CHÃO DE
FOGO, CAPÍTULO 28
Eunice reservava
uma silenciosa distância ao assistir o jogo. Ela sentada debaixo do pé de
tamarino abanava-se com a capa do caderno. Eunice, atrás da trave do goleiro
Mathias, só ouvia os rapazes gritarem no jogo. A moça percorria os olhos em
Aurélio que corria em cada canto do campo atrás da bola.
O campo
ficava perto do morro de piçarra do fim da rua 10 de novembro, onde o aclive se
agigantava ao subir o morro e descer para a beira do rio nas pequenas curvas
sinuosas para o poço das lavadeiras. Lá
de cima avistava-se a beira do rio e o alto da igreja da Boa Vista.
Depois do jogo,
o banho no rio. Os rapazes divertiam-se com as águas pés das margens do rio.
Davi com pedras nas mãos atirava nas raçanãs e socós que sorrateiramente
pisavam sob a vegetação.
- Aurélio que
ver quantos filhos tu vai ter com Eunice? Eita, dois. Assim não vale, tu nem
sabe jogar direito a pedra sobre as águas.
O sol deitando-se no poente, as raçanãs voando baixo
na vazante para o lado da Prainha, e o vento soprando mais forte. A partida de
futebol encerrada. Depois da visão de Eunice indo embora,
Aurélio voltou para casa mais apaixonado. Olha, Aurélio, aquela neta do senhor
Cassimiro parece uma deusa, a mais gata da nossa rua.
João Alberto, o melhor amigo de Aurélio abriu um
sorriso, mas a avó dela é zangada que só. Ele jogou água para cima fazendo
pingos de chuva e nadaram mais e mais nas águas mansas do marataoã.
- Como vai ser linda a abertura dos festejos! Hei, Aurélio vamos
atravessar o marataoã! Dizia João Alberto.
- O que te preocupa Aurélio? Hoje
tu fizeste até gol. Gooooollll de Aurélio!!!!
- Aquela cigana que leu minha mão!
Ela dizia que eu teria felicidade, mas uma tristeza das grandes. Ainda lembro
quando ela aproximou-se de mim no centro Comercial. Lembro que foi assim:
estava sentado na banca de Teresa, quando seu Cassimiro mandou-me pegar um
quilo de carne. A mulher vinha pela fila da carne abordando um e outro.
- Vixe, Maria!
O que foi seu Cassimiro? Olha lá, seu Aurélio! Lá vem uma cigana, já vem
enrolar a gente. Aqui nessas Barras tá cheio deles, lá pras bandas do Galdinal!
E eu não gosto de cigano, eita bicho velho enrolão.
-Oh!
Ganjão me dá a tua mão para eu ler tua
sorte! Eu não tenho dinheiro. Nem que seja um trocado para o café! Tu vais
passar por um tempo ruim na vida. E digo mais tem alegria, tem! Mais uma
tristeza que vai da dó.
Aquela manhã o centro Comercial estava
enxameado de gente.
- Rum! Vai me dizer que tu acreditas
nessas coisas. Sei lá! Pode ser que sim, pode ser que não.
AGUARDE CAPÍTULO 29
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