sexta-feira, 1 de junho de 2012


ROMANCE CHÃO DE FOGO



COPYRIGHT © 2013 BY. Ferreira de Sousa Neto, Joaquim. Teresina – Piauí. Ficção Piauiense – ROMANCE CHÃO DE FOGO

Todos os direitos reservados de acordo com a lei n. 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.  Autorizado somente a reprodução parcial desde que citado o autor.

Digitação: Leidinalva Sousa Costa Ferreira

Revisão Gramatical: Janice Welma Batista

Edição: Cleyrane Borges Ferreira

Este romance é uma obra de ficção baseada na livre criação literária. Os personagens, os diálogos, lugares e enredo da ficção foram criados a partir da imaginação do autor e não são baseados em fatos reais. O pano de fundo da estória é a cidade de Barras da década de 90. Qualquer semelhança com nomes, acontecimentos ou pessoas, vivas ou mortas, é tão somente uma mera coincidência.


CHÃO DE FOGO, CAPÍTULO 01

Naquele domingo á tarde, no meio daquele mundo de gente no Estádio Juca Fortes, seu Cassimiro, com a vista meio opaca e acinzentada comentava o polêmico lance, em que um jogador do Pequizeiro driblou o zagueiro do Atlético Barrense, foi derrubado dentro da grande área e o juiz não marcou o pênalti.

 - É um ladrão! E esse bandeirinha não serve para nada. Esbravejava o homem.

Quando terminou o primeiro tempo do jogo decisivo do campeonato barrense da primeira divisão, os torcedores eram um só nos comentários, a respeito do pênalti não marcado pelo juiz.

- Coitado do velho Zé, investe tanto pra fazer futebol! Pois é vem um juiz faz uma coisa dessas! Dizia seu Cassimiro.

Naquela tarde de novembro de 1995, o Juca Fortes escutava os gritos dos torcedores que xingava ou reclamavam alguma coisa do jogo. O juiz no pé do alambrado, com o fim do primeiro tempo, de cabeça baixa ficava chupando din din na mais absoluta indiferença aos torcedores.

- Era bom demais! Se o técnico do Pequizeiro tirasse o time do campo. Dizia uns.

No coração dos torcedores, naquela tarde cabiam todas as ofensas possíveis. O locutor na cabine da Rádio Clube gritava no microfone que o segundo tempo iria começar. O placar no alto do estádio marcava zero a zero acirrado. Ouvia-se o murmúrio do seu Cassimiro a falar, e via-se a torcida toda de pé e o homem de cabeça baixa, não via quando o atacante Gilmar entrou na área e marcou o primeiro gol para o Pequizeiro ao primeiro minuto do segundo tempo.

- Goool!!! Gil, Gilmar para o Pequizeiro Esporte Clube. Gritava o radialista.

A bola corria tola de um lado a outro do imenso campo. O torcedor no pecado de torcer por seu time vivia a mesquinhez que habita o espírito de fanáticos. O Juca Fortes cheio de corpos viciados pelo futebol. E muitos em adoráveis remorsos. Naquela tarde os torcedores do Pequizeiro eram mendigos exibindo o amor pelo time. Sempre fiéis aos jogos de domingo no Estádio, eles pareciam em contrição nos lábios sem mordaça incentivando a equipe frente ao Clube Atlético Barrense.

Tarde alegre com a final do campeonato barrense de 1995. Na face de seu Honório a desilusão e o pranto cheio de nódoas sem disfarce, quando o Pequizeiro marcou o primeiro gol. Sem medo algum, Cassimiro espremia-se por entre a multidão de pé nas arquibancadas. E, ao respirar, os pulmões do homem buscavam o estupro do ar por entre aqueles corpos, contorcendo-se. O braço fino de dedos míseros tremulava a bandeirola do time querido. O olhar esquivo à máxima emoção, quando o grito de gol ecoou pelos quatros canto do Estádio.

Toda a torcida no Estádio ensandecia-se. Uns diziam subindo no alambrado que chegara a vez do time da periferia vencer a elite na decisão do campeonato. Seu Cassimiro sentia medo de perder aquela decisão. O Atlético Barrense veio bem em todo o campeonato.  Na semifinal havia eliminado o Barrense por 3 a 0. O time contava com grande elenco de jogadores de Teresina. O Pequizeiro tinha eliminado o Marathaoan nos pênaltis.

Cassimiro sabia que o amigo Honório iria zuar muito dele no Centro Comercial. O Juca Fortes ia ficando vazio a cada minuto do final. Nos quarenta e três minutos do segundo tempo, cada torcedor do Atlético Barrense saia com suas bandeirolas e cabeças baixas pelo portão do Estádio, e tudo aquilo era como se um peso saísse das costas de seu Cassimiro, quando o juiz apontou para o meio do campo. Chegou enfim, a maior alegria de todas. O fim da partida. O Pequizeiro Esporte Clube sagrava-se campeão barrense de 1995.

- Somos campeões nesse chão de fogo. Dizia o homem.

- Oh! Que desgraça, meu Atlético Barrense não vencer! Lamentava-se Honório.

O grito de vitória do homem vinha como um consolo. Há muito tempo um time da periferia não ganhava uma final. O último campeão barrense tinha sido o DER do bairro Matadouro, ainda quando jogava no campo de areia do carnaubal para o lado da Vila Esperança.

AGUARDE CAPÍTULO 02

Nenhum comentário:

Postar um comentário