CAPÍTULO 35
Conceição ofegava de cansaço do trabalho no mercado caminhando pela rua 10 de novembro. A cachorrinha piaba acompanhava tampinha e o menino netinho. Ela gania e parava para lambê-los. Os meninos e a mulher caminhavam para o rumo de casa.
... Mãe, eu não quero ser prefeito, possa ser que seja eleito e alguém possa querer me assassinar... Cantarolava tampinha.
O menino era um só na música de Raul Seixas. Ele também se achou no direito de cantar. E depois de arriar o jacá da cabeça, Conceição se aliviava por umas horas do trabalho duro na terra de marataoan. Na casinha da Rua de 10 de novembro, Conceição confidenciava aos meninos.
- Sabe, a irmã de vocês ligou. Tá é bem na Brasília!
Deu a notícia por carta. Ela deu um riso adocicado. A mulher sentada na cadeira de espaguete suspirava lendo a carta. Depois foi mudar de roupa.
Quando voltou, sacudiu os cabelos soltos, com os grampos na mão. Tampinha contou uma coisa engraçada.
- Mãe, disseram no mercado que Mundico Goma esteve na Brasília!
- E o que é que teve?
- Disseram que a secretaria do deputado perguntou por que ele tomava café amargo.
- E o que é que tem menino!
- Ela disse você é diabélico?
- Diabético, Tampinha é diabético!
- É esse negocio aí!
- Sim!
- Ele falou sou de Barras mesmo!
A mãe levantou os olhos:
- Eu já tinha ouvido dizer... Tolice menino!
Depois eles caíram em gargalhadas.
- Morreu uma mulher para o matadouro!
- De quê?
- Se matou com veneno!
- Meu Deus!
Correram assim meses na terra de marataoan. A venda na barraca de café no mercado público adiantava o passo; Conceição amável com os clientes. Era isto o que principalmente retinha os muitos fregueses aos pés da mulher; ela não abandonava a esperança de vencer na cidade de Barras.
A mulher parecia indiferente às interpretações das dificuldades na terra de marataoan. Não falava muito, mas expressavam-se bem as pessoas. Quando aparecia freguês por lá, ela recebia-os com visível contentamento. Gostava de ver o dia bonito aparecer pelo lado do Fórum e os raios do sol chacoalhar as preguiça do dia.
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