sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Romance Terra de Marataoan


CAPÍTULO 22

Dias depois, a menina Esperança foi à casa de uma amiga da escola, Deusinha, e lá passou meia hora em conversa cerimoniosa com ela e dona Concebida. As visitas repetiram-se; eram, porém mais freqüentes da parte de Esperança que da amiga Deusinha. Esperança mostrou-se mais familiar que a própria filha de dona Concebida; só depois de algum tempo Esperança ouviu de Deusinha que sua mãe resolveu descer do Olimpo do silêncio em que habitualmente se encerrara.
Era difícil deixar de fazer o convite, enfim ele saiu. Esperança, conquanto não fosse dado à convivência da situação, era uma jovem menina própria para entreter a senhora que não pareciam mortalmente aborrecidas com a outra filha deficiente.
A voz agradável da menina acalmava aquela família; a sua conversa era animada; sabia ela mil coisas que entretêm geralmente uma pessoa com deficiência quando elas não gostam ou não podem entrar no terreno elevado da brincadeira. Não foi difícil a moça estabelecer intimidade com aquela família.
Posteriormente às primeiras visitas, soube Esperança, por via de Deusinha, que deveria morar ali. Conceição não reprimiu o gesto de espanto quando a filha deu a noticia da mudança de casa.
- Mas “tu falou” que era apenas um fim de semana, disse ela a menina.
- É verdade que não lhe expliquei bem;
- É que eles irão me ajudar com os estudos.
- Tudo se explica, disse Conceição depois de algum silêncio arrumando as coisas na barraca; a menina sorriu à observação da mãe:
- Mas já lhe disse que ela vai ser boa pra mim.
 - Então, compreendo.
- Nem eu serei contra se você quer ir morar lá.
Conceição desde o momento tratou de freqüentar assiduamente a casa que Esperança foi morar; ela queria que o amor de mãe não deixasse de ser multiplicado. Cada visita de Conceição aumentava a paixão de Esperança pelo amor materno.







Nenhum comentário:

Postar um comentário