quarta-feira, 13 de junho de 2012


 CHÃO DE FOGO, CAPÍTULO 12


- Bom dia, senhor Cassimiro! Bom dia Aristeu! E a mulherzinha, não escapou mesmo? Não! Também com o Leônidas Melo quebrado, que não tem nem gaze! O problema da saúde está é na UTI, isso diga. Ainda dizem que não tem verbas.

– Tem! E é muito dinheiro. Rapaz, nem aquela fossa séptica da rua Gervásio Pires, eles nunca arrumaram, imagine remédio. Eu acredito que com a vitória do Romeu da Bodega, a coisa aqui nas Barras vai melhorar! Deus ajude compadre.

É mais tem uma coisa, o segredo do político, quando vence as eleições é arrumar a família primeiramente, aqui em Barras também é assim, dizia Aristeu com ar de insatisfação e revolta com os políticos. Sabia Cassimiro que o mandato do Firmino Carneiro foi um desastre! Alfinetava o homem. Um desastre escandaloso, digo. Por que diz isso homem?

Senhor Cassimiro, ele é dos homens metido a rico aqui nas Barras, tu bem sabes que rico não gosta de pobre. Num Sabe? Sei! Aristeu conta-me uma coisa.  Todos lá do Santinho votaram nele? Inclusive o pessoal da Palestina e da Boa Vista que são curral eleitoral dele. O Firmino Carneiro, oh miserável!

Vi o Firmino Carneiro um dia lá do mercado público. Sim, mas só eu sei que o peste miserável não paga uma dose de fubuia para os estivadores do mercado, foi o que disseram um pessoal lá na banca da Teresa.

Com o palavreado dele cheio de hipóteses e promessas absurdas, sem contar que ele é de uma liseira infeliz, o peste não vencia as eleições só na lábia. Oh! homem que reclama dos bolsos, cruz credo seu Cassimiro. Verdade Aristeu, o povo daqui dessa vez não foi para o lado do dinheiro, o Romeu da Bodega tem idéia, discursa ruim, mas a grana do Firmino Carneiro não valeu nada.

- Era o que acontecia há muito tempo nas eleições. O quê? O povo se vendia até por pedal de bicicleta e favores pessoais, ou até mesmo uma boquinha na prefeitura e vivia quatro anos é na merda, isso diga. Era um bando de analfabetos.

- Nós só votamos e é só isso Aristeu, não precisa ser radical assim. Senhor Cassimiro, enquanto isso, nós morremos de agonia na porta do hospital Leônidas Melo, como aconteceu com a pobre da Sinhá que deixa quatro filhos a mendigar o pão. Sabe como é que estão às estradas da zona rural?

- Elas estão é uma vergonha, homem de Deus. Ah! Tu nem sabe da última. Olha a estrada do Mundo Novo para o Coito de Porco, é mato para todo lado. Coitado das crianças que nem vão para a escola! Assim não, não! E a oposição? O que diz disso!

- Oposição? Que oposição? Aqui em Barras, o prefeito comprou foi todo mundo antes da política, homem. Mas os vereadores deram foi à volta nele. Coisa boa! Só o vereador Quirino dos Currais que é besta e ainda continua com ele. Aristeu deixa de ignorância! O povo está sabido Aristeu, mas homem e os vereadores o que fazem agora?

- Aquele bando quer saber é do dinheiro do arrego no fim do mês! Esses sim sabem agarrar o destino com as mãos, sabe a estória do cavalo selado, da oportunidade, é isso. É uma questão de sobrevivência na política, Aristeu. De ladroagem isso sim! Tu não sabes que o povo é cego. Pois é, agora que somos aposentados, é só jogando conversa fora. Exatamente, compadre.

- E o Aurélio?

- Aurélio, esse tem o sonho de ir para Teresina. Ele quer servir no Exército Brasileiro. Quer ser um combatente. Depois que contei a estória da polícia contra os ciganos, ele ficou empolgado. O senhor sempre gostou do militarismo, hein Cassimiro? É fui um combatente, dos bons, servi até no Pelotão das Operações Especiais, dos homens do camuflado, viu. Pena que o Exército, assim como a Polícia Militar abandona seus guerreiros quando ficam inválidos.

AGUARDE O CAPÍTULO 13

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