UM POUCO DO ROMANCE CHÃO DE FOGO
O que me contentava mais nesse
romance CHÃO DE FOGO é o fato de que, por ele só já estava ótimo, imaginei um
enredo, com um ou mais temas e na intertextualidade de outra narração
ficcional, deixou-me seguro de usar a minha razão critica de conhecimento com o
laboratório usado no romance Terra de marataoan, se não perfeitamente como este,
ao menos o melhor que eu pudesse fazê-lo com a experiência da primeira
narrativa ficcional; além disso, sentia, ao escrevê-lo, que a confecção do
romance CHÃO DE FOGO pouco a pouco ia a acostumar o leitor a conceber mais
nítida e distintamente, e que, não o tendo submetido a qualquer fato particular,
mas fatos particulares ficcionais, prometia eu mesmo escrevê-lo tão utilmente
cada capítulo.
Não que,
para tanto, ousasse empreender primeiramente a uma revisão textual e de todas
as deformações e reconstrução, o peso final foi o encerramento do romance
CHÃO DE FOGO, não que o final não se apresentasse, pois isso mesmo seria
contrário à ordem dos capítulos que ele prescreve. Porém, tendo notado que os
seus capítulos deviam ser todos tomados à um fio narrativo de modo a interligar
os fatos ficcionais da narrativa, na qual não encontrava ainda quaisquer que
fossem certos, pensei que seria mister, antes de tudo, procurar ali cada
capítulo com sua particularidade e assim estabelecê-los.
E que, sendo na atualidade o romance, a
narrativa ficcional, a coisa mais importante do mundo literário, e onde a precipitação
e a prevenção eram mais de recear, não devia escrever sua finalização sem antes
de atingir um estágio bem mais maduro do que até essa época, assim o segundo
romance netoferreriano veio do acúmulo de muitas experiências literárias e
leitura de outros romances, para servirem em seguida de matéria aos meus
raciocínios, e exercitando-me sempre no romance que me dispus a escrever, a fim
de me firmar nele cada vez mais.
E enfim, como não basta escrever, antes de ler,
fui reconstruir uma Barras onde se mora o cotidiano de uma gente, escrevê-la,
ou prover-se de materiais e causos populares e adestrar cada capítulo traçado
cuidadosamente; mas cumpre também ter ouvido de outro ou qualquer do povo suas vivências e assim maquiá-lo a uma
realidade ficcional, para não permanecer irresoluto em minhas ações literárias,
enquanto o romance CHÃO DE FOGO me obrigasse a sê-lo, em meus juízos, e de não
deixar de escrever desde cada um dos personagens com suas particularidades, formei para mim
mesmo uma moral provisória para todo o enredo do romance, que consistia apenas
em três ou quatro temas que eu quero vos participar. O futebol, as festas religiosas, as drogas e o amor interligadas á questão cordelista de Coronel Hilário, o mestre cigano Zé de Lauro foram temas muito explorado na decorrer do romance barrense.
O primeiro
romance a obedeceu às leis da livre ficção e aos costumes de minha cidade,
retendo constantemente a religião em que Deus me concedeu a graça de ser
instruído desde a infância, e governando-me, em tudo o mais, segundo as
opiniões mais moderadas dos leitores, que foram comumente
acolhidas na prática pelo escritor. Pois, os
primeiros capítulos começam desde então a não contar sobre o futebol de minha
terra, nada com as minhas próprias opiniões, porque eu as queria submeter todas
ao romance, estava certo de que o melhor a fazer era seguir as dos mais
sensatos leitores.
E, embora haja talvez, entre os críticos, entre os leitores, é certo que há homens tão críticos
como nós, parecer-me que o mais útil seria pautar-me naqueles romances entre
os quais teria de ler; e que, para saber quais eram verdadeiramente as suas
opiniões. Com capítulos on line, tem-se uma ideia do que está acontecendo e o
leitor pode intervir na ação ficcional, eu devia tomar nota mais daquilo que
liam e daquilo que diziam; não só porque, na corrupção de nossos costumes, há
poucas pessoas que queiram dizer tudo o que acreditam, mas também porque muitos
o ignoram, por sua vez.
