terça-feira, 26 de junho de 2012


CHÃO DE FOGO, CAPÍTULO 25


- Bom dia compadre Cassimiro! Bom dia compadre Honório.

- Eita, dia bonito não é? Sim, é. Eita que a educação das Barras ainda nem recebeu o salário. Dizia Honório para Cassimiro.

- É desse jeito sem o prefeito pagar, os festejos vão ser fraco! Outra vez, o sindicato dos professores queixa-se da remuneração.

- Tem mais é que cruzar os braços mesmo no próximo ano.

- Adeus! Sossego do Romeu da Bodega! Sim, sim, mal assumi a prefeitura, já tem esse abacaxi para descascar. Já era, já era. O prefeito que sai, não está nem aí.

- Compadre Cassimiro, sabia que o nosso companheiro de guerra, o tenente Jerônimo da Do Amparo faleceu. Conversa essa, Honório. Ele não tinha voltado a pouco tempo de Teresina, do hospital São Marcos?! Pois é, de novo a próstata do homem arruinou, já estava estourada, nem em Teresina deram mais jeito.

- Ele coitado! Voltou só para morrer em casa. Quem não era o tenente Jerônimo, enfrentou até os ciganos de Zé de Lauro e morrer assim. E por falar nisso, o exame do toque, o senhor já fez? Rum, tu me acha com cara de quem, Honório.

- Ora, ora Cassimiro, com doença não se brinca, homem. Mas, sim há quem diga que tem homem que gosta do exame, diz aí, diz aí. É preconceito, é preconceito, Cassimiro. É mentira, é mentira o que contam por aí.  Uma coisa é certa ou faz o exame, ou não tem mais jeito, quando a doença tomar conta.

- Terá sido o que aconteceu com o tenente Jerônimo da Do Amparo. Foi homem! O homem andava era puto, tinha dia que andava dentro de casa inteiramente nu, só urinando a prestação pelos pés da parede. Eita, que agora tu me deixou com medo, Honório! Me dá um pouco de café dona Teresa.

- Na velhice isso é humilhante! Estamos ficando velho, mas tenho medo de fazer o tal do exame. Medo! O exame é simples, moço! Medo eu tenho é de morrer e não ver o Pequizeiro no outro ano ser bicampeão em cima do Clube Atlético Barrense.

-E vai ver! Por quê? Com esta estória do Atlético Barrense não trazer jogadores de Teresina! Sei não. O prefeito que ganhou, o Romeu da bodega vai apoiar o Pequizeiro no campeonato, disse que tem dinheiro para o time e muito. É e eu boto fé que agora vai.

- Como é mesmo, o nome da tal doença que matou o tenente Jerônimo da Do amparo? Tal de câncer na próstata! Doença feia, não é? Vixe, nossa senhora da Conceição, olha quem vem ali da rua são José caminhando pelo balão da Zuleide. O que foi homem de Deus, até parece que ver um fantasma!

- Está vendo quem vem chegando ali. O Aristeu, esse aí inventa doença e é porque eu sou mais velho do que o desgraçado. Só que sou mais bonito. Ah ah ah. Você não vai me achar bonito, não é Honório? Todo velho é saliente. Aristeu já vive aqui nas Barras há muitos anos, é figura conhecida mais que o Ferrolho.

- Que nada! Até mais que o Zé doido e o Ferrolho. Eu também já vivo aqui nas Barras há muitos anos. Mudando de pau para cassete. Doença feia da dona Sinhá! Tu estás dizendo, nunca vamos saber o que foi direito, com esse povo aí inventado a cada dia uma estória, sem saber contar o que é, acho difícil sabermos. Meu Deus, seu Cassimiro, o povo conta que foi um mal no útero. Ah, este povo das Barras dizem cada coisa.

- O senhor é que é um cético, só acredita no que vê. Tu Honório acredita num, depois tu acredita noutro. Pois é e eu gosto é de ficar na minha. De gente assim fuxiqueira, quero é distância. 

AGUARDE O CAPÍTULO 26

Nenhum comentário:

Postar um comentário