SONHOS DE LEÔNIDAS
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Leônidas acordou assustado. O sonho indecente que teve com Ísis ainda
rastejava-se, a mente. Talvez, também fora atacado em sonhos pelos tais demônios
súcubos. Que espécie de louco seria o amigo Matias que sempre comentava sobre
demônios que atacavam pessoas nos sonhos. Nunca tinha acontecido, exceto naquela
noite que via a prima como objeto de desejo sexual.
- Seria um ataque? Um desejo reprimido do subconsciente! Do tal id? Ah
que Freud se exploda, talvez apenas sonhos de um rapaz!
Diziam os mais velhos que aquilo era constante na adolescência e na
maioria dos jovens. Poderia também ser o fato de folhear revistas de mulheres
nuas ou de saciar seus desejos e fantasias através da masturbação.
Masturbava-se, para compensar tudo aquilo que era reprimido pelas leis da moral,
da igreja, da sociedade.
O contrário, do que o sonho mostrou com Ísis, Leônidas a respeitava e muito. Sentia que o
sonho foi uma espécie de pecado, sórdido, nojento. Passou a pedir a Deus para
livrar-lhe, daqueles sonhos, daquela tentação.
Mesmo tendo sido gostoso, tentador, mas um sonho terrível, pecaminoso
aos olhos do padre Gregório da igreja do Monte Castelo. Tal ato era insano,
indecente, indecoroso aos olhos dos homens e de Deus. Refletiu e resolveu tomar
banho antes de dormir. Pela manhã teria que ir para a Universidade Federal na
Ininga.
Esfregou os olhos e lembrou discretamente do sonho. Em frente a
televisão, a prima Ísis de babydool, os seios volumosos á amostra, seios de
bicos eriçados por baixo da vestimenta que alinhava o corpo belo da moça. Partiu
para o banho e a mente cheia de insanidades, malícias. Terminou o banho
demorado.
Ele vinha enrolado na toalha. Passou pela prima e ela o observou por um
movimento de canto de olho, um olhar malicioso, provocador sem dúvida.
Repreendeu-o por sempre sair assim do banho. No entanto, o olhar denunciava que
até mesmo gostou do ato. Ísis sabia disfarçar bem. O rapaz timidamente,
aproximou-se por trás do sofá.
- Relaxa prima, a toalha não cai! Dizia.
Olhando para a TV ligada, Leônidas começou a passar as mãos nas costas
dela. Queria falar-lhe, mas ficou sem ação. Virou-se para ela, depois para sua
boca. Seus lábios se encheram de prazer e imaginou um beijo arrematador.
- Leônidas! Eu não sei o que estudar para a prova
de Literatura. Disse a moça.
Um silêncio pesado tomou conta dos dois. Leônidas imaginou que o
corpo da prima a entrar em erupção vulcânica de prazer. Na mente dele, os
corpos entravam em ação e eles não tinham controle. A sensação para os dois
era de que o tempo passava devagar, quase parando.
- Estamos perdendo a razão! Falava a moça.
O olhar de desespero, os corpos mergulhados no
prazer. O ato do entrar e sair dos beijos quentes de língua que perdia
totalmente o foco racional da coisa. Leônidas observava os olhos dela que
pareciam cheios de arrependimento, de medo, mas com vontade de realizar tal ato
de insanidade.
Não queria que aquilo
fosse tão longe, pensava. Até
admirava os amores proibidos de
pessoas em adultério, mas aquilo era um amor de maldição, repreendido por
todos. De repente, o rapaz voltou a realidade.
- Tudo bem, depois eu te
ensino! Respondeu.
E subiu para o quarto. Assim,
os dias de janeiro a passar rapidamente. Cada vez mais, o mesmo pensamento se
repetia, os mesmos desejos insanos se repetiam com os dias. Não importava mais
o ato insano, o ato imoral para a igreja, para a ética, para a moral. Leônidas era um ser humano, não um santo. Era
virgem, isto era verdade.
Também era um pecador igual a muitos. Sabia até de padres pecadores
contado pelo primo Alberto, quando esteve no seminário. Também ele, quando
acólito da igreja da Piçarra via as graças de mulheres casadas e viúvas pelos
homens santos da igreja, principalmente padre Rodolfo metido a galanteador.
- Qual a maldita diferença entre o amor e o pecado? Entre o permitido e
o proibido? Ninguém sabe?! Não havia resposta.
Sabia bem Leônidas que o sexo enchia a prima de vestidos
caros, calças compridas, blusas de marca, perfumes importados e muitas outras
coisas. De Empório Armani a Luis Viton. De Jean Paul Gautier a CK. E o coração
dele, só batia ao compasso das depravações de Ísis. Também esquecia a doce
ternura da prima.
Leônidas observou um movimento estranho numa certa noite. Poderia
ser coisa da cabeça. O certo é que viu e tinha certeza daquilo, o primo Alberto
a correr rapidamente para o quarto de Ísis. Alberto no auge dos quase dezoito
anos e feito um cachorro no cio, a esfregar a lubricidade por todos os cantos.
O primo imaginou que ele não perderia a inocência, a moral, a razão.
Ísis sempre lhe dizia que a felicidade de possuir um homem
seria apenas, como um brinquedo e usá-lo, somente nas horas de solidão e vazio.
O irmão seria tal brinquedo? Quanto a Leônidas, Ísis olhava-o, desde que chegara
de Barras, sem desejo.
Talvez, Ísis não era uma moça que sentiria a carência de mulher,
através dos desejos da carne. Dizia ao primo que dominava o corpo, o sexo, mas a
mente não. Naquela noite, não imaginaria que com o irmão, poderia por tudo em
prática.
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