SONHOS DE LEÔNIDAS
NOVELA
7
Homens por todos os
lados, a abraçar as lindas mulheres. Uma mulher solitária numa das mesas,
levantou-se e com uma voz grave que contrastava as suas faces cheias de rugas.
Uma mulher de longa idade, voz de um grave tão forte a ser pronunciado pelos
lábios trêmulos. Por entre os cabelos negros prateava-lhe o reflexo dos
grisalhos. Era a velha prostituta, chamada de Michele.
Michele não tinha mais os
lábios ardentes, naquelas horas de amor. Um corpo que não seduzia, poderia
causar saudade, mas beijos quentes e tudo eram sonhos e pesadelos. Dela, os
homens esqueciam. E que espécie de mulher ainda era aquela que vivia na vida
por viver. Naquela noite no cabaré Babilônia, a mulher ao lado de um homem numa
mesa era apenas um corpo só. Sob as sombras da noite, e o vento a tremer as
folhas que soluçavam aos soluços dos dois amantes. Dentro do quarto, o perfume
em torno dela, o perfume dos cabelos soltos da mulher.
- Foi uma
loucura! Dizia o amigo Matias.
Contava que
foram apenas poucos minutos, daquele sonho de fogo. Depois daquela noite,
seguiu-se outra, outra e muitas noites que o sussurro dos ventos roçava de
mistério seus sonhos. E o vento a penetrar o quarto dele, embriagava-o ao
deleite das imaginações maliciosas. A pessoa não ideal para tomar posse do moço
e iniciá-lo como homem, pensava Matias.
Tudo mentira
e sabia disso, o amigo Matias. Leônidas nunca se deitaria com a mulher. Matias
pensou que aquilo seria loucura, uma podridão. Perder a virgindade com uma
mulher de faces mortas, uma virgem morta. Não. Leônidas não iria querer dos
seus trabalhos sexuais.
Era uma
mulher que se arrastava macilenta, um ser invisível para todos aqueles homens
do local. Porventura, naquela noite, o rapaz não queria sentir na cabeceira de
uma cama, um cadáver. E então, o coração de Leônidas começou a palpitar mais
forte ao ver Laura.
Laura era uma
mulher de trinta e seis anos, daquelas mulheres que emudecesse qualquer homem,
misteriosa. A começar pelo perfume forte, amadeirado, um vestido negro que a
deixava quase sempre nua. Parecia um anjo negro de tentação ou um demônio
súcubos da realidade promíscua.
Ela de uma
beleza quase virginal. O corpo de a
mulher transformava-se, numa espécie de sedução e todos queriam provar do cálice
do seu amor. Passou por Leônidas como
quem passa por uma criança. A inexperiência, a timidez do moço fazia sua
inteligência ficar inerte, menos a mente e o coração cheio de impureza, malícia.
Naquela
noite, não teve coragem de perder sua virgindade. Retornou para casa. No
caminho ao lado do amigo Matias, só ouviam o som das reboadas de trovão no
nascente. Novamente o leito seria seu túmulo, sua tumba de pensamentos
maliciosos, durante a noite. O mormaço no
céu denunciava que um temporal na capital estava prestes a cair.
O amigo Matias dentro do coletivo
ouvia ainda ele dizer, outras estórias. Dizia que certa vez, a lua parou no céu
da capital. Naquela noite, tudo dormia. Era a hora dos mistérios. No sonho via
a tia Marieta encaminhar-se para seu quarto. A mulher imploraria naquela noite,
um regaço incestuoso do sobrinho. Nos lábios dela transbordavam o prazer, o
pecado ou o que é que fosse aquilo.
Seus olhos vidrados, os lábios
brancos e as unhas escalarte. Uma espécie de Lilith em carne e osso. Seus
cabelos quase grisalhos, mas tinha uns negros ainda. Ela se erguia, a
cambalear, estremecendo as pernas tortuosas e se perdia nas trevas do quarto do
moço. Só via-se por baixo dos lençóis Leônidas apertar os lábios naqueles seios
murchos, seios gelados a revolver-se, eriçar os bicos, dos arrepios e dos
beijos amargos de prazer.
Ela era uma mulher a matar a sede
sexual ao apetite lascivo do jovem que não podia amá-la. Leônidas repousava os
lábios nos seus seios, roçava-lhes as faces, como queria fazer com a prostituta
Laura e ao final, só um silêncio. Matias dizia que ele estava doido.
Leônidas continuava a narrativa.
Banhava-se da torrente de seu fogo de mulher aos quarenta e seis anos.
Embalava-a nua e macilenta no seu peito. Era uma insânia. Um pecado carnal. Em
sonhar que era amor. Ébrio sim. Ébrio de amor, de prazer. Leônidas era uma
criança inocente que se embebedou de seu gozo.
- Que noite!
Parece que seus corpos desfaleciam. A brisa silenciosa e o rapaz todas as noites
a esperar mudo nos sonhos, a vagabunda que morreria nos seus braços todas as
noites. Matias sabia do segredo de Leônidas. O moço tinha uma paixão pela prima
Ísis. Ísis era uma moça bonita, morena, de olhos muito lânguidos e muito
úmidos.
Os olhos negros penetrante, o
corpo seminu ao sentar-se, sobre o dele na cama. Ísis repousava as mãos sobre a
face dele para sentir suas lágrimas do amor, lágrimas de saudade que banhava-lhe
os olhos ao luar. Fazia aquilo como uma
provocação. Quando tentava beijá-la, Ísis arrancava-se de dentro do quarto.
Aquele seria um beijo de amor na
loucura dos lábios. Leônidas perdia-se de amor pela moça. A moça pedia para ele
escrever-lhe um romance, uma poesia, um conto talvez, só para ouvir seus devaneios,
contos eróticos e perder-se no pensamento das ilusões amorosas. Contava e sonhava
com Ísis dia e noite.
No entanto, Ísis sentia amores
pelo professor de Literatura. O professor era um homem de trinta e três anos,
esplêndido, voluptuoso, alvo, de que talvez seus beijos seriam quentes como o
sol de Teresina, um detalhe impedia o romance dos dois: Ele era casado. Pensava
a moça que com ele, a orgia valia uma página da vida ou as páginas da ficção
escrita pelo primo.
Quando chegou, ele ficou a
recordar do sonho. Lembrou-se que Matias comentava sobre estória de súcubos dita pela
prostituta Michele. No fundo, Leônidas não queria saber de tais estórias de
demônios. Tinha medo e achava que seria apenas para ridicularizar sua virgindade.
Partiu para a mesa e a digitar no computador, mais páginas da sua ficção
romanesca.
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