quarta-feira, 11 de julho de 2012


ÚLTIMO CAPÍTULO

ROMANCE CHÃO DE FOGO, CAPÍTULO 40


Eunice recebeu alta do Centro de Recuperação. Ela vinha com a tia segurando a bolsa, logo após descer no balão do Centro Comercial vindo de Teresina no F. Cardoso. A pele da moça muito mais bonita, com um laço de fita no meio dos cabelos, mais gorda, mais queimada do sol.

E lá da frente da casa de dona Sinhá, Aurélio começou a olhar atrás dos seus olhos. Viu de longe um sorriso da moça. O amor dos dois se iluminava com aquele sorriso. Que valia o envolvimento com as drogas frente ao perdão e o amor. Pelo amor, tudo se justificava. Não parecia mais aquela moça esquelética, nervosa e mau criada. Viera outra figura de pessoa.

O tempo criava asas e arrastava-se aos dois enamorados. E quando Aurélio abriu os olhos, já começavam os rapazes a convidá-lo para o jogo de bola a beira do marataoã.  Eunice apertava a mão do avô Cassimiro. Entrava com um olhar terno, cheio de luz ao retornar ao lar. A moça queria novamente olhar da janela aberta que um dia foi como uma prisão, as alegrias que o mundo reserva a quem está livre das drogas, do vício e das impurezas malditas de más companhias.

Eunice se lembrava de quantas vezes não se esforçava para se livrar do vício do crack e os colegas lhe enchia a cabeça de idéias, alucinações. Estava decidia a não mais sofrer humilhação de todos. Também sabia que era um amor de anjo bom, de pessoa e que poderia mudar, só precisava de uma segunda chance.  Ela ficou de pé refletindo ao passo que guardava no guarda roupas suas coisas. E se olhava no espelho.

Com a maquiagem nas mãos coloria em redor dos olhos. Uma nova vida sem choro, sem castigo. No internato do Centro de Recuperação, Eunice chegara a pensar em se matar pelo amado Aurélio, queria morrer longe dele por causa da vergonha que sentia.  Aurélio também sofreu o orgulho de perto de dona Mundoca em não dar-lhe notícias da amada.

- Nunca me senti tão alegre. Dizia para avô.

Tão cheio de satisfação que Eunice saiu mais cedo no outro dia para reabri a matricula no colégio. Aurélio quando voltou do jogo já não se contentava de alegria. Ele queria ver a namorada, nem que alguns minutos a olhá-la de longe. Tomou um banho demorado. Perfumou-se. Jantou. Depois foi até a casa de seu Cassimiro e perguntou ao homem pela moça. Seu Cassimiro chegou da cozinha na porta da sala e com a fala mais branda:

- Eunice, Aurélio de Sinhá.

Lavando as louças para a avó, ela chegou até ele com largo sorriso nos lábios. O rapaz a olhou e de tão ansioso pelo que sofreu as humilhações na casa do tio e os deboches dos amigos que foi dizendo:

- O meu amor é o mais puro entre todas coisas.

O abraço foi inevitável. Andava com vontade de criar asas para voar. Não media as conseqüências do amor vaidade. Seu Cassimiro não se importava.  Dona Mundoca passou a vigiá-los com seus olhares, a observar e de vez enquanto virava o lado do rosto. Os velhos confiavam em Aurélio. Afinal, Aurélio iria terminar o pedagógico e poderia enfim, ser professor. João Alberto falaria com o pai para arranjar o emprego na prefeitura. 

O amor dos dois era assim. Amor que nem o tempo, a distância, o preconceito, o pensamento e nem o ciúme poderia apagar. E quando Aurélio não pensava em Eunice, não pensava em nada, em mais ninguém.


FIM

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