ROMANCE CHÃO DE FOGO
COPYRIGHT © 2013 BY. Ferreira de Sousa Neto, Joaquim. Teresina –
Piauí. Ficção Piauiense – ROMANCE CHÃO
DE FOGO
Todos os direitos reservados de
acordo com a lei n. 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Autorizado somente a reprodução parcial desde
que citado o autor.
Digitação: Leidinalva Sousa Costa Ferreira
Revisão Gramatical: Janice Welma Batista
Edição: Cleyrane Borges Ferreira
Este romance é uma
obra de ficção baseada na livre criação literária. Os personagens, os diálogos,
lugares e enredo da ficção foram criados a partir da imaginação do autor e não
são baseados em fatos reais. O pano de fundo da estória é a cidade de Barras da
década de 90. Qualquer semelhança com nomes, acontecimentos ou pessoas, vivas ou
mortas, é tão somente uma mera coincidência.
CHÃO DE FOGO, CAPÍTULO 01
Naquele domingo á tarde, no meio daquele mundo de gente no
Estádio Juca Fortes, seu Cassimiro, com a vista meio opaca e acinzentada
comentava o polêmico lance, em que um jogador do Pequizeiro driblou o zagueiro
do Atlético Barrense, foi derrubado dentro da grande área e o juiz não marcou o
pênalti.
- É um ladrão! E esse
bandeirinha não serve para nada. Esbravejava o homem.
Quando terminou o primeiro tempo do jogo decisivo do
campeonato barrense da primeira divisão, os torcedores eram um só nos
comentários, a respeito do pênalti não marcado pelo juiz.
- Coitado do velho Zé, investe tanto pra fazer futebol! Pois
é vem um juiz faz uma coisa dessas! Dizia seu Cassimiro.
Naquela tarde de novembro de 1995, o Juca Fortes escutava os
gritos dos torcedores que xingava ou reclamavam alguma coisa do jogo. O juiz no
pé do alambrado, com o fim do primeiro tempo, de cabeça baixa ficava chupando
din din na mais absoluta indiferença aos torcedores.
- Era bom demais! Se o técnico do Pequizeiro tirasse o time
do campo. Dizia uns.
No coração dos torcedores, naquela tarde cabiam todas as
ofensas possíveis. O locutor na cabine da Rádio Clube gritava no microfone que
o segundo tempo iria começar. O placar no alto do estádio marcava zero a zero
acirrado. Ouvia-se o murmúrio do seu Cassimiro a falar, e via-se a torcida toda
de pé e o homem de cabeça baixa, não via quando o atacante Gilmar entrou na
área e marcou o primeiro gol para o Pequizeiro ao primeiro minuto do segundo
tempo.
- Goool!!! Gil, Gilmar para o Pequizeiro Esporte Clube. Gritava
o radialista.
A bola corria tola de
um lado a outro do imenso campo. O torcedor no pecado de torcer por seu time
vivia a mesquinhez que habita o espírito de fanáticos. O Juca Fortes cheio de
corpos viciados pelo futebol. E muitos em adoráveis remorsos. Naquela tarde os
torcedores do Pequizeiro eram mendigos exibindo o amor pelo time. Sempre fiéis
aos jogos de domingo no Estádio, eles pareciam em contrição nos lábios sem
mordaça incentivando a equipe frente ao Clube Atlético Barrense.
Tarde alegre com a
final do campeonato barrense de 1995. Na face de seu Honório a desilusão e o
pranto cheio de nódoas sem disfarce, quando o Pequizeiro marcou o
primeiro gol. Sem
medo algum, Cassimiro espremia-se por entre a multidão de pé nas arquibancadas.
E, ao respirar, os pulmões do homem buscavam o estupro do ar por entre aqueles
corpos, contorcendo-se. O braço fino de dedos míseros tremulava a bandeirola do
time querido. O olhar esquivo à máxima emoção, quando o grito de gol ecoou
pelos quatros canto do Estádio.
Toda a torcida no Estádio ensandecia-se. Uns diziam subindo
no alambrado que chegara a vez do time da periferia vencer a elite na decisão
do campeonato. Seu Cassimiro sentia medo de perder aquela decisão. O Atlético
Barrense veio bem em todo o campeonato. Na
semifinal havia eliminado o Barrense por 3 a 0. O time contava com grande
elenco de jogadores de Teresina. O Pequizeiro tinha eliminado o Marathaoan nos
pênaltis.
Cassimiro sabia que o amigo Honório iria zuar muito dele no
Centro Comercial. O Juca Fortes ia ficando vazio a cada minuto do final. Nos
quarenta e três minutos do segundo tempo, cada torcedor do Atlético Barrense saia
com suas bandeirolas e cabeças baixas pelo portão do Estádio, e tudo aquilo era
como se um peso saísse das costas de seu Cassimiro, quando o juiz apontou para
o meio do campo. Chegou enfim, a maior alegria de todas. O fim da partida. O
Pequizeiro Esporte Clube sagrava-se campeão barrense de 1995.
- Somos campeões nesse chão de fogo. Dizia o homem.
- Oh! Que desgraça, meu Atlético Barrense não vencer!
Lamentava-se Honório.
O grito de vitória do homem vinha como um consolo. Há muito
tempo um time da periferia não ganhava uma final. O último campeão barrense
tinha sido o DER do bairro Matadouro, ainda quando jogava no campo de areia do
carnaubal para o lado da Vila Esperança.
AGUARDE CAPÍTULO 02
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