CHÃO
DE FOGO, CAPÍTULO 13
Desde que se reformou da polícia militar, senhor Cassimiro,
como era conhecido em Barras, passara os dias relembrando o tempo passado.
Contava cada estória, quando ia pelo mercado ou estava na porta de casa, que o
pessoal da rua 10 de novembro parava só para escutá-lo.
Lembrou de certa vez, na cadeia velha na rua 10 de novembro
perto do antigo mercado público. Um senhor das bandas da Formosa não quis comer
a quentinha que a delegacia servia a todos os presos. O sujeito havia matado a
mulher a facada por ciúmes. Ele engolia a comida a força, com um nó na
garganta, a primeira bóia como prisioneiro.
- Se tu Chico Beca quiser comer comida boa, vá para o hotel
são José.
Na época soldado, Cassimiro com uma voz seca, áspera e
estridente, ao atravessar o corredor da cadeia pública, dizia em voz alta aos
presos para comerem tudo. Os outros presos olhavam para o prato, com ar de
nojeira dentro da cela fétida de urina e fezes.
Eles devoravam tudo em silêncio dentro do local. Cassimiro
naquela época parecia um carrasco na delegacia, dizia Aristeu. Logo, um sujeito
alto, magro, com um rosto fino e um bigode grande. É e ganhou muita fama,
quando lutou contra os ciganos na década de 70, quando da invasão da Fazenda
córrego D’água no Mocambo. Cassimiro tinha uns olhos amarelados, e a alcunha de
olhos de mel apelidado por soldado Sousa.
- É verdade, eh tempo que não volta mais. Aristeu, tu se
lembra da filha do coronel de terra, o finado Hilário? Qual, aquela que os
ciganos seqüestraram?! Sim! Lembro. Uma moça de olhos azuis e uns cabelos louros
era bem mais simpática do que o pai, velho miserável daquele. Não quis casar a
filha com o mestre cigano Zé de Lauro.
- É o tal de Zé de Lauro. Ele queria era o tenente Jerônimo.
Verdade!
Percebia-se também que o velho coronel não tinha mais
intimidades domésticas com a esposa, dona Princesinha. Verdade! Depois eu venho
para terminar a prosa. Até mais, bom
dia senhor Cassimiro. Vou-me puxando agora para casa. Está tarde. Bom dia até
mais!
AGUARDE CAPÍTULO 14
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