CAPÍTULO 29
.-“Salve Rainha dos céus, salve a estrela da manhã, salve a padroeira de Barras do marataoan”. Cantavam os fieis durante a procissão do inicio dos festejos quando saiam da igreja de Santa Luzia no bairro Boa Vista para a matriz de nossa senhora da Conceição. Padre Rodolfo obrigado a missão religiosa de Barras. O homem lembrava-se das festas tão esperadas pelos barrenses na cidade tornavam-se o fio de esperança aos da zona rural e um grande acontecimento pessoal que sucedeu a sua pessoa.
Já no interior do município o cenário de alegria estava mudado por causa da física da natureza com a falta de chuvas. Aquilo com certeza a dor e o remorso que a seca trazia à população interiorana. Muitos vendido o pouco que tinha e viam suas rendas acabarem dia após dia. Outros enfrentavam esperando os recursos da emergência do governo federal.
Depois das lágrimas e as consolações, veio o fim da procissão, quando padre Rodolfo terminava o sermão.
- Vamos rogar por nossos irmãos do interior! Vamos cumprir nossa missão nesse fim de ano com muitas dificuldades. Dizia o sacerdote.
Os religiosos estremeceram; mas padre Rodolfo continuava nas duras palavras. À hora anunciada, o padre deixa o púlpito e o discurso religioso encerrava-se com a grande queima dos fogos de artifícios, após o homem desamarrar a ultima corda que sustentava o mastro com a bandeira de nossa senhora da Conceição. Metade do povo saia enaltecido do sermão. A razão simples. O povo ouvia com prazer a linguagem simples, branda, persuasiva, a que serviam lhes de modelo pelo líder religioso. Padre Rodolfo estava na igreja confessando os fieis. Eram nove horas e meia, dentro da igreja de nossa senhora da Conceição. Ele preparava-se para sair. Os coroinhas fechavam o último portão.
- Vim tarde demais? Perguntou à dona da casa.
- A senhora nunca vem cedo.
O padre inclinou-se.
Marlene continuou:
- Podemos conversar, sim disse o sacerdote. Estou indo agora para a casa paroquial.
- Ah, tenho um pouco de sorte no encontro.
- Ah! Sim percebi...
- Naturalmente; eu não lhe mandei dizer nada.
Era a primeira vez que eles conversavam; ela não queria por modo algum arredar da casa do homem tão distinto. As palavras de padre Rodolfo para a mulher não valiam coisa alguma, nem mesmo como desculpa, porque a desculpa era fraquíssima.
Marlene compreendeu logo que havia algum motivo oculto. Será que ele não teria amor no coração? Ela pensou, e doeu-se, porque, apesar de tudo, sonhara uma paixão mais reservada e menos precipitada. Queria, embora não lhe agradasse, ser objeto daquela preferência; e mais que tudo se achava embaraçadíssima diante de um homem da igreja a quem começava a amar em silêncio, e talvez ele não a amasse com amor carnal.
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