terça-feira, 13 de novembro de 2012

ROMANCE TERRA DE MARATAOAN - SUCESSOS DE LEITURAS.

O MELHOR ROMANCE BARRENSE DE TODOS OS TEMPOS


CAPÍTULO 04

A seca não só dizimou famílias inteiras no interior de Barras, como também arrastou o único companheiro da mulher para as bandas do Maranhão desfazendo-se o tão sonhado casamento.

... E viveram felizes para sempre...

Não é o fim do romance! Mas é por aqui que começarei. Se bem que lindos finais de estória só valem mesmo para os contos de fadas!

A alegria do casamento de Maria da Conceição teve efêmeros seis anos. O leitor deve compreender naturalmente que não comecei o romance pelo casamento da personagem, mas sim pelo período de 1982 com a cruel seca, mas agora discorrerei o fim do casamento da personagem, pois com a seca de 1982, a pobre senhora não resistiu à comoção do desmoronamento do mesmo.

Seis anos depois do casamento, o marido da mulher deixou-a inconsolável e rumou para o Maranhão sem dar notícias. A mulher vivendo na casa da mãe, depois da separação deixou a casa dos pais e levantou um teto para morar com os filhos. Um lar para Maria da Conceição foi levantada após a expulsão da casa dos pais. Só se construiu o lar, algum tempo depois, por esmola dos amigos do lugar.

A mulher, recolhida a uma casa de taipa na beira da estrada que dava para Porto dos Marruás, tornou-se juntamente com os três filhos pequenos, solitária e taciturna. Ela trabalhava nos babaçuais dia e noite para saciar a barriga dos meninos pequenos com um pouco da alimentação.

Já conhecemos uma das causas da tristeza, o abandono, a decepção que ela teve com o marido Zé Antonio, e a segunda a expulsão da casa dos pais. Começamos pelo abandono do marido. Um dia de manhã Maria da Conceição recebeu a seguinte carta após saber que o marido chegara do Maranhão:

...”Conceição, eu lamento dizer, mas não viverei contigo.

Cheguei do Maranhão hoje mesmo, e partirei pela tarde para longe. Preparo-me para nunca mais voltar. Creio que me não hás de receber mais como marido”...

- Deixa essa tristeza! Disse a prima Maria. Tem cá os teus meninos.

Maria da Conceição contou miudamente a prima o insucesso no casamento que a obrigavam a não preencher a condição de esposa. Em conseqüência desta recusa do marido, o casamento devia ficar com desfeito por parte de Zé Antonio.

A mulher contentava-se com o que tinha os dois filhos do homem e o menor fruto de um caso dela com um homem do local. Não se deu por vencida, e antes de aceitar o fim do casamento foi pesquisar o porquê do marido ter aquela decisão. Quando o sobrinho, o menino Bartolomeu entrou na casa de taipa da beira da estrada, a mulher suspeitou que alguma coisa houvesse a respeito dela. 

O menino Bartolomeu era perspicaz; de modo que, apesar da aparência de um anjo inocente com que o rosto lhe aparecera, um legitima fuxiqueirinho e compreendeu que ele devia contar o que ouviu na casa da avó. Assim, pois tudo estava acabado com os comentários feito pela tia dele, Clotilde ao tio Zé Antonio assim que chegou do Maranhão. O menino dispôs-se a partir para a recém casa da tia e contar tudo a Conceição, e assim declarou tudo que ouvira da tia Clotilde contando para a avó. 

Nas vésperas de partir já expulsa para a casa da beira da estrada achava-se Conceição junta dos filhos na sala da casa da mãe, quando a irmã Clotilde vinda da cozinha soltou estas palavras:

- Conceição, esta casa pra você já foi melhor; eu creio que outra lhe fará bem.

Esta irmã de Conceição não gostava dela, e creio que, apesar da idade, lá queria vê-la na ruína.

- Mulher, disse Conceição, é preciso pensar...

- Por que diz isso?

- Se pensar na confusão que tu fez para mamãe.

- Quem disse isso menina?

- Eu sei que foste tu que fizeste a carta ao Zé Antonio no Maranhão. Disse Conceição.

- Além de que, emendou Conceição, agora que tu que é a dona da casa dela, né.

- Sim, fui eu quem escreveu a carta. Disse Clotilde;

- O que tu falaste para ele?

- Tudo que todos aqui já sabem.

- Meu Deus! Então sou alguma pistoleira?

- Que me importa se tu não esperaste por ele e arranjou outro homem.

- Isso é bonito, Clotilde!

- Mas o que não seria se não fosse isto? Queria ver os meninos passando fome. Ele viajou e passou seis anos sem dar notícias. Eu não sabia se ele estava vivo ou morto, mulher.

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