quinta-feira, 14 de junho de 2012


CHÃO DE FOGO, CAPÍTULO 13


Desde que se reformou da polícia militar, senhor Cassimiro, como era conhecido em Barras, passara os dias relembrando o tempo passado. Contava cada estória, quando ia pelo mercado ou estava na porta de casa, que o pessoal da rua 10 de novembro parava só para escutá-lo.

Lembrou de certa vez, na cadeia velha na rua 10 de novembro perto do antigo mercado público. Um senhor das bandas da Formosa não quis comer a quentinha que a delegacia servia a todos os presos. O sujeito havia matado a mulher a facada por ciúmes. Ele engolia a comida a força, com um nó na garganta, a primeira bóia como prisioneiro.

- Se tu Chico Beca quiser comer comida boa, vá para o hotel são José.

Na época soldado, Cassimiro com uma voz seca, áspera e estridente, ao atravessar o corredor da cadeia pública, dizia em voz alta aos presos para comerem tudo. Os outros presos olhavam para o prato, com ar de nojeira dentro da cela fétida de urina e fezes.

Eles devoravam tudo em silêncio dentro do local. Cassimiro naquela época parecia um carrasco na delegacia, dizia Aristeu. Logo, um sujeito alto, magro, com um rosto fino e um bigode grande. É e ganhou muita fama, quando lutou contra os ciganos na década de 70, quando da invasão da Fazenda córrego D’água no Mocambo. Cassimiro tinha uns olhos amarelados, e a alcunha de olhos de mel apelidado por soldado Sousa.

- É verdade, eh tempo que não volta mais. Aristeu, tu se lembra da filha do coronel de terra, o finado Hilário? Qual, aquela que os ciganos seqüestraram?! Sim! Lembro. Uma moça de olhos azuis e uns cabelos louros era bem mais simpática do que o pai, velho miserável daquele. Não quis casar a filha com o mestre cigano Zé de Lauro.

- É o tal de Zé de Lauro. Ele queria era o tenente Jerônimo. Verdade!

Percebia-se também que o velho coronel não tinha mais intimidades domésticas com a esposa, dona Princesinha. Verdade! Depois eu venho para terminar a prosa. Até mais, bom dia senhor Cassimiro. Vou-me puxando agora para casa. Está tarde. Bom dia até mais! 

AGUARDE CAPÍTULO 14

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