terça-feira, 22 de maio de 2012


O abismo entre o público leitor e o escritor"...




O escritor barrense cultua a arte de idéia que aparece em grandes proporções no começo dos anos dois mil. Ele não se reduz ao simples foro de uma literatura de uns para uns. Todos os atavios da literatura barrense são pêndulos e marca a hora da geração milenista com o talento monótono de acadêmicos cediços e fatigantes de uma literatura piauiense cômoda.


O escritor numa determinada sociedade não é apenas o “indivíduo” capaz de exprimir a sua originalidade, mas alguém desempenhando um “papel social”, ocupando uma posição relativa ao seu grupo profissional e correspondendo as expectativas dos leitores.

Pode-se dizer que é um panorama dinâmico, pois a obra realizada exerce tanto sobre o público no momento da criação e da posteridade quanto sobre o autor, cuja realidade se incorpora e a fisionomia espiritual que se define através dela. Esse dinamismo da obra influencia o comportamento dos grupos e define relações entre os homens.

Ora, a espontaneidade pára onde o fazer literário começa; os talentos, em vez de se expandirem no largo das concepções infinitas, limitam-se à estrada indicada pelo resultado real e representativo das suas fadigas literárias. O escritor barrense é um Prometeu atado ao Cáucaso.

Daqui uma porção de obras perdidas, de obras não lidas, obras desconhecidas do público barrense ou por não haverem promoções ou desinteresses daqueles, as vocações literárias barrense são na atualidade viciosas e simpáticas a atmosfera de um público acanhado.

A literatura é um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem, decifrando-a, aceitando-a, deformando-a. A produção da obra literária deve ser inicialmente encarada com referência à posição social do escritor e à formação do público. A posição do escritor dependerá do conceito social que os grupos elaboram em relação a ele, não necessariamente ao seu próprio.

Deve-se considerar, relacionando-os ao grupo de fatores que integram o conceito de público. A obra sendo mediadora entre o autor e o público, este é o mediador entre o autor e a obra. O autor só adquire plena consciência da obra através da reação de terceiros, sendo esta necessária para sua autoconsciência. Por isso, todo escritor depende do público, tanto que é a ausência ou a presença dessa reação que decidirá a orientação de uma obra e o destino de um artista.

O sudário de morto sobre a literatura barrense é uma tenda sobre a nossa arte. Daqui a pouco os escritores que havia, vão desaparecer pelo despercebido público de nossa terra que prenhe a âmbula do desinteresse pela nossa literatura. Serão desconhecidas as causas desse desinteresse pelas obras? Não é difícil assinalar a primeira, e talvez a única que com maiores efeitos tem produzido. Entre nós não há iniciativa.

Não há iniciativa, isto é, não há mão poderosa que abra uma direção aos espíritos literários do nosso povo; há terreno, mas não há semente; há rebanho, mas não há pastor; há público, mas não há outro sistema dentro do sistema vigente. A arte com o passar dos anos para nós sempre foi órfã; adornaram-se nos esforços, impossíveis, de alguns caracteres degredistas como Torquato Neto, Mário Faustino, mas, caminho certo, estrela ou alvo, nunca os teve.

Assim, basta a boa vontade de um exame ligeiro sobre a nossa situação artística para reconhecer que estamos na infância da literatura pobre; e que ainda tateamos para darmos com a porta da adolescência literária de um Ulisses que parece escondida nas trevas do futuro num Beira rio, beira vida, exceto em H. Dobal e O.G Rêgo de Carvalho cuja iniciativa em arte não se limitou ao estreito círculo do tablado longínquo da terra natal.

Há muito tempo que nossa literatura — vai além dos limites das Academias de Letras, vai ao povo. O público aqui é perfeitamente educado a uma literatura do passado e a resposta é negativa quanto ao presente e futuro dos escritores contemporâneos. No Piauí, e em especial Barras, o público leitor ainda é um tablado balbuciante e errado, e é um anacronismo, uma impossibilidade de ter uma consistência. Há uma interna relação entre uma e outro.  

O escritor barrense não agrada a reis nem a príncipes.  E o responsável do ânimo poético é [...] a existência. Neste atordoamento do escrito nasce qualquer coisa de poético, literário e novo. Que o escrito de vocábulos sente o medo [...] sentem.
As palavras do texto poético vão aureolado de dentro da alma.  Como cada linha do texto se ergue em riscos e rabiscos negros e que enegrece a alvura do papel no momento do despejo das letras em cada linha, eles crescem formando-se parágrafos. O texto não nasce isolado, ele nasce cheio de prenúncios, em silêncio e existe dentro de si.
Quanto mais claro o texto literário viaja na mente fatigada do escritor, mais ele ver o quanto não o compreende e isso o torna menos incompreendido, incompreensível. É até paradoxal pensar assim...
O decorrer dos dias para o escritor é algo subjetivo e objetivo. É bem verdade que o tempo envelhece tudo, apodera-se do que é apoderado, mas não apavora os fantasmas ressuscitados e exorcizados de dentro do escritor para a realidade.
Hoje o escritor barrense é tudo. É poeta, é critico literário e tem as [razões] nessa treva de ilusão literária, o mistério de uma literatura e isso é demasiado consciente, atento ao substancial do existir.
A [consciência] do escritor é tudo. Cada coisa p'ra mim é porta aberta para a escrita. Por onde vejo a mesma escrita, vejo o que posso escrever; Quanto mais leio, mais eu compreendo de quanto é luz para uma escuridão dentro das janelas do conhecimento;
Quanto o escritor compreende, mais ele sente que é claro compreender. Nossa literatura desperta para a consciência. O escritor escreve consciente de tudo e inconsciente do nada. Ele arranca a máscara do surreal e escancara a nudez do texto literário na expressão do que compreende da realidade.
Há uma forma de pensar e de crer a escrita literária. Primeira no imaginar, no sonhar e no sentir, a alma humana frente a frente. A iniciativa da formação de um público leitor , pois, deve ter uma mira única: a educação do público leitor. Portanto, a Literatura Barrense é fecunda e o elixir necessário à situação; é um dedo que, grupando público e escritor, folheie a ambos a grande literatura que é arte nas relações sociais, e isso é do que precisamos na atualidade.


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