quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Romance Terra de Marataoan


CAPÍTULO 19

O menino sentado na porta de casa olhando o caminho de areia desenhado pelos pneus de bicicletas via ao longe um animal com passos cadenciados e a cada passo mais perto da porta da casa, o animal com uma língua arreada de lado sob os caninos salivava muito.
Passaram-se dias e dias, até a cachorrinha piaba chegar a casa dele depois de uma longa viagem do interior para a cidade. O caminho do Mocambo para Barras na verdade, um tanto difícil pela estrada de piçarra e muito buraco, e talvez ela se cansasse pelas andanças.
Entretanto, como o espírito do menino lamentava a separação dele com o pobre animal, o destino resolveu uni-los. Bem dizia a mãe que o animal devia está noutra casa lá no interior e a estória inventada pela mulher não convencia o menino.
No fim de dois meses de espera baldada pela cachorrinha piaba surpreendeu a todos na casa. Era final de janeiro, últimos dias da festa de são Sebastião para o começo de fevereiro, creio eu. Houve um grande temporal na cidade com o começo das primeiras chuvas depois de um longo período de estiagem.
Tampinha, que estava na porta de casa, saiu precipitadamente e tomou conhecimento do animal que vinha capengando e muito esfomeada. O resultado foi correr para ajudar o animal que passara dias na estrada. Chegava a cachorrinha toda magra e com cortes. Só diferençava dos outros animais pelos olhos penados e a penugem vermelhada. O menino a pegou e a sentiu no colo muito trêmulo e com os olhos pálidos. Contou para mãe.
Conceição conhecia bem o amor do filho pelo animal, nem era uma grande cachorra assim. Ficou piaba tão viva em corpo e alma moralmente que por sua própria idéia foi dali procurar cheirar os pés de dona Conceição e balançar o rabo  inquietada mente.
Dizia ao pai do céu, o menino tampinha que o agradecia pelo retorno do animal querido, mas que daquele dia em diante pertencia a ele totalmente. O menino ficou maravilhado.



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