sábado, 23 de junho de 2012



CHÃO DE FOGO, CAPÍTULO 22

Enquanto isso, o acampamento dos ciganos estava sendo desfeitos. Zé de Lauro com o pouco efetivo que restou teriam que trabalhar por dois homens. Para eles acabarem com aquela guerra. Tinham pouco tempo e precisavam de mais homens. Não disponha de tanto tempo para recrutar homens.
-Não temos mais pelo que lutar. Disse decepcionado.
O cigano encontrava profunda insatisfação.  Não havia mais a natureza solidária de sua missão.  

- Que armas são estas? Perguntou ele olhando para o homem que se aproximava.
As armas brilhando sob a escassa luz do sol, por entre os arvoredos. Algumas dos soldados que morreram, respondeu.
Deu uns passos para perto do cigano e levantou a mão por cima de sua cabeça para retirar as alças dos rifles. Deteve-se, com o braço levantado, olhando-os.

-Bom, então — disse ele.

Zé de Lauro segurava o fuzil ao longo de seu musculoso braço até sua mão posta na alça de mira. Fuzil dos bons, disse o homem com voz tensa. Ele colocou nos ombros e os fuzis clarearam na dourada luz do sol. O homem consertou um carregador cheio de cartuchos que um dos soldados deixara cair no chão durante o confronto.
- E como você se sente, meu filho? Você gosta muito de sua independência, e jamais permitiu que alguém te diga o que tem que fazer. Falou a cigana Teodora. Com pouco humor.

- Eh... Entendo meus deveres como chefe do bando. Preciso proteger a vida de Rute. Disse ele.

- Preciso contar-lhe uma estória! Disse a cigana Teodora.

- Que estória, mãe Teodora. Sobre seu pai e seus parentes. Disse a mulher. Coronel Hilário é seu pai. Ele não poderia assumi-lo visto que era casado com dona Princesinha. Não queria que a mulher soubesse da verdadeira estória dele com Irene. E como você foi mandado para o maranhão ainda pequeno o homem desconhecido que era o filho abandonado.

O coronel Hilário fez-me prometer guardar esse segredo. Fez com que sempre omitisse a verdade a respeito da sua família. Ele a olhou demoradamente. Zé de Lauro pareceu ligeiramente enternecido. Em seu olhar via-se a decepção e uma formosa e transparente sinceridade.
O ar vibrou e girou entre eles, com o invisível calor do sol barrense, no mês de outubro de 1979. Ele notou que se inclinava para abraçar dona Teodora. Quando um estrondo partiu de dentro do mato. Ambos passaram as mãos nos corpos e perceberam o sangue. Os outros cangaceiros caiam ao chão.
Zé de Lauro caia nos braços da cigana Teodora. Os olhos do homem se fixaram na mãe adotiva e em seguida desfaleceu. O homem morreu abraçado com a mãe adotiva. Um tiro de fuzil atravessou seu corpo. Os outros sem poder reagirem resolveram baixar as armas e entregar-se para a polícia.
O coronel Hilário de pé, atrás dos policiais olhava o corpo do filho morto. Ele sabia que Zé de Lauro era seu filho abandonado anos atrás. Rute quando soube de tudo, dias depois se suicidara no armazém da fazenda enforcada. Ela estava apaixonada pelo do homem que não sabia ser seu irmão.

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