Pois, sendo o romance CHÃO DE FOGO, uma ação do
pensamento do escritor, pela qual se crê uma coisa, diferente daquela pela qual
se conhece que se crê nela, amiúde uma não se apresenta sem a outra.
E, entre várias opiniões igualmente aceitas, escolhia apenas as mais moderadas:
tanto porque são sempre as mais cômodas para a prática de leitura, e
verossimilmente as melhores, pois todo excesso costuma ser mau, como também a
fim de me desviar menos do verdadeiro caminho da trama original, caso eu
falhasse com o novo romance, do que, tendo escolhido um dos extremos, fosse o
outro o que deveria ter seguido.
E,
particularmente, um ano e meio entre desmanche e reconstrução de capítulos, com
muita coragem na cara, eu colocava aos leitores do blog BARRAS LITERÁRIA,
todas os capítulos pelas quais foram escritos. Não que muitos desaprovasse a
maneira de ler, mas para remediar a inconstância dos capítulos fracos, permiti,
quando o capítulo ia postado, a segurança impedia algum desígnio que seja
apenas indiferente ao outro capítulo. De modo que nenhum dele torná-lo pior do
que o romance Terra de marataoan, pensei que tinha cometido grande falta contra
o leitor, se, pelo fato de ter escrito então alguma coisa em apenas um ano e
meio, me senti na obrigação de retorná-lo com uma boa dose de ficção local,
ainda que o romance não saísse com o primeiro, quando deixei talvez de escrevê-lo
com menos pressas, ou quando eu escrevesse e desconsiderar possíveis erros como
tal.
Romance CHÃO
DE FOGO é minha segunda máxima no gênero literário da ficção. Ele consisti em
ser o mais firme e o mais resoluto possível das ações dos personagens, e em não
seguir menos constantemente do que se fossem muito seguras as opiniões mais
duvidosas, sempre que eu me tivesse decidido a tanto. Não precisei imitar nossos
escritores, não por mudar o estilo de cada um, mas por fracas razões, ainda que
no começo só o acaso, talvez haja determinado a escolha de escrever outro
romance quase ao termino do primeiro: pois, por este meio, se os dois romances não
vão exatamente aonde desejam, ao menos chegarão no fim a alguma parte, onde
verossimilmente estarão melhor do que no meio do inconsciente do leitor.
E, assim
como as ações da vida não suportam às vezes qualquer delonga, é uma verdade
muito certa que, quando não está em nosso poder o discernir das opiniões literárias
mais verdadeiras, devemos seguir as mais prováveis; e mesmo, ainda que não
notemos em umas mais probabilidades do que em outras, devemos, não obstante,
decidir-nos por algumas e considerá-las depois não mais como duvidosas, na
medida em que se escreve, porquanto a razão que a isso nos decidi se
apresenta como tal.
E isto me
permitiu, desde então, libertar-me de todos os arrependimentos e remorsos que
costumam agitar as consciências do primeiro romance Terra de marataoan seja quanto ao enredo, seja na sintaxe gramatical e
vacilantes que CHÃO DE FOGO se deixa levar constantemente a praticar uma ótima
leitura, como boa. Portanto, procurar sempre antes vencer a mim próprio, os meus erros de escrita e de
antes modificar os meus desejos de escritor acostumar-me a crer que nada há que
esteja inteiramente em nosso poder, exceto os nossos pensamentos, de sorte que,
depois de ter feito o melhor possível no tocante ao romance anterior, tudo
em que deixo é o mais novo trabalho, romance CHÃO DE FOGO, que já sai bem e lamentar que não possui a necessidade malgrado dos grandes romances brasileiros, romances consagrados pela crítica e público, mas disputar felicidade entre nossos leitores, a saúde de uma ótima leitura.
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