SONHOS DE LEÔNIDAS
uma novela de JNFerreira.
2
Havia no
famoso Cabaré Babilônia, localizado na rua Paissandu, bem no centro de Teresina,
uma linda mulher de olhos verdes que brilhavam e seus lábios causava delírios
nos sonhos dos rapazes, por longas noites ardentes. Uma bela mulher que tinha
uma peculiaridade, só bebia vinho e pelas noites abria a janela, só para adorar o
luar.
Era uma
mulher loira, de uma pele branca, uma daquelas criaturas reumáticas que a
coluna fazia um “S” no meio das costas.
Esvaziava o copo cheio de vinho, e com as mãos alvas, os olhos de um
lindo verde, fixo nos rapazes.
Leônidas recordou daquela noite no Babilônia. Estava sentado numa das mesas e a escutar o que a mulher dizia.
- Levei
muito rapaz novo a perdição!
A mulher vangloriava-se, de iniciar muitos rapazes nas orgias do amor pago. O batom vermelho, desbotava-se nos lábios,
ao beber o vinho. Leônidas tinha completado dezoito anos e não sabia ainda qual o
gosto dos beijos de uma mulher.
Ali, naquele
cabaré, o local ideal para devassar o hálito virgem nos beijos quentes daquelas
mulheres da vida. Seria talvez, uma doidice, os abraços convulsos daquela
mulher de seios murchos, rosto enrugado pelas intempéries do tempo. Ela
sentia-se, abandonada pelo mundo, pelos homens e pela sorte.
- Aqui para
mim, foi terra de oportunidades! Completava.
Os homens
dentro do quarto, sentiam o cheiro do gosto de Michele pelos perfumes
doces, perfumes puros, daqueles que embriagam a alma pecaminosa. Na cama, uma
mulher de gozos frenéticos e de uma existência fogosa eterna que ninguém jamais
esquecia. Leônidas estava apaixonado por ela. O primo dele, Alberto também.
Leônidas
descia pela praça da bandeira, assim que vinha da Universidade Federal, ali passava
longas noites perdidas ao relento, ás vezes pela avenida Maranhão, a
espreitar-lhe da mulher um simples aceno ou até mesmo um adeus.
Tinha tanto
desejo e tanta esperança para sorve-lhe o primeiro beijo, mas precisava pagar
por aquilo. Foi numa noite de soluços, lágrimas, de choros e de esperanças, de
beijos e promessas, de amor e voluptuosidade que o rapaz a teve nos sonhos.
Quando
Leônidas completou dezoito anos, partiu de Barras para Teresina. Na bagagem o
sonho de vencer na capital como escritor de ficção. Durante a viagem só
lembranças. Lembrou que era ainda uma criança ao entrar na casa do pai, e ver velho
todo moribundo no fundo de uma rede. O
rapaz ajoelhou-se, perto do leito e agradeceu a Deus por ele ainda viver.
O velho
Taumaturgo ainda pôs as mãos na cabeça dele, banhou as faces de lágrimas e eram
as últimas que Leônidas ia ver cair. Com as mãos no peito, e com os olhos no
filho, Taumaturgo ainda murmurou antes de falecer.
- Deus te
abençoe!
Escutava
pela última vez a voz rouca do velho. Todos ali choravam. Morreu sem deixar
fortuna, dinheiro, somente dívidas. Laura, a irmã de Leônidas partira para
Teresina e nunca mais dera notícias, nenhuma carta.
A moça partira para
capital, depois de um casamento fracassado aos dezesseis anos e ter um filho de
outro homem. Costumava a sofrer castigos físicos do homem com quem morava. Leônidas
tinha cinco anos quando ela viajou.
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