ARTIGO: LITERATURA BARRENSE, uma busca pela identidade literária no cenário piauiense e local.
Não sei que razão pode alegar em defesa da identidade literária da nossa literatura barrense, ou de uma obra literária, não sei. Somos viciados por leitura e livros, somos seres primitivos, não tem ainda hoje uma fórmula e um fim mais razoável com as aspirações do entretenimento, da diversão, da fantasia, do romance e do fazer poético.
A crítica que apresento propõe algumas reflexões, não conclusivas, acerca da Literatura barrense. Ao selecionar esse objeto duas questões são centrais: 1) de que maneira o percurso da história literária de nossa Barras, sintetiza uma identidade literária?
2) Com qual premissa metodológica a história literária se constitui como identidade, impelindo-nos a pensar no processo de formação da identidade literária barrense?
Esses questionamentos nos obrigam a verificar, como se teciam as relações entre o escritor e a obra literária, durante o século XIX, no domínio político-cultural, destacando a importância do núcleo populacional em formação da nossa cidade para o fortalecimento de nossas inteligências literárias, e como se definirá então um conceito literário de identidade local.
Há indiscutivelmente “agentes de ligação”, entre Barras e o resto do Estado piauiense, que são determinantes na formação do conceito de literatura, “elaborado” pela inteligência piauiense e absorvido em formas específicas de representação, a saber, as obras literárias, os textos-documento (aqui destaco Leonardo das dores e Hermínio Castelo Branco) e a historiografia literária piauiense do começo do século XX.
Para entender uma identidade literária recorro a Antonio Candido que traz, como último capítulo do seu livro Formação da Literatura Brasileira, a reflexão acerca da formação do cânone literário brasileiro, o crítico perfaz uma longa seqüência de informação sobre os estudos que antecedem a História da Literatura Brasileira, de Sílvio Romero.
Para Antonio Candido o esforço semi-secular aparece coerente na sucessão das seguintes etapas:
1) o panorama geral, o bosquejo, procurando traçar o passado literário; 2) a antologia dos poucos textos disponíveis, o florilégio;
3) a concentração em cada autor, aqueles referidos rapidamente no panorama: são as biografias literárias, reunidas em galerias. Lado a lado com esse processo, o incremento de interesse por alguns textos para edições reedições, acompanhados geralmente de notas explicativas e informação biográfica.
Nesse percurso, o crítico destaca a pesquisa de Magalhães, Pereira da Silva e as antologias de Pereira da Silva. As edições e reedições de Fernandes Pinheiro, Norberto, Henrique Leal e Vernhagen.
Para responder nossa segunda reflexão nós preenchemos nossos alvos atendidos ao entretenimento em vez de se constituir um corpo apreciativo da TV, que nos torna uma simples máquina, um instrumento comum, um sem ação que traça os seus juízos sobre as linhas implacáveis de uma mídia que manipula e nos serve de norma. A literatura barrense ainda não está sistematizada em estudo e não esboça o desejo e projeto de construção de uma literatura local.
A historiografia literária, então, assenta-se ao princípio pedagógico quando afirma a consciência local ou a possibilidade de visualizar uma Barras pela reunião de textos que une o passado ao presente, dotando-nos de uma fisionomia própria. Também nossa literatura aos poucos está poderá a vir ser sistematizada literariamente e isso ocorrerá aos poucos, o que influenciará decisivamente novos escritores e nossos leitores.
Julgar uma composição literária é tocar à moral, às leis e à religião, não é discutir-lhe o mérito puramente literário, no pensamento criador, na construção poética, nossa literatura barrense não é desenho de caracteres, não é disposição de figuras no jogo da língua para uns da literatura piauiense.
Há um mister de conhecimentos mais amplos na leitura de um livro do que em um programa televisivo, e os conhecimentos tais de um livro pode nos legitimar numa magistratura intelectual. Não que queira ser contra a televisão, nada disso, como disse, basta apenas meia dúzia de telespectadores e está preenchido o fim.
Julgar o valor literário de uma composição, é exercer uma função civilizadora, ao mesmo tempo em que praticar um direito do espírito é ler. Contudo, por vezes as inteligências do nosso povo barrense estreitassem a laços televisivos e sacodem sem freio o que lhe serve de lei, e entram no exercício do direito de copiar personagens e dirigir ações que lhes cegam; não deliberam em nada, é verdade, mas são manipulados sem protestar.
Os livros dos escritores barrenses atualmente é uma estátua que vai tomar vida nas mãos de Prometeu, mas a inferioridade do público leitor fica assinalada com a autópsia do escopo de poucos livros. No começo do século XXI, nossa literatura barrense ganha à arte com essas análises de críticos e escritores. Ganha mais nossa literatura barrense, quando muito, o leitor passar a vivenciar nossa história de arte.
A análise das concepções literárias, é ainda pouco e a missão para a futura geração é estudar um literatura como carga horária no currículo escolar barrense. Não se pode negar a inteligência dos valores barrenses que limitam ao trabalho enfadonho das produções artísticas e marcam-lhe as inspirações pelos poucos artigos literários.
E — note-se bem! — é esta uma questão de grande alcance do nosso povo. Qual é a influência de um livro na vida de um povo?
A produção literária barrense ainda cambaleia, mas existe de fato. É um respeito e um orgulho poder inspirar os ares poéticos de nossa terra dos intelectuais. Trocam-se os papéis atualmente, ler mais os escritores de que os leitores.
Façam-se barrenses ampliar as visões dessa literatura; procurem dar-lhe outro caráter mais sério, outros direitos mais iniciadores; façam dessa fonte literária, uma mudança radical na forma de valorização do que é nosso.
Em matéria de arte literária, eu não conheço susceptibilidades nem interesses de nossos escritores. Emancipem o espírito barrense, hão de orgulhar-se das nossa produções literárias.
Fonte: Nota bibliográfica:
Afrânio Coutinho, A literatura no Brasil.
Antonio Candido, Formação da literatura brasileira.
Silvio Romero, Metodologias da historiografia brasileira.
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