AS BARRENSES
II CONTO
A OFERECIDA DO XIQUE - XIQUE
Abadom encontrava-se sentado no
escritório, tentando se concentrar nos livros de contabilidade. Ele dentro de
uma sala quente que ficava em um dos pontos do Estádio Juca Fortes suspirou,
tomou outro gole do café que a secretária Débora tinha preparado. Comeu uns
biscoitos que estava do lado da xícara. O café servido por Débora tinha a doçura
e o aroma delicioso da subserviência amorosa. Em tudo, a mulher era muito
solícita, até quando não era chamada.
Nem todos no escritório de
contabilidade da rua Duque de Caxias queriam tanto alegrar o desanimado chefe
do que a funcionária Débora e olha que a mulher via-se sempre obrigada agir com
entusiasmo, semanas atrás depois de declarados rasgados elogios ao patrão, ele
quase engasgou-se com os biscoito de polvilho.
Estava fazendo um mês que Abadom
tinha se afastado da esposa Judite, após a partida da mulher para tratar em
Teresina do filho, ele não se sentia tão feliz que nem sequer se concentrava no
trabalho do escritório, por causa do problema de Caim, o único filho. Com
Débora, Abadom começava a dividir os momentos de descontração e um dizível bate
papo, até altas horas madrugada adentro no escritório.
Porém, quando Débora percebeu quais
eram suas regras, intenções, suas chances ela surgia mais ainda com o poder de
sedução e inesperada sensação de que poderia se aproveitar ou tirar proveito da
situação do chefe. O patrão Abadom concebera um só filho com Judite e a criança
nascera com problemas respiratórios.
Débora em tom de brincadeira dizia
que cuidaria muito bem do menino e sentia que poderia lhe ofertar ao patrão
muitos e muitos momentos de felicidades. Ela sabia que não tinha motivos para amá-lo,
mas teria um conforto para o resto da vida. Mas Judite havia de voltar para o
lar em menos dias, e Débora sabia que Abadom a esperaria com honra e dignidade
de um homem eternamente apaixonado e fiel ao casamento.
Débora pensativa resolveu atacar a fera
de frente, ela descrevia que seria capaz de prendê-lo, amá-lo utilizando-se dos
truques femininos, do seu charme e da sedução de uma mulher aos dezoito anos. Ela
já havia rompido um noivado com um homem que não o amava, e uma vez fora
suficiente, o que Débora queria mesmo era dar o golpe da barriga.
Judite estava
demorando voltar de Teresina. Durante os primeiros meses de 2012, Abadom
sentia-se solitário, desiludido e não recebia nenhum telefonema da esposa e nem
do filho pequeno, Caim. Ele também havia prometido de ligar, a esposa Judite
esperava... Nenhum sinal de Abadom. Judite tinha medo do homem já ter
encontrado colo.
Débora no
auge da juventude desregrada lhe garantia a importância do amor, da aventura e
do prazer vivido. Teria
ela conseguido ganhar o amor de Abadom, não só isso, ganhou mais do que isso,
ganhou uma grande admiração, mas não ser desejada por ele. Abadom sentia-se
velho com quase cinqüenta anos, não caia lhe bem aquelas altura da vida iniciar
um caso extraconjugal.
Além do mais, ele estava passando
por uma turbulência, por causa da doença do filho e a família precisava de
união. A esposa Judite voltaria em menos dias de Teresina com o filho. Débora tinha
preparado tudo para Abadom vê-la com outros olhos, mas o homem mesmo que fosse às
escondidas, à lei da moral, a lei da família o rejeitaria, condenando-o à vida
incerta dos jogos amorosos, a qual ele considerava desonrada demais envolver-se
com uma funcionária.

— Oh, Judite como foi à viagem? Perguntou
o homem.
— Boa graça a Deus. Só o Caim que se
sentiu mal. Respondeu a mulher
A vergonha de a esposa descobrir que
Débora estava muito atirada corou-lhe as faces, seguida pela raiva dele mesmo
ter envolvido-se demais com as insinuações da jovem mulher.
Abadom sentia seu coração palpitar cada
vez que Débora trazia a bandeja com café para ele no escritório de contabilidade,
com uma saia minúscula demais e um decote ousado da blusa. Solidária com
Judite, Débora tocou o ombro dela desejando um ótimo retorno.
— Sinto muito, como está à saúde de
Caim?
— Está bem o doutor disse! — Judite
respondeu educadamente.
— Como está por aqui?
— Tudo em ordem graças a Deus.
Enquanto isso, Judite dirigia-se para dentro da sala do esposo.
— Como ela soube da saúde de Caim,
Abadom? Judite resmungou.
— Ah, sim! Espantou-se o homem.
— Basta eu sair e você dedilha nossa
vida. Não sabe que aqui em Barras tem gente que gosta da vida alheia, não! Isso
significa que no nosso casamento já não tem mais confiança? Agora estou
convencida de que não sou a esposa perfeita. Pode saí Abadom, não diga mais
nada!
