ÚLTIMO CAPÍTULO
ROMANCE
CHÃO DE FOGO, CAPÍTULO 40
Eunice recebeu alta do Centro de Recuperação. Ela vinha com
a tia segurando a bolsa, logo após descer no balão do Centro Comercial vindo de
Teresina no F. Cardoso. A pele da moça muito mais bonita, com um laço de fita
no meio dos cabelos, mais gorda, mais queimada do sol.
E lá da frente da casa de dona Sinhá, Aurélio começou a
olhar atrás dos seus olhos. Viu de longe um sorriso da moça. O amor dos dois se
iluminava com aquele sorriso. Que valia o envolvimento com as drogas frente ao
perdão e o amor. Pelo amor, tudo se justificava. Não parecia mais aquela moça
esquelética, nervosa e mau criada. Viera outra figura de pessoa.
O tempo criava asas e arrastava-se aos dois enamorados. E
quando Aurélio abriu os olhos, já começavam os rapazes a convidá-lo para o jogo
de bola a beira do marataoã. Eunice
apertava a mão do avô Cassimiro. Entrava com um olhar terno, cheio de luz ao
retornar ao lar. A moça queria novamente olhar da janela aberta que um dia foi
como uma prisão, as alegrias que o mundo reserva a quem está livre das drogas,
do vício e das impurezas malditas de más companhias.
Eunice se lembrava de quantas vezes não se esforçava para se
livrar do vício do crack e os colegas lhe enchia a cabeça de idéias,
alucinações. Estava decidia a não mais sofrer humilhação de todos. Também sabia
que era um amor de anjo bom, de pessoa e que poderia mudar, só precisava de uma
segunda chance. Ela ficou de pé
refletindo ao passo que guardava no guarda roupas suas coisas. E se olhava no
espelho.
Com a maquiagem nas mãos coloria em redor dos olhos. Uma
nova vida sem choro, sem castigo. No internato do Centro de Recuperação, Eunice
chegara a pensar em se matar pelo amado Aurélio, queria morrer longe dele por
causa da vergonha que sentia. Aurélio
também sofreu o orgulho de perto de dona Mundoca em não dar-lhe notícias da
amada.
- Nunca me senti tão alegre. Dizia para avô.
Tão cheio de satisfação que Eunice saiu mais cedo no outro
dia para reabri a matricula no colégio. Aurélio quando voltou do jogo já não se
contentava de alegria. Ele queria ver a namorada, nem que alguns minutos a
olhá-la de longe. Tomou um banho demorado. Perfumou-se. Jantou. Depois foi até
a casa de seu Cassimiro e perguntou ao homem pela moça. Seu Cassimiro chegou da
cozinha na porta da sala e com a fala mais branda:
- Eunice, Aurélio de Sinhá.
Lavando as louças para a avó, ela chegou até ele com largo
sorriso nos lábios. O rapaz a olhou e de tão ansioso pelo que sofreu as
humilhações na casa do tio e os deboches dos amigos que foi dizendo:
- O meu amor é o mais puro entre todas coisas.
O abraço foi inevitável. Andava com vontade de criar asas
para voar. Não media as conseqüências do amor vaidade. Seu Cassimiro não se importava. Dona Mundoca passou a vigiá-los com seus
olhares, a observar e de vez enquanto virava o lado do rosto. Os velhos
confiavam em Aurélio. Afinal, Aurélio iria terminar o pedagógico e poderia enfim,
ser professor. João Alberto falaria com o pai para arranjar o emprego na
prefeitura.
O amor dos dois era assim. Amor que nem o tempo, a distância, o preconceito, o pensamento e nem o ciúme poderia apagar. E quando Aurélio não pensava em Eunice, não pensava
em nada, em mais ninguém.
FIM
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