sexta-feira, 29 de junho de 2012


CHÃO DE FOGO, CAPÍTULO 28


Eunice reservava uma silenciosa distância ao assistir o jogo. Ela sentada debaixo do pé de tamarino abanava-se com a capa do caderno. Eunice, atrás da trave do goleiro Mathias, só ouvia os rapazes gritarem no jogo. A moça percorria os olhos em Aurélio que corria em cada canto do campo atrás da bola.

O campo ficava perto do morro de piçarra do fim da rua 10 de novembro, onde o aclive se agigantava ao subir o morro e descer para a beira do rio nas pequenas curvas sinuosas para o poço das lavadeiras.  Lá de cima avistava-se a beira do rio e o alto da igreja da Boa Vista.

Depois do jogo, o banho no rio. Os rapazes divertiam-se com as águas pés das margens do rio. Davi com pedras nas mãos atirava nas raçanãs e socós que sorrateiramente pisavam sob a vegetação.

- Aurélio que ver quantos filhos tu vai ter com Eunice? Eita, dois. Assim não vale, tu nem sabe jogar direito a pedra sobre as águas.

O sol deitando-se no poente, as raçanãs voando baixo na vazante para o lado da Prainha, e o vento soprando mais forte. A partida de futebol encerrada.  Depois da visão de Eunice indo embora, Aurélio voltou para casa mais apaixonado. Olha, Aurélio, aquela neta do senhor Cassimiro parece uma deusa, a mais gata da nossa rua.

João Alberto, o melhor amigo de Aurélio abriu um sorriso, mas a avó dela é zangada que só. Ele jogou água para cima fazendo pingos de chuva e nadaram mais e mais nas águas mansas do marataoã.

- Como vai ser linda a abertura dos festejos! Hei, Aurélio vamos atravessar o marataoã! Dizia João Alberto.

- O que te preocupa Aurélio? Hoje tu fizeste até gol. Gooooollll de Aurélio!!!!

- Aquela cigana que leu minha mão! Ela dizia que eu teria felicidade, mas uma tristeza das grandes. Ainda lembro quando ela aproximou-se de mim no centro Comercial. Lembro que foi assim: estava sentado na banca de Teresa, quando seu Cassimiro mandou-me pegar um quilo de carne. A mulher vinha pela fila da carne abordando um e outro.

- Vixe, Maria! O que foi seu Cassimiro? Olha lá, seu Aurélio! Lá vem uma cigana, já vem enrolar a gente. Aqui nessas Barras tá cheio deles, lá pras bandas do Galdinal! E eu não gosto de cigano, eita bicho velho enrolão.
-Oh! Ganjão me dá a tua mão para eu ler tua sorte! Eu não tenho dinheiro. Nem que seja um trocado para o café! Tu vais passar por um tempo ruim na vida. E digo mais tem alegria, tem! Mais uma tristeza que vai da dó.

Aquela manhã o centro Comercial estava enxameado de gente.

- Rum! Vai me dizer que tu acreditas nessas coisas. Sei lá! Pode ser que sim, pode ser que não.

AGUARDE CAPÍTULO 29

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