SONHOS DE LEÔNIDAS
NOVELA
15
Leônidas lembrou uma vez, quando Matias
lhe disse que vinha sendo perturbado com os sonhos eróticos. Que nos sonhos Luiza
Maria
apertava-o entre os abrigos dos sacos de goma e açúcar do comércio do pai feito
criança brincando, e jogavam-se por cima dos sacos como se ali fossem
almofadas. E desde então, a mulher tinha
uma ideia no cérebro, ideia de mulher extremosa e monopolizadora, nas poucas
horas com o rapaz, o trabalho das intimidades domésticas.
Matias era o
comandante. De vez em quando, o povo no bairro comentava. Os amigos
preocupados, mas era de estranhar o chamego dos dois que excitava a
curiosidades dos vizinhos. No rosto do
rapaz ardiam lágrimas misturadas a desejos, também fantasias sexuais com
mulheres, homens e animais que ele revolvia sozinho dentro do quarto.
Tinha uma
timidez deprimente. Ensaiava o que falar as mulheres e na hora H, tremia,
suava. O primeiro ataque sofrido pelos demônios súcubos, tinha dezoito anos.
Sonhou que sentia-se em insuportável estado de lubricidade. Era tarde da
noite e na mente, logo veio uma ideia inescrupulosa, sabia que a mãe Rosa
Clarice tinha medo de fantasma.
O pai havia viajado. Passou a desejá-la. O rapaz
foi até o quarto dela que dormia tranquilamente. Quando chegou, Matias se
colocou diante dela, o objetivo era saciar-se de seus desejos proibidos. Por
dentro sentia o perigo assanhar o desejo da carne. Iria fazer da mãe seu fruto
proibido.
Ele sentia o desejo de vingança pelo fato do pai maltratá-la, porém imaginou que não devia
fazer aquilo e que moralmente diminuía-se, com tal ato de repugnância, o de ir
até o quarto dela. Rosa Clarice estava em sono pesado. Era alcoólatra e dormia
embriagada.
Matias aproximou-se dela que vestia uma linda lingerie e ficou de
pé. Aproximou-se. E hesitou por um instante, mas imóvel, ficou a contemplá-la
no seu desejo de homem voraz, de rapaz mal amado, de um jovem perdido nas
tentações da carne.
Matias apalpou-lhe o corpo, Rosa Clarice torceu-se sobre a
cama, mostrou-lhe as coxas e despia-se a nudez da pele morena. Matias não pôde
resistir. Atirou-se contra ela e a mulher em estado ébrio o fez de marido. Os dois
sempre de olhos bem fechados, saciavam-se um do outro numa explosão vulcânica
de atos libidinosos.
Dentro de si, Matias não queria vê-la separada do pai,
mais sabia que mais cedo ou mais tarde, ela iria procurá-lo de novo. Conhecia o
temperamento fraco de uma mulher carente para resistir ao desejo da carne.
Consumado o delito, sentiu-se com remorso, vergonha e arrependimento. Não teve
animo de dar uma palavra, retirou-se tristonho e murcho de volta para seu
quarto.
Deitou-se e lhe doía o que acabara de praticar, sentiu-se impotente
diante da própria sensualidade. Solução
para a timidez, para uma vergonha do envolvimento com uma parente tão próxima. Uma corda no telhado. Rompia-se com as mãos e
era sua morte. Muitos diziam que ele devia está lendo algum romance impuro da
segunda geração do romantismo, talvez Macário de Álvares de Azevedo.
O rapaz não
sentia mais a virgindade na alma e nem no corpo. Para ele podia existir a mais
linda prostituta da Paissandu que ele não queria aquele tipo de mulher. Só de
Rosa Clarice, a mulher que lhe retirou a virgindade do seu corpo.
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