LITERATURA BARRENSE: OLHAR CRÍTICO PELA CRÍTICA.
A Literatura Barrense produzida na terra dos governadores tem duas faces bem distintas da sociedade local, cingira como uma dupla púrpura: de glória e de martírio aos vultos luminosos da nossa história literária de ontem.
Essa literatura local confunde-se com a Literatura Piauiense elevando as cabeças eminentes da Literatura Estadual temos no Neoclassicismo (1808 – 1866) autores como: Leonardo Castelo Branco cuja obra referencial, A Criação Universal, 1856 súmula 108 Composições, 65 em forma de sonetos, recebendo influências de Bocage, composições variadas: Odes, Cantadas, Epigramas, temática da tristeza. 4.247 versos sobre mecânica e astronomia.
No Romantismo piauiense (1866 – 1900) o barrense David Moreira Caldas, jornalista (Artigos em jornais, 1870/73) e a poesia santificando com suas inspirações atrevidas as vítimas das agitações revolucionárias, e a manifestação eloqüente de uma raça heróica que lutava contra a indiferença da época, sob o peso das medidas despóticas de um governo absoluto e bárbaro.
O ostracismo e o cadafalso não os intimidavam, a eles, verdadeiros apóstolos do pensamento e da liberdade; a eles, novos Cristos da regeneração de um povo, cuja missão era a união do desinteresse, do patriotismo e das virtudes humanitárias. Era uma atividade difícil a que eles tinham então em vista. Destacam-se também o sertanejistas José Coriolano (Impressões e Gemidos, 1870) · Hermínio Castelo Branco (Lira Sertaneja, 1881) e o Simbolismo por Celso Pinheiro (Nevroses, 1907) e João Pinheiro.
A sociedade barrense contemporânea é bem mesquinha para bradar - avante! Esses missionários da inteligência e sustentá-los nas suas mais santas aspirações como Reinaldo Barros Torres ( Madrigais, 1997) Dilson Lages Monteiro( Colméia de Concreto, 1997). Antenor Rego Filho ( Histórias e Saudades,2009) Jurandir Vieira ( Retalhos em prosa e versos, 2009) no neófito Joaquim Neto Ferreira ( Na Essência da Alma Poética, ebook 2009).
Parece que o terror de uma época, de uma Barras ainda colonial inocula nas fibras íntimas do povo barrense o desânimo e a indiferença em relação a cultural local. A poesia de então tem um caráter essencialmente barrense.
Reinaldo Barros, um dos mais líricos poetas barrenses, pinta a cena do maratoan , no poema, o rio que corre nas minhas veias, e dar uma cor local às suas liras ao invés de dar créditos puramente estadual.
Aqui em Barras há uma grande vantagem: a literatura não se escraviza-se localmente, em vez de criar um estilo seu, de modo a poder mais tarde influir no equilíbrio literário piauiense. Todos os mais são assim: as aberrações são raras. É evidente que a influência poderosa da literatura piauiense e brasileira sobre a nossa, só pode prejudicar e sacudir por uma revolução intelectual de poetas inteiramente barrenses.
Para contrabalançar, porém, esse fato cujos resultados podiam ser funestos, como uma valiosa exceção apareceu Colméia de Concreto de Dilson Lages. Sem trilhar a senda seguida pelos outros poetas do milenismo, Dílson Lages escreve uma poesia, se não puramente barrense, ao menos nada teresinense. Não é totalmente barrense, porque é um pouco o meio, as vivências, e a poesia dilsiana, é bárbara, os poemas de Colméia de Concreto é uma poesia ufana.
Joaquim Neto Ferreira, entretanto um verdadeiro talento, inspirado pelas ardências vaporosas do céu tropical de Barras do maratoan sob o novo tempo, sob as palhas da carnaúba, nos ventos dos babaçuais, a sua poesia suave, natural, tocante por vezes, elevada, mas elevada sem ser bombástica, agrada e impressiona o espírito ultra-romântico. Escreve poemas de forma tão acanhadas nas proporções, empregando o seu talento em um trabalho de mais larga esfera. Os grandes poemas netianos são tão raros entre nós!
Os versos de Jurandir Vieira são magníficos. As belezas da forma, a concisão e a força da frase, a elevação do estilo, tudo encanta e arrebata. A natureza produz muitos homens barrenses como estes.
Interessados vivamente pela regeneração da pátria barrense, plantando a dinastia poética no trono piauiense, convictos de que o herói da poesia barrense convinha mais que ninguém a um povo altamente literário e assim legam à geração atual as douradas tradições de uma geração fecunda de prodígios, e animada por uma santa inspiração das letras.
Celso Pinheiro, Leonardo das Dores e Hermínio Castelo Branco e outros muitos foram também astros luminosos desse firmamento literário. A poesia é a forma mais conveniente e perfeitamente acomodada às expansões espontâneas de uma Barras de espírito novo, cuja natureza só conhece uma estação, a primavera, desses homens, verdadeiros missionários que honraram a terra natal e provam as riquezas intelectuais ao crítico mais investigador e exigente.
Uma revolução literária faz-se necessária em Barras. A cidade não pode continuar a viver debaixo de uma literatura escrava de Academismos e que aniquila os dons literários do seu povo. Deve vir o fiat literário, a emancipação de uma terra de intelectuais, vacilante sob a ação influente de uma literatura dos seus filhos. Mas como? É mais fácil regenerar um povo, que uma literatura.
Para esta não há gritos; ás modificações que se operam vagarosamente; e não se chega em um só momento a um resultado. Além disso, as erupções revolucionárias agitam as entranhas do município; A sociedade barrense atual não é decerto compassiva, não acolhe o talento como deve fazê-lo. Compreendam-nos! Nós não somos inimigo encarniçado da política.
O que nós queremos o que querem todas as vocações literárias de Barras, todos os talentos da atualidade literária de nossa terra, é que a sociedade não se lance exclusivamente na realização de um progresso material/político de um só movimento cultural, magnífico pretexto de especulação, para certos espíritos que se alentam no fluxo e refluxo das operações políticas.
O predomínio exclusivo dessa realeza parva e política, é fatal, bem fatal às inteligências; o talento cultural pode e tem também direito aos olhares piedosos da sociedade barrense: negar-lhos é matar-lhe todas as aspirações, é nulificar-lhe todos os esforços aplicados na realização das mais generosas, dos princípios mais salutares, e dos germes mais fecundos do progresso de uma terra e da sociedade barrense.
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