quinta-feira, 28 de junho de 2012


CHÃO DE FOGO, CAPÍTULO 27


Eunice deitada na cama lembrava-se do dia que conheceu Aurélio. O destino só Deus sabe! Será se Aurélio lembra ainda de mim? Perguntava-se a moça. Foi numa tarde do mês de novembro, ela juntamente com as amigas, depois da aula saiam do Gervásio Costa direto para o ponto da beira rio. Elas adoravam apreciar o por do sol na beira rio marataoã. De lá olhavam a ilha dos amores.

- Dizem que lá pelo começo dos anos oitenta na ilha tinha um bar. Tu acredita, Eunice? Eu não, mas também não duvido! Como tudo em Barras com o tempo se acaba! Ei vamos embora pela beira do rio. Quem sabe não vemos os meninos lá da rua no campo jogando bola.

O marataoã naquele meio do mês de novembro de 1995, com a diminuição do curso d’água, uma grande área verde de capim aparecia perto da beira do rio. Os rapazes usavam o local para jogar bola. O campo de futebol da beira do marataoã com o capim verde, o local ideal para as partidas de futebol a tardezinha.

A bola de fogo suspensa nos céus barrense queimava os olhos de Aurélio, com o reflexo das lâminas d’água do rio. O olhar desolador dos moleques inertes lá de cima do morro de piçarra ruborizava com o pouco liquido cristalino deslizando nas correntezas.

O marataoã naquele dezesseis de novembro, depois do feriado da República ainda com águas velhas, ondas nervosas, de coloração escura, onde as alegrias não deixavam a vida passar e parecia tudo inerte naquele lindo por do sol. O ígneo sol descia dos ares para o lado do bairro Pedrinhas.

As últimas réstias iluminavam os tetos estrelados das casas. Raios ágeis e peregrinos na imensidão profunda do puro fogo áureo a encher o espaço dourado dos céus barrenses. O fim de tarde, natureza do tempo viva sob os pilares insólitos dos enredos solares.

Aqui e ali os olhos dos meninos espreitavam os ecos longos que à distância se martirizavam no grito de um lado a outro da margem do rio. Tão vasto quanto o sol esculpindo as estátuas de luz no único clarão dourado que ainda brincava sem angústia, sob o meigo céu que lhes dourava o horizonte.

- O marataoã está a cada dia mais seco. Repetia Aurélio, com a mão em pala ao olhar para o lado da prainha.

O outro rapaz, João Alberto com a bola debaixo do braço sentia o vento seco bater no rosto. O redemoinho em coreografias acrobáticas pelo ar levantava os sacos plásticos e esvaia-se no meio das águas. Ao longe, as casas de palhas do bairro  Prainha balançavam-se aos ventos fortes.

A conversa dos meninos era sobre o lugar, onde enfiar as traves e jogarem futebol. Entravam em debate caloroso e o sol sumindo nos céus barrenses. Os rapazes apressavam-se para bater bola no fim de tarde.

 - Vamos logo? Inquiriu Aurélio, alargando o riso que não cabia nos olhos ao ver de longe Eunice chegando com outras amigas do colégio.

- Mathias joga a bola! emendou Davi. Enfiei as traves! Eu divido os times! É tu para cá e tu para lá.

 - E o Aurélio? Nem me fala, ele é sempre do time sem camisa. Entre Mathias e Cassanha, escolho o Mathias, pois é um bom goleiro. 

AGUARDE CAPÍTULO 28

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