. Hoje a saúde do rio está comprometida e a poluição afeta todas as espécies.

E também, localizaram-se nessa área as margens do rio, um grande contingente de bares e churrascarias e frequentadores dos locais atiram latas de cervejas, refrigerantes, copos descartáveis e outros objetos de maneira irresponsável no leito e nas águas do rio, falta uma fiscalização por parte da secretaria de Meio Ambiente nesses estabelecimentos comerciais para coibir e conscientizar os proprietários dos danos causados a natureza.

A poluição do rio também é provocada pelo lixo sólido, principalmente doméstico, que é descartado dentro do rio. Com o tempo este lixo vai se acumulando, provocando o assoreamento. Quando ocorrem chuvas de grande intensidade, a vasão do rio Marathaoan diminui e provoca alagamento nas margens, causando enchentes e graves prejuízos para as pessoas que moram nas proximidades.

O rio Marathaoan ao cruzar toda a sede do município de Barras, sofre com o problema do assoreamento em decorrência do o acúmulo de lixo, de entulho e outros detritos jogados inconsequentemente no fundo do rio. Por conseguinte, outra questão são as construções que desrespeitam os limites naturais e o meio ambiente que alteram o percurso natural invadindo sua margem por construções ilegais sem autorização dos órgãos responsáveis.

É claro e vergonhoso, um trecho tão sujo do Marathaoan, que as aves tiveram que mudar a dieta para sobreviver. O sobrevoo majestoso da passarada contrasta com a aridez do cenário desolador, cruel e daninho. Emparedado por muros e edificações de casas, o Marathaoan é morada de uma natureza teimosa. A jaçanã é uma das poucas espécies que consegue sobreviver hoje às margens do rio. No cardápio, uma variação forçada: ratos e sapos, no lugar de peixes que praticamente estão desaparecendo dessas águas.

A flor insiste em destoar da paisagem. E o que resta no meio do leito são as águas pés, multiplicando-se. O pequeno pássaro vasculha o lixo no meio do rio e leva no bico o que o animal humano depositou nas águas plácidas e cristalinas. Portanto, é preciso que pessoas e empresas não devam jogar lixo dentro dos rios; mais investimentos do setor público no tratamento de esgoto; Os governos devem punir rigorosamente pessoas e empresas que poluem o rio. Os governos não devem permitir a ocupação irregular próxima às margens do rio.

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