sexta-feira, 15 de março de 2013


SONHOS DE LEÔNIDAS


9

Leônidas acordou assustado. O sonho indecente que teve com Ísis ainda rastejava-se, a mente. Talvez, também fora atacado em sonhos pelos tais demônios súcubos. Que espécie de louco seria o amigo Matias que sempre comentava sobre demônios que atacavam pessoas nos sonhos. Nunca tinha acontecido, exceto naquela noite que via a prima como objeto de desejo sexual.

- Seria um ataque? Um desejo reprimido do subconsciente! Do tal id? Ah que Freud se exploda, talvez apenas sonhos de um rapaz!

Diziam os mais velhos que aquilo era constante na adolescência e na maioria dos jovens. Poderia também ser o fato de folhear revistas de mulheres nuas ou de saciar seus desejos e fantasias através da masturbação. Masturbava-se, para compensar tudo aquilo que era reprimido pelas leis da moral, da igreja, da sociedade.

O contrário, do que o sonho mostrou com Ísis,  Leônidas a respeitava e muito. Sentia que o sonho foi uma espécie de pecado, sórdido, nojento. Passou a pedir a Deus para livrar-lhe, daqueles sonhos, daquela tentação.

Mesmo tendo sido gostoso, tentador, mas um sonho terrível, pecaminoso aos olhos do padre Gregório da igreja do Monte Castelo. Tal ato era insano, indecente, indecoroso aos olhos dos homens e de Deus. Refletiu e resolveu tomar banho antes de dormir. Pela manhã teria que ir para a Universidade Federal na Ininga.

Esfregou os olhos e lembrou discretamente do sonho. Em frente a televisão, a prima Ísis de babydool, os seios volumosos á amostra, seios de bicos eriçados por baixo da vestimenta que alinhava o corpo belo da moça. Partiu para o banho e a mente cheia de insanidades, malícias. Terminou o banho demorado.

Ele vinha enrolado na toalha. Passou pela prima e ela o observou por um movimento de canto de olho, um olhar malicioso, provocador sem dúvida. Repreendeu-o por sempre sair assim do banho. No entanto, o olhar denunciava que até mesmo gostou do ato. Ísis sabia disfarçar bem. O rapaz timidamente, aproximou-se por trás do sofá.

- Relaxa prima, a toalha não cai! Dizia.

Olhando para a TV ligada, Leônidas começou a passar as mãos nas costas dela. Queria falar-lhe, mas ficou sem ação. Virou-se para ela, depois para sua boca. Seus lábios se encheram de prazer e imaginou um beijo arrematador.

- Leônidas! Eu não sei o que estudar para a prova de Literatura. Disse a moça.

Um silêncio pesado tomou conta dos dois. Leônidas imaginou que o corpo da prima a entrar em erupção vulcânica de prazer. Na mente dele, os corpos entravam em ação e eles não tinham controle.  A sensação para os dois era de que o tempo passava devagar, quase parando.

- Estamos perdendo a razão! Falava a moça.

O olhar de desespero, os corpos mergulhados no prazer. O ato do entrar e sair dos beijos quentes de língua que perdia totalmente o foco racional da coisa. Leônidas observava os olhos dela que pareciam cheios de arrependimento, de medo, mas com vontade de realizar tal ato de insanidade.

Não queria que aquilo fosse tão longe, pensava.  Até admirava os amores proibidos de pessoas em adultério, mas aquilo era um amor de maldição, repreendido por todos. De repente, o rapaz voltou a realidade.

- Tudo bem, depois eu te ensino! Respondeu.

E subiu para o quarto. Assim, os dias de janeiro a passar rapidamente. Cada vez mais, o mesmo pensamento se repetia, os mesmos desejos insanos se repetiam com os dias. Não importava mais o ato insano, o ato imoral para a igreja, para a ética, para a moral.  Leônidas era um ser humano, não um santo. Era virgem, isto era verdade.

Também era um pecador igual a muitos. Sabia até de padres pecadores contado pelo primo Alberto, quando esteve no seminário. Também ele, quando acólito da igreja da Piçarra via as graças de mulheres casadas e viúvas pelos homens santos da igreja, principalmente padre Rodolfo metido a galanteador.

- Qual a maldita diferença entre o amor e o pecado? Entre o permitido e o proibido? Ninguém sabe?! Não havia resposta.

Sabia bem Leônidas que o sexo enchia a prima de vestidos caros, calças compridas, blusas de marca, perfumes importados e muitas outras coisas. De Empório Armani a Luis Viton. De Jean Paul Gautier a CK. E o coração dele, só batia ao compasso das depravações de Ísis. Também esquecia a doce ternura da prima.

Leônidas observou um movimento estranho numa certa noite. Poderia ser coisa da cabeça. O certo é que viu e tinha certeza daquilo, o primo Alberto a correr rapidamente para o quarto de Ísis. Alberto no auge dos quase dezoito anos e feito um cachorro no cio, a esfregar a lubricidade por todos os cantos. O primo imaginou que ele não perderia a inocência, a moral, a razão.

Ísis sempre lhe dizia que a felicidade de possuir um homem seria apenas, como um brinquedo e usá-lo, somente nas horas de solidão e vazio. O irmão seria tal brinquedo? Quanto a Leônidas, Ísis olhava-o, desde que chegara de Barras, sem desejo. 

Talvez, Ísis não era uma moça que sentiria a carência de mulher, através dos desejos da carne. Dizia ao primo que dominava o corpo, o sexo, mas a mente não. Naquela noite, não imaginaria que com o irmão, poderia por tudo em prática.

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