— Poderia só me escutar, Judite.
Ele torceu o nariz, desgostoso com a
situação.
— Eu não posso passar um mês fora,
cuidando do nosso filho e você...
— Um mês! Você passou dois meses!
Ora! Disse Abadom.
Judite espantou-se.
— Você não foi capaz de me ligar
nenhum dia para dar notícias do Caim!
Uma lembrança amarga de traição
voltou-lhe à mente de Judite e ela ficou agitada com as palavras.
— E o que fizeste todo esse tempo,
hein. Não me surpreenderia se o objetivo de você criar uma situação
"constrangedora" entre nós, não resultaria em um rompimento do nosso
casamento.
Abadom caminhou até a janela do
escritório colocando as duas mãos na cabeça.
— O que você disse?
Fingindo insatisfação, ela caminhou
até a sala da recepção procurar por Débora e viu uns clientes que aguardava.
— Abadom precisamos discutir nossa
relação, não é?
— Querida Judite, já está tão perto
de terminar o trabalho, resolvemos isso lá em casa!
— Estarei esperando por você. Ela
exclamou. Além disso, a viagem prejudicou a saúde delicada de Caim. Por isso,
tenho de voltar o mais rápido possível, mas estarei te esperando.
Débora olhou desconfiada para a aparência
frágil de Judite. Abadom, no entanto, parecia constrangido e pálido e também penalizado
pelo destino, quando a mulher estendeu-lhe a mão.
— Abadom , o senhor me parece
cansado. Ela enxugou-lhe o rosto.
— Oh, como está à saúde de Caim?
Perguntou Débora.
— Está perfeita! — ele disse
replicando.
— Eu me sinto fraca. Talvez uma indisposição.
— Bem, sabe que sou muito
conservador! Mais as aparências são importantes, especialmente diante dos
clientes. Creio que deva dizer, e estou louco por pedir isso, mas preciso tomar
esse cuidado com meu casamento.
— Se me dá licença, Abadom. Débora
improvisou, temendo perder a compostura diante de tal absurdo pedido do homem.
— Muito bem, o senhor acha que eu
queria alguma coisa com o senhor. O que o senhor pensa de mim, hein.
Depois do fim do expediente, Abadom
saiu para sua casa decepcionado com o que Débora havia lhe dito e chegando ao
jardim de longe avistou o filho Caim brincando. Uma cena maravilhosa depois que
o filho chegou de Teresina. Brincar,
para uma criança doentia como ele, é algo benéfico para a saúde.
— Deve ter cuidado, viu. O ar fresco
o ajudará a recuperar a saúde. Disse ele.
Dito isso, Abadom entrou-se pela sala
e fechou o portão, suspirando.
Judite
aproximou-se, com outro semblante.
— Há algo errado, Abadom?
— Não, amor. Só um pouco cansado.
Por favor, traga-me uma água. Uma idéia lhe ocorreu, de repente.
— Não está a fim de jantar fora
hoje?
Não havia como não tirar vantagem com
a mulher naquela hora. Ele sabia utilizar as táticas de manipulação com a
esposa, e ela logo cedia ao assunto. Precisava encontrar um jeito de enganá-la
e fazê-la refletir sobre os momentos difíceis que atravessavam.
— Picanha ou um peixinho do
marataoan? — a mulher perguntou.
— Um peixinho do marataoan é mais
saudável.
— Sabia que a pesca indiscriminada
está acabando com os peixes do rio. Disse Judite furiosa.
— Isso é assunto para as autoridades
competentes. Respondeu Abadom.
Ela decidiu redirecionar a conversa.
— Como está o trabalho? Espero que
não tenha havido mais problemas.
— Está esplêndido. Ele respondeu.
— O doutor disse que Caim está quase
curado.
Tenho certeza que sim, Abadom pensou.
—E como está aprendiz?
— Ah, a Débora.
— Bem, desde que você saiu, ela
soube fazer o serviço.
— Abadom, você está trabalhando
demais. Administrar esse escritório é tarefa árdua. Preciso mais de você como um
marido e livre desse fardo. Não é, Caim? Judite encarou o filho.
Débora caminhava pelos
paralelepípedos da rua duque de Caxias, no final da caminhada até a casa dela,
aparentemente, estava disposta a abdicar das investidas em Abadom.
— Mãe, por favor, abra a porta. O
coração de Débora deu um salto.
— Firmino?
O desprezível jogador do Barras
Futebol Club continuava a freqüentar a casa dela, mesmo depois de muda-se para
outro time por causa da falta de patrocínio do prefeito. E diz os boatos que
ele já tinha até herdeiro em solo barrense!
— Ora, que mulher linda você está!
— Conversa rapaz, o que tu faz aqui?
Débora perguntou.
— Vim vê-la e saber como está?!
— Então julgou que quero papo com
você, Firmino, mas pensando bem! Já lhe disse que não gosto de ser Maria
chuteira, mesmo que seja meu vício.
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