domingo, 25 de dezembro de 2011

Romance Terra de Marataoan


CAPÍTULO 25

 Esperança conseguiu promessa de ir residir em Brasília. A menina via naquela oportunidade uma melhor condição de vida e ajudar os dois irmãos. O dia chegado da viagem, ela pediu autorização a mãe e dobrou-se como sempre numa reverência.
Dona Maria da Conceição com o menino menor via a filha sair da agencia da Leônidas Melo na Transbrasiliana. O ônibus chegou, demorou pouco e se afastou rapidamente.
Dentro do ônibus, Esperança pensava nas palavras da mãe:
”Vai com Deus, Deus na tua guia e nossa Senhora te proteja!
A menina parecia tão feliz com o sonho de ganhar a vida na cidade grande... Afinal, o verdadeiro destino de todo sonho é poder um dia realizá-lo...
A mãe da menina com lágrimas nos olhos sentia o coração vácuo... o coração alimentaria a saudade na distância, sua alma se prolongaria noutras pequeninas almas... os dois filhos.
Mas ao sair de frente da agência, Tampinha afastou-se.
- Mãe! Mãe! Me dê dois cruzeiros para eu ir para o circo hoje!
À vista do menino, adoçou-se a felicidade de ver o palhaço rodeado de outros meninos pelas ruas da praça da matriz atrás do palhaço.
- Hoje vai ter espetáculo?
- Tem sim, sim nhô! Gritavam em coro.
- Tu não tá vendo esse meio mundo de menino traquina que eles não faz nada na vida! Quer ser igualo a eles!
Passou-lhe bruscamente a mão pela cabeça dele; e pensou nas suas longas noites de vigília vendendo café e comida no mercado. O menino Tampinha, moribundo, arquejava, e ela recordou seus cuidados infinitos, sua dedicação, seu carinho...
E, consolando-o, murmurou:
- Amanhã eu deixo tu ir atrás do palhaço...
Aquilo soou bem aos ouvidos do menino. Reconhecendo a tia quando passou junto dos outros meninos atrás do palhaço, Crispim  estendeu a mão a madrinha, gritando:
- A bênção tia!
A mulher viu o sobrinho e no gesto largo:
- Deus te abençoe!
Crispim ainda gritou para o primo tampinha. Tampinha olhou para ele que num grande impulso tentou correr para junto dele. E Conceição o viu sumir-se no meio dos outros meninos.



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