segunda-feira, 18 de março de 2013


SONHOS DE LEÔNIDAS


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Depois daquela noite, Leônidas lembrava de tudo aquilo debruçado sobre o romance. Escrevia capítulos da ficção e ficou a lembrar da noite em que a prima Ísis leu alguns parágrafos da ficção. O rapaz não acreditava que por pouco teve seu corpo contra o dela.

- O que faltaria para tê-la?

Somente os beijos, talvez as carícias ou os finalmente das intimidades libidinosas. Mas, tudo fazia parte de uma fantasia dele, infelizmente.  Tornava-se, a partir dali um mendigo ébrio nos sonhos da prima,  nos sonhos de poeta, nas visões obscenas de escritor e na ardente orgia da beleza da mulher nua, na languidez de uns olhos negros, na convulsão que o abalou todo na hora daquele deleite. 

De repente, Ísis entrou de uma vez no quarto. Gostava de fazer aquilo, só para ver se flagrava o primo, masturbando-se. Dessa vez, não. Entrou e perguntou para ele:

- É alguma parte do romance?

Leônidas sozinho com a moça dentro do quarto. A tia Marieta e Alberto tinham viajado para Barras. Pensou que a prima Ísis tivesse dormindo. Naquela noite tinha telefonado para uma vagabunda de rua, chamada Michele. Criou coragem para perder a virgindade. Era uma noite escura. Michele era dessas mulheres que depois de bater ponto no cabaré Babilônia saia a vagar horas  pelas ruas à toa.

Quando ele ligou não demorou a mulher chegar a casa.  Ísis saiu do quarto antes dela chegar. A moça viu assim que Leônidas abriu a porta para a mulher entrar. Ficou do seu quarto observando o movimento. Demorou pouco, Ísis ouvia o primo juntamente com Michele, jogarem-se na cama. Era um colchão, mas tão velho, tão batido, que fazia vergonha. A tia tinha se desfeito assim que comprou outro e doado ao rapaz. Eles deitavam-se.

Estiveram por algumas horas conversando, mas nada das orgias libidinosas. O corpo de Michele era belo, magro e lívido, apesar dela confessar que tinha um filho. Eles estavam em contato e um deles excitava todas as sensações e fantasias possíveis. Leônidas,  dava-lhe beijos e Michele retribuía.

- Silêncio! Disse ele.

E com um ar cínico, Leônidas dizia:

- Queres que minha prima escute?

- Quero que essa vadia fique louca de tesão! Dizia Michele.

Deitaram-se, adormeceram-se por toda noite embriagados pelas muitas garrafas de vinho. Pela manhã, tudo esquecido. Leônidas esquecia toda a noite de orgia. Michele ia embora. Ísis ainda dormia. Assim que ela acordou, lembrava-se do que ouviu. Ficou a imaginar os lábios do primo a beijar os seios da mulher, da grande vulva que saciava a sede imunda do prazer dele.

- Gozaste com aquela mulher? Perguntava Ísis.

- Sim. Dizia Leônidas sem o menor pudor.

Talvez, o beijo daquela imunda, o seu corpo frio fosse mesmo cheio de ceticismo, como dizia o amigo Matias. Podia ser que os sonhos que povoavam a mente dele fossem espíritos sexuais. Daqueles que  a vagar nas horas mortas feito cadáveres que se abrem aos lábios inchados e murmuram os mistérios do prazer. 

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