domingo, 29 de abril de 2012


REFLEXÃO

UMA ACADEMIA DE LETRAS QUE POUCO PRODUZ LETRAS. 

Ser um poeta, ser um crítico é ser nada mais que um simples disciplinador de opinião. Ás vezes, a palavra escrita, o texto literário, o poema gestado e a prosa nascida é um manejo da arte literária dirigida às multidões. Hoje fazer parte de um sodalício é preciso antes de tudo ter o metal papel do verso na angústia indefinível da influência capitalista.

E o misticismo liberal adivinhado não é prometido, nem realizado pela vocação. O protesto aqui é que a cada um deles singulariza, no seu tempo a estagnação cultural. O vate satírico de fazer parte de uma Academia de Letras é além do mais ser o juiz literário da própria arte. É flagelante o jogo de interesse, cuja a síntese das forças sentimentais do povo é a luta do cativeiro político e a miséria cultural.

Quem produz cultura, produz arte e sofre diante das Academias de Letras estagnadas por um pessimismo discreto, curioso e atônito do fim dos homens de letras. É simples entender isso, primeiro as Academias de Letras passam por um período sem renovação e a sinfonia matutina da esperança estará quando as vagas a lhe destinadas forem para  homens livres, homens produtores de cultura e não para os que querem simplesmente  títulos de imortais.

É importante salientar que os homens das letras da contemporaneidade são de um perfil inconfundível sob o manto sagrado da política, do capitalismo, onde suas glórias são os papeis moedas desencantados. É o primeiro critério patinado para fazer parte do berço da nação literária.

Rodeia-me na mente ilustrar que as mesmas e velhas paredes amareladas da ALVAL é deveras cicatrizes que narram as vicissitudes do atual momento. São paredes emboloradas e coroadas de campanários que imobilizam o espaço na atitude esguias das guaridas, sobre as ladeiras úmidas e o mofo cinza que vigiavam os horizontes literários da Academia barrense.

O chão da ALVAL está calçado de ossos, a sensibilidade dos homens das letras é embebida de lendas, são almas cheias de sonhos, e o ar que se respira, debandam-se pela paisagem marataoã que emoldura o casario histórico. As produções literárias são apenas sopro das eras mortas, ressoa das antigas fotos que transporta o eco dos tempos findos de grandes literatos do passado.

A ALVAL é de uma saudade epopeia.  Cintila da cimalha dos escritos que são tradições de barrenses do pretérito. Homens que vozeiam no clamor das letras, os ruídos de um povo bom. Os homens de letras são enormes fantasmas das eras insignes que latejam as reminiscências dos dias grandes das letras barrenses. 
 
Academia barrense fala a memória das opulentas épocas que estremeceram a produção literária e que palpitam as influências literárias de um povo. Barras é a cidade primogênita das letras piauienses. Nosso tugúrio das letras é uma manjedoura que se banha dos precipícios e das arestas de um momento estagnado de produções literárias.

Nossa Literatura barrense que é de tumulto, de paixão não se encontra espessa. É de apenas origens tão recentes espiar os acontecimentos do presente das quinas da praça monsenhor Bozon.  A linha editorial da ALVAL é ébano no contexto vigente. É até mesmo caquética, de togas pretas e verdes de uma aristocracia, meio de lá, meio de cá, toda lustrosa da fortuna adocicada dos donos e árbitros das letras.

O desânimo da inteligência cultural barrense pasma. Quem tenta uma vaga a ALVAL é falhado na carreira, vítima de si mesmo e perseguido pela mania incorrigível, de fazer da inspiração literária de um Deus cáustico ou temerário dos níqueis. São erros. Não. O pelourinho dos ridículos é o látego dos mercadores e um trovador bacharel, mas mendigo pode arruinar o império impenetrável.

E pode um poeta corrigi-la. Parece uma ironia, o emprego do escritor, de fato é uma saga romana. O preço de ser imortal é demasiado e caro.  O silêncio da ALVAL custa menos aos que se calam.  A Academia de Letras barrense é uma viola que se mete no saco. Uma casa literária que é brejeira, uma casa de letras sarcástica, cujas gargalhadas são desatinos do que nada produzem ao improviso do papel-moeda.

Ser um imortal é ser feliz, rico e poderoso.  Sou a imagem do anjo revoltado que recuperou nas letras, a passear pela cidade dos poetas e intelectuais em roupas talares avivadas de preto e violeta, de barrete, farto, inofensivo, redimido, saudado com respeito aos seus barões das letras.

Ás fátuas autoridades, de já muito agradecido, pois hão de me anistiar, pelo meu dizer pensativo de um mero escritor barrense, que diferente dos doutores endemoninhados alvaldianos, é apenas um humilde escritor barrense, ou seja, uma espécie de deus sardônico e ofegante.

Um escritor sim da ralé, do popular e dos que são contra tudo, tudo que é o grande, imponente, despótico, oficial das letras. A justiça das letras não escolhe classe social, os escritos são caprichos ao vento marataoã levantados em rodopios das rajadas, esguias nos bolsos capitalistas, mas que logo se desmancham em ideias, na poeira dos paralelepípedos que carrega assobiando e rindo os lábios trêmulos do escritor barrense.

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