CHÃO DE FOGO, CAPÍTULO 29
O rio marataoã de águas lentas que escorria
vagarosamente. Marataoã de águas tão inertes, partes íntimas de um rio
sombreado pelas gigantescas árvores das margens, que deixavam suas galhas para pulos
na água, se perdendo nos banhos dos meninos.
- É perigoso, Aurélio. Gritava Mathias. Na
brincadeira das águas, eles passavam além dos limites.
- Aurélio, o que eles estão fazendo
com as árvores? Silêncio! João Alberto. Eles estão derrubando as árvores da
beira do rio. Não devemos ameaçá-los? Não, isso é coisa para os adultos!
- Para os adultos ou para prefeitura?
Prefeitura! E porque eles nada fazem? É por que o dono daquelas terras ignotas,
primeiramente encontrou no plantio de melancia, a maneira de exterminar com nossas
matas ciliares.
Os rapazes atravessaram o rio, e do
outro lado podia ver a volta que o rio fazia vindo do lado do flutuante. O
verde refletido nas águas do rio parecia uma verdade que aos poucos passava
oculta aos olhos dos homens e seus machados poderosos no desmatamento das
margens.
- Vamos voltar? Já é tarde, vamos deixar
para depois.
A escuridão da noite já cegava os olhos. Os
rapazes nus vestiam seus calções, e tudo aquilo era bonito e tranqüilo.
- Ah! Aurélio vai para praça da matriz hoje?
- O quê, para praça da matriz? Será que
Eunice vai está por lá?
- Sim na praça da matriz, com a avó sempre
de lado.
- Eita, que tua mãe ainda está mal
no hospital, não é? Sim! Mas, te digo que ela vai ficar boa. O quê ela tem
mesmo? Eu não sei, é um problema no útero.
Mathias
espantava os porcos que se esparramavam na lama da beira do rio. Aurélio tratou de apressar o
banho, e percorreu os contornos do morro chegando aos paralelepípedos da rua 10
de novembro. O rapaz esquadrinhava cada pedaço do céu com nuvens cinzentas. Mathias
curioso para passear mais tarde na praça da matriz e participar dos festejos,
apressava-se vestindo o calção.
Quando Eunice preparava-se para ir embora
sentiu uma pulsada forte no fundo do coração. É que aparecia Aurélio. O rapaz
vinha subindo a ladeira da rua 10 de novembro para o lado da academia de Letras.
Ele subindo a praça monsenhor Bozon, com outros rapazes, depois de jogarem
futebol no campinho da beira do rio.
Aurélio viu Eunice, o coração do rapaz bateu mais forte também. Os
olhos de ambos brilharam assim que um passou pelo outro. O relógio marcava seis
e vinte da tarde, Aurélio e os outros
amigos caminhavam pela praça monsenhor Bozon.
De longe sentada no banco da praça debaixo
da sombra do pé de amêndoas na praça, Eunice sentada juntamente com as amigas olhava
os meninos passando. Ela ficou assustada quando um menino deu psiu
e disse que foi Aurélio.
- Eita, minha irmã foi ele! Coitado, Eunice fala
com o bichinho.
- Não! Tu sabes que foi o Marcos que deu psiu,
aquele vara pau, magrelo do diabo. Eunice dizia. Vamos embora, vovô Cassimiro
deve está num pé ou noutro atrás de mim.
AGUARDE CAPÍTULO 30
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