domingo, 14 de abril de 2013


SONHOS DE LEÔNIDAS
NOVELA

15

Leônidas lembrou uma vez, quando Matias lhe disse que vinha sendo perturbado com os sonhos eróticos. Que nos sonhos Luiza Maria apertava-o entre os abrigos dos sacos de goma e açúcar do comércio do pai feito criança brincando, e jogavam-se por cima dos sacos como se ali fossem almofadas.  E desde então, a mulher tinha uma ideia no cérebro, ideia de mulher extremosa e monopolizadora, nas poucas horas com o rapaz, o trabalho das intimidades domésticas. 

Matias era o comandante. De vez em quando, o povo no bairro comentava. Os amigos preocupados, mas era de estranhar o chamego dos dois que excitava a curiosidades dos vizinhos. No rosto do rapaz ardiam lágrimas misturadas a desejos, também fantasias sexuais com mulheres, homens e animais que ele revolvia sozinho dentro do quarto. 

Tinha uma timidez deprimente. Ensaiava o que falar as mulheres e na hora H, tremia, suava. O primeiro ataque sofrido pelos demônios súcubos, tinha dezoito anos. Sonhou que sentia-se em insuportável estado de lubricidade. Era tarde da noite e na mente, logo veio uma ideia inescrupulosa, sabia que a mãe Rosa Clarice tinha medo de fantasma. 

O pai havia viajado. Passou a desejá-la. O rapaz foi até o quarto dela que dormia tranquilamente. Quando chegou, Matias se colocou diante dela, o objetivo era saciar-se de seus desejos proibidos. Por dentro sentia o perigo assanhar o desejo da carne. Iria fazer da mãe seu fruto proibido. 

Ele sentia o desejo de vingança pelo fato do pai  maltratá-la, porém imaginou que não devia fazer aquilo e que moralmente diminuía-se, com tal ato de repugnância, o de ir até o quarto dela. Rosa Clarice estava em sono pesado. Era alcoólatra e dormia embriagada. 

Matias aproximou-se dela que vestia uma linda lingerie e ficou de pé. Aproximou-se. E hesitou por um instante, mas imóvel, ficou a contemplá-la no seu desejo de homem voraz, de rapaz mal amado, de um jovem perdido nas tentações da carne. 

Matias apalpou-lhe o corpo, Rosa Clarice torceu-se sobre a cama, mostrou-lhe as coxas e despia-se a nudez da pele morena. Matias não pôde resistir. Atirou-se contra ela e a mulher em estado ébrio o fez de marido. Os dois sempre de olhos bem fechados, saciavam-se um do outro numa explosão vulcânica de atos libidinosos. 

Dentro de si, Matias não queria vê-la separada do pai, mais sabia que mais cedo ou mais tarde, ela iria procurá-lo de novo. Conhecia o temperamento fraco de uma mulher carente para resistir ao desejo da carne. Consumado o delito, sentiu-se com remorso, vergonha e arrependimento. Não teve animo de dar uma palavra, retirou-se tristonho e murcho de volta para seu quarto. 

Deitou-se e lhe doía o que acabara de praticar, sentiu-se impotente diante da própria sensualidade. Solução para a timidez, para uma vergonha do envolvimento com uma parente tão próxima.  Uma corda no telhado. Rompia-se com as mãos e era sua morte. Muitos diziam que ele devia está lendo algum romance impuro da segunda geração do romantismo, talvez Macário de Álvares de Azevedo. 

O rapaz não sentia mais a virgindade na alma e nem no corpo. Para ele podia existir a mais linda prostituta da Paissandu que ele não queria aquele tipo de mulher. Só de Rosa Clarice, a mulher que lhe retirou a virgindade do seu corpo. 

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