SONHOS DE LEÔNIDAS
Novela de Joaquim Neto Ferreira
1
Teresina de encantos poéticos. Uma cidade que é brisa nos doces cânticos de amor. É lira sob o manto verde que lhe recobre nas avenidas cinzentas e negras do asfalto. De ruas espontâneas que se agitam aos passos dos transeuntes no vai e vem de pernas entrelaçadas. Capital do sonho no céu que o vento leva nas harmonias da paisagem pelo Parnaíba abundante, imponente e majestoso.
Era ali no velho sobrado de paredes emboloradas pelo tempo, na rua Arimateia Tito, no bairro Monte Castelo, o refugio ideal que Leônidas tinha para escrever sua ficção. Ficção de páginas despedaçadas de um livro que com certeza nunca seria lido. Naquela noite, a rua se despia saudosa sob os véus do mistério.
Dentro do quarto, a solidão do rapaz tão seminua e tímida. Uma luz que depunha fé teimava em clarear do brilho da lua no alto do céu. Nos escritos de Leônidas, os ingredientes de poesia e amor. Para ele, a capital tinha um mistério indecifrável de terra adorada a mais digna veneração.
Sob as folhas de uma árvore, via se esfolhar a leiva da vida nos frutos e ramos da pálida fantasia com que imaginava as páginas da ficção. Das fantasias tão insanas com a prima Ísis que espraiava-se, nas mãos frias, o líquido sem cheiro que só o prazer lhe revolvia no momento.
Era de noite, Leônidas não conseguia dormi. Teve no sonho melodias ao embalo da lua clara no céu. Sob aquele frio clarão da lua, imaginava o rosto de palidez da mulher que povoou seus sonhos horas antes. Tentava recordar a langue face, os seios revoltos que palpitavam ao tempo que mesmo a sonhar, cismava querer beijar. O jovem escritor cheirava seus negros cabelos soltos e não conseguia mais dormir.
Talvez, Leônidas se embebesse na alma pensativa da bela amante a que seus beijos, semelhavam-se a noite de luar. Horas antes esteve perto da beira do cais. O Troca troca sentia o Parnaíba arder aos perfumes do vento. O cabaré Babilônia estava cheio de pessoas vendo a vida se embeber nas noites de orgias que parecia suspirar de sentimento naquele ambiente. Era uma noite pálida, noite de luar.
O Parnaíba a soluçar com a brisa que se desmaiava nas marolinhas a bater contra o cais. Depois de muito vinho, aquelas pessoas se entreviam com a imagem da mulher misteriosa que passeava entre as mesas do local.
As imagens se fortaleciam na mente de Leônidas e quase desmaiado de sono, começava a sonhar novamente. Dormia sobre uma cama e nela cheia de sonhos que se faziam fixos. Via no sonho, a prima Ísis a quem achava ser tão pura que no sufoco dos lábios aos seus eram hálitos longos, serenos e frios.
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