A POESIA de Galápagos
A identidade poética desse livro de poemas é a poesia de degredo, muitas vezes desterrados sobre o tempo, defronte ao próprio habitat humano, no sentimento de agir no tempo/espaço, manipulando-o como fosse laborioso trabalho poético, transformando
e sendo transformado; a poesia de Galápagos é uma poesia nativa, nascida no leito da
terra dos intelectuais e solidificada nas vivências de nossa gente.
Uma poesia de livre expressão e criação. Não me convence a adoração ao objeto
como forma de criação, mesmo existindo, mas sim a poesia sem correntes regionais a se
expor ou convenções literárias ou atreladas a uma elite acadêmica. Antes a forma que a
norma, no sentido moral. Antes o conteúdo que a forma, no sentido estético.
É uma poesia fragmentária como o mundo e com as estruturas, lógica como o corpo.
Uma poesia humilde que atua no entendimento das verdades absolutas. É uma poesia
humana e universal.
É uma poesia do concreto e da terra, dos edifícios e das matas, dos homens e dos
não-homens. Uma poesia do povo para o povo e que fala do povo. É uma poesia dos
espíritos livres. Sem grilhões, sem cadeados; sem chaves, sem ferrolhos ou dobradiças.
A poesia degredada como forma de liberdade. A poesia na construção da poesia do
novo poema da terra do Marataoan. Primeiro passo na construção universal.
A poesia da vontade, como reveladora das verdades e não- verdades. Não é à
poesia pela poesia. Mas por outra poesia. Além da ação estática da poesia oficial. A
poesia de Galápagos é para os recitais revolucionários. Das origens aos nossos dias
como forma de forjar um novo verbo. Como herança e influências históricas dos poetas
barrenses, no combate pela inserção da poesia da terra dos governadores contemporânea
no movimento estadual e até nacional.
Um simples livro que não pretende ficar parado frente à estática ação oficial e
artificial. Que não se contenta com a posição de desconhecido. Com a posição de
espectador. Somos contra a manifesta poesia das elites regionais e poetas estatais e
financiados pelo ego-egocêntrico capitaneado.
Somos Contra a poesia que forja mecanismos de ação e se limita a não-ação. Somos
contra os poetas sem poesia que publicam livros e dão entrevistas ás custas dos próprios
bolsos. Somos contra a atitude histórica de se criar deuses, criando homens, babaçuais,
rio, carnaúbas, buritis, rapaduras como fossem deuses legítimos de um folclore artificial
de poesia narcisista, poesia edipiana; coxa, pobre e magérrima.
Pela exploração da contradição, pois assim se gera um fruto, que leva à reflexão.
Pela poesia que vai ao encontro de Barras para incorporá-la e não para excluí-la do
cenário piauiense. Uma poesia de ação popular, mas de certo, seus resultados são
elitistas.
Não queremos excluir elementos verdadeiros da cultura.
Mas sim expulsar os
elementos mentirosos e farsantes; os mistificadores. Poesia que pede para nascer:
“deixem lacaios, Galápagos esse livro-feto retardado e lúcido com sua moral despontar
rumo às pessoas do terreno e gemer em protesto”.
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