CHÃO
DE FOGO, CAPÍTULO 12
- Bom dia, senhor Cassimiro! Bom dia
Aristeu! E a mulherzinha, não escapou mesmo? Não! Também com o Leônidas Melo
quebrado, que não tem nem gaze! O problema da saúde está é na UTI, isso diga.
Ainda dizem que não tem verbas.
– Tem! E é muito dinheiro. Rapaz,
nem aquela fossa séptica da rua Gervásio Pires, eles nunca arrumaram, imagine
remédio. Eu acredito que com a vitória do Romeu da Bodega, a coisa aqui nas
Barras vai melhorar! Deus ajude compadre.
É mais tem uma coisa, o segredo do
político, quando vence as eleições é arrumar a família primeiramente, aqui em
Barras também é assim, dizia Aristeu com ar de insatisfação e revolta com os
políticos. Sabia Cassimiro que o mandato do Firmino Carneiro foi um desastre!
Alfinetava o homem. Um desastre escandaloso, digo. Por que diz isso homem?
Senhor Cassimiro, ele é dos homens
metido a rico aqui nas Barras, tu bem sabes que rico não gosta de pobre. Num
Sabe? Sei! Aristeu conta-me uma coisa.
Todos lá do Santinho votaram nele? Inclusive o pessoal da Palestina e da
Boa Vista que são curral eleitoral dele. O Firmino Carneiro, oh miserável!
Vi o Firmino Carneiro um dia lá do
mercado público. Sim, mas só eu sei que o peste miserável não paga uma dose de
fubuia para os estivadores do mercado, foi o que disseram um pessoal lá na
banca da Teresa.
Com o palavreado dele cheio de
hipóteses e promessas absurdas, sem contar que ele é de uma liseira infeliz, o
peste não vencia as eleições só na lábia. Oh! homem que reclama dos bolsos,
cruz credo seu Cassimiro. Verdade Aristeu, o povo daqui dessa vez não foi
para o lado do dinheiro, o Romeu da Bodega tem idéia, discursa ruim, mas a
grana do Firmino Carneiro não valeu nada.
- Era o
que acontecia há muito tempo nas eleições. O quê? O povo se vendia até por
pedal de bicicleta e favores pessoais, ou até mesmo uma boquinha na prefeitura
e vivia quatro anos é na merda, isso diga. Era um bando de analfabetos.
- Nós só
votamos e é só isso Aristeu, não precisa ser radical assim. Senhor Cassimiro,
enquanto isso, nós morremos de agonia na porta do hospital Leônidas Melo, como
aconteceu com a pobre da Sinhá que deixa quatro filhos a mendigar o pão. Sabe
como é que estão às estradas da zona rural?
- Elas
estão é uma vergonha, homem de Deus. Ah! Tu nem sabe da última. Olha a estrada
do Mundo Novo para o Coito de Porco, é mato para todo lado. Coitado das
crianças que nem vão para a escola! Assim não, não! E a oposição? O que diz
disso!
- Oposição?
Que oposição? Aqui em Barras, o prefeito comprou foi todo mundo antes da
política, homem. Mas os vereadores deram foi à volta nele. Coisa boa! Só o
vereador Quirino dos Currais que é besta e ainda continua com ele. Aristeu
deixa de ignorância! O povo está sabido Aristeu, mas homem e os vereadores o
que fazem agora?
- Aquele
bando quer saber é do dinheiro do arrego no fim do mês! Esses sim sabem agarrar
o destino com as mãos, sabe a estória do cavalo selado, da oportunidade, é
isso. É uma questão de sobrevivência na política, Aristeu. De ladroagem isso
sim! Tu não sabes que o povo é cego. Pois é, agora que somos aposentados, é só
jogando conversa fora. Exatamente, compadre.
- E o Aurélio?
- Aurélio, esse tem o sonho de ir para Teresina. Ele quer servir
no Exército Brasileiro. Quer ser um combatente. Depois que contei a estória da
polícia contra os ciganos, ele ficou empolgado. O senhor sempre gostou do
militarismo, hein Cassimiro? É fui um combatente, dos bons, servi até no Pelotão
das Operações Especiais, dos homens do camuflado, viu. Pena que o Exército,
assim como a Polícia Militar abandona seus guerreiros quando ficam inválidos.
AGUARDE O CAPÍTULO 13
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