SONHOS DE LEÔNIDAS
10
Depois daquela noite, Leônidas lembrava de tudo
aquilo debruçado sobre o romance. Escrevia capítulos da ficção e ficou a
lembrar da noite em que a prima Ísis leu alguns parágrafos da ficção. O rapaz
não acreditava que por pouco teve seu corpo contra o dela.
- O que faltaria para tê-la?
Somente os beijos, talvez as carícias ou os
finalmente das intimidades libidinosas. Mas, tudo fazia parte de uma fantasia
dele, infelizmente. Tornava-se, a partir
dali um mendigo ébrio nos sonhos da
prima, nos sonhos de poeta, nas visões
obscenas de escritor e na ardente orgia da beleza da mulher nua, na languidez
de uns olhos negros, na convulsão que o abalou todo na hora daquele
deleite.
De repente,
Ísis entrou de uma vez no quarto. Gostava de fazer aquilo, só para ver se
flagrava o primo, masturbando-se. Dessa vez, não. Entrou e perguntou para ele:
- É alguma parte do romance?
Leônidas sozinho com a moça
dentro do quarto. A tia Marieta e Alberto tinham viajado para Barras. Pensou
que a prima Ísis tivesse dormindo. Naquela noite tinha telefonado para uma vagabunda
de rua, chamada Michele. Criou coragem para perder a virgindade. Era uma noite
escura. Michele era dessas mulheres que depois de bater ponto no cabaré
Babilônia saia a vagar horas pelas ruas
à toa.
Quando ele ligou não demorou a
mulher chegar a casa. Ísis saiu do
quarto antes dela chegar. A moça viu assim que Leônidas abriu a porta para a mulher
entrar. Ficou do seu quarto observando o movimento. Demorou pouco, Ísis ouvia o
primo juntamente com Michele, jogarem-se na cama. Era um colchão, mas tão
velho, tão batido, que fazia vergonha. A tia tinha se desfeito assim que
comprou outro e doado ao rapaz. Eles deitavam-se.
Estiveram por algumas horas conversando,
mas nada das orgias libidinosas. O corpo de Michele era belo, magro e lívido,
apesar dela confessar que tinha um filho. Eles estavam em contato e um deles
excitava todas as sensações e fantasias possíveis. Leônidas, dava-lhe beijos e Michele retribuía.
- Silêncio! Disse ele.
E com um ar cínico, Leônidas
dizia:
- Queres que minha prima escute?
- Quero que essa vadia fique
louca de tesão! Dizia Michele.
Deitaram-se, adormeceram-se por
toda noite embriagados pelas muitas garrafas de vinho. Pela manhã, tudo
esquecido. Leônidas esquecia toda a noite de orgia. Michele ia embora. Ísis
ainda dormia. Assim que ela acordou, lembrava-se do que ouviu. Ficou a imaginar
os lábios do primo a beijar os seios da mulher, da grande vulva que saciava a
sede imunda do prazer dele.
- Gozaste com aquela mulher?
Perguntava Ísis.
- Sim. Dizia Leônidas sem o menor
pudor.
Talvez, o beijo daquela imunda, o
seu corpo frio fosse mesmo cheio de ceticismo, como dizia o amigo Matias. Podia
ser que os sonhos que povoavam a mente dele fossem espíritos sexuais. Daqueles
que a vagar nas horas mortas feito
cadáveres que se abrem aos lábios inchados e murmuram os mistérios do prazